Flamengo e Fluminense protagonizaram a final do Campeonato Carioca. Mas, o que se viu em campo na grande decisão foi um amplo domínio rubro-negro, principalmente no primeiro tempo, quando o time teve incríveis 74% de posse e não deixou o tricolor finalizar nenhuma vez. O resultado final foi um 3 a 1 para o Mais Querido e a justa conquista do Estadual.
Com todos os jogadores de linha à disposição – menos Thiago Maia -, o time entrou em campo em uma espécie de 4-1-3-2. A grande diferença para os outros jogos foi justamente a primeira linha, com Isla realmente de lateral-direito, não um ala/ponta. Assim, Filipe Luís, que fez muitas vezes um terceiro zagueiro na saída de bola, teve mais liberdade para atacar do que o normal, algo que ressaltamos que poderia ser um diferencial, e o resultado foi bem positivo.
Gerson atuou avançado mais uma vez, na mesma linha que Everton Ribeiro e Arrascaeta, mas centralizado. Porém, dessa vez ele recuou algumas vezes, atuando como um segundo volante. Já Bruno Henrique e Gabigol jogaram mais próximos, com velocidade, se movimentando bastante e até alternando posições.
O rubro-negro, então, controlou a partida. A primeira boa oportunidade foi aos 15, em uma bela jogada trabalhada. Everton Ribeiro recebeu na meia-direita, avançou por dentro, passou para Gabigol, que escorou de primeira para Gerson – na mesma linha de Everton Ribeiro e Arrascaeta no momento. O “Coringa” dominou e, rapidamente, abriu para o uruguaio, que tentou o cruzamento de esquerda para a infiltração de Gabigol, mas acabou não pegando bem na bola.
Aos 19, uma ótima jogada individual de Bruno Henrique, que avançou pela ponta-esquerda como nos melhores momentos de 2019 e serviu Gabigol, que chutou para fora. Seis minutos depois, foi o camisa 9 que correu pelo corredor esquerdo, após receber um lançamento, e deu a enfiada de bola rasteira para Bruno Henrique, que chegaria livre, na cara do goleiro, mas foi derrubado por Danilo Barcelos antes.
Aos 20, uma outra boa jogada coletiva, com Gabigol passando para Gerson, que abriu no Everton Ribeiro. O camisa 7 viu a infiltração do 9 e passou de primeira. O atacante iria receber dentro da área, na cara do goleiro, entretanto, Nino fez muito bem a cobertura e cortou. O Flamengo começou a ter um pouco mais de dificuldade de penetrar, só que continuava com a bola, rondando a área adversária. Aos 36, Diego deu no Gabigol, que achou de letra o Arrascaeta. O uruguaio deixou a bola escapulir e tocou para o Isla, quase na pequena área pelo lado, que tentou o cruzamento rasteiro, ao invés de chutar, e errou.
A movimentação do Gabigol era constante. Então, aos 41, recebeu a bola mais recuado, dessa vez pelo lado direito. O atacante viu Arrascaeta infiltrando na área e deu um passe milimétrico de cavadinha, deixando o uruguaio na cara do goleiro. Ele foi derrubado e o camisa 9 abriu o placar. Já aos 46, o atacante estava aberto pelo lado direito, mais atrás, passou para Filipe Luís e avançou. O lateral, com mais liberdade que nos últimos jogos, avançou pelo meio e, sem olhar, deu um lindo passe de volta para Gabi, que dominou e, mesmo sem ângulo, chutou com força, ampliando o placar.
No segundo tempo, o Fluminense melhorou um pouco, mas o controle ainda foi maior do Flamengo. O tricolor assustou, pois descontou logo aos 6 minutos, com Fred. Entretanto, o rubro-negro teve 66% de posse e o adversário só deu uma finalização a gol, justamente o gol de pênalti. O que continua preocupando para a equipe de Rogério Ceni é a bola aérea. Luccas Claro chegou a dar duas cabeçadas por cima e Gabriel Texeira recebeu uma na pequena área, totalmente livre, mas acabou errando o tempo. Time não sofreu gol assim na decisão, porém, o alerta precisa continuar ligado.
O rubro-negro passou a atuar em um 4-2-3-1, com Gerson mais recuado, Bruno Henrique de ponta-esquerda e Arrascaeta centralizado. O uruguaio, por sua vez, não estava com muito gás e desperdiçou duas boas chances de contra-ataque. Ceni, então, tirou-o, para colocar Vitinho e trocou Gabigol por Pedro. Assim, Everton Ribeiro jogou no centro e Vitinho abriu pela direita, tendo um centroavante que faz mais o pivô, prendendo bem a bola. Assim, o camisa 7 encontrou Vitinho dentro da área, que bateu com força, por cima.
Pouco tempo depois, Rogério Ceni fez mais duas substituições: tirou Isla, para botar Matheuzinho, e Gerson, que não fez um grande jogo, colocando João Gomes. O resultado foi mais rápido do que se imaginava. No minuto seguinte, o gol com dedo do técnico, pois toda a jogada foi feita pelos reservas. Pedro fez o pivô no meio, passou por dois jogadores na força, tocou para Vitinho na ponta-esquerda e avançou por dentro. O camisa 11 deu o passe na frente de volta para o centroavante, que bateu de primeira. Marcos Felipe desviou e João Gomes, atento, aproveitou o rebote e botou para o fundo da rede.
O time, mais uma vez, mostrou repertório no ataque. Equipe varia muitas vezes a formação ao logo do jogo e Rogério está adaptando bem as variações conforme as falhas do adversário. Não atoa, o técnico teve a maior média de gols marcados dentre os 3 treinadores que venceram o Carioca no atual tricampeonato, com incríveis 2,66 por jogo, mais até do que Jorge Jesus – que fez 2,3. Além disso, o técnico está melhorando nas substituições, que era um ponto bem questionável dele. A grande preocupação que continua é a defesa, principalmente na bola aérea. Ceni é o treinador rubro-negro mais vazado desses três anos no Carioca, com uma média de 1,1 gols sofridos por partida. O “Mister”, por sua vez, teve 0,6 e Abel 0,8 no estadual. Ou seja, ainda precisa trabalhar muito essa questão.