Análise tática: Flamengo 2 x 2 LDU

Com surpresas na escalação, confira como atuou a equipe comandada por Rogério Ceni

Jornalista crítica Rogério Ceni: Por que ele não ensina os comandados a bater falta?
(Foto: Reprodução/Alexandre Vidal/Flamengo)

Flamengo e LDU se enfrentaram na quarta-feira (19/05), no Maracanã, pela quinta rodada da Libertadores. A partida era decisiva, pois poderia garantir a classificação do rubro-negro às oitavas de final. Rogério Ceni, entretanto, surpreendeu. Com a final do Campeonato Carioca no próximo sábado, o técnico poupou alguns jogadores considerados titulares e entrou em campo com 3 zagueiros – decisões que foram bem criticadas pela torcida.

Diego Alves, com desconforto na perna, e Rodrigo Caio, preservado, nem foram relacionados. Além deles, Isla, Filipe Luís, Diego, Arrascaeta e Bruno Henrique começaram no banco. Assim, o time entrou em campo em uma espécie de 3-1-4-2, com a bola, sendo: Gabriel Batista; Bruno Viana, Gustavo Henrique e Léo Pereira na linha defensiva; Arão de primeiro volante; Matheuzinho na ala-direita, Everton Ribeiro de meia-direita, caindo por dentro, Gerson de meia central e Vitinho na ala-esquerda. Na frente, Gabigol e Pedro.

Essa formação não é muito diferente da que o Flamengo já vinha atuando. A diferença maior foi nas características dos jogadores, pois, dessa vez, eram 3 zagueiros de ofício e dois centroavantes na frente. Embora Gabigol se movimente muito, ele não costuma repor tanto na defesa e Matheuzinho e Vitinho precisariam fazer bem o corredor. Por vezes, inclusive, a formação variava para um 4-1-3-2, com Matheuzinho recuando como um verdadeiro lateral (não ala) e Léo Pereira fazendo a lateral-esquerda.

Outro ponto da formação era aproveitar o Gerson mais adiantado, próximo da área, para explorar os buracos deixados pela defesa do LDU. A estratégia deu certo. Logo aos 5 minutos, o camisa 8 infiltrou, recebeu belo passe de Gabigol e chegou cara a cara com o goleiro. Mas, na finalização, o “Coringa” acabou acertando a trave.

Entretanto, o plano de Rogério Ceni teve que mudar bem cedo. Isso porque, aos 15 minutos, Willian Arão tentou chutar a bola, errou, acertou o rosto do adversário e foi expulso. Com isso, o técnico teve que tomar uma decisão e chamou João Gomes. Quando a maioria esperava que ele fosse tirar um dos atacantes, o treinador colocou o volante na vaga de Everton Ribeiro. Além disso, também recuou Matheuzinho para a linha dos zagueiros, transformando Léo Pereira em lateral, e Gabigol, muitas vezes, fez a ala-direita.

O time ficou, então, em um 4-4-1, com Pedro como referência. Mesmo com um a menos, o Flamengo manteve a posse de bola e buscava o ataque, dando liberdade aos laterais. Foi assim que saiu o gol. Matheuzinho foi para a linha de fundo e cruzou na área. O camisa 21 fez a proteção, conseguiu ficar com a bola e deu um toquinho, que passou pelo goleiro. O zagueiro até tentou tirar, mas entrou e o juiz validou. Curioso destacar que, na jogada, Léo Pereira também estava dentro da área, esperando o cruzamento.

Mas, o Flamengo mal conseguiu comemorar, pois, apenas 3 minutos depois, sofreu o empate. E da forma que está mais habituado: bola cruzada na área. Mesmo com 3 zagueiros, não conseguiu evitar a grande deficiência do time de Rogério Ceni. A LDU cobrou escanteio para trás, onde tinha um jogador livre para fazer o cruzamento – muito porque o rubro-negro fica com vários atletas dentro da área. Além disso, a equipe carioca não fez os bloqueios devidos e Guerra teve liberdade para correr, pegar impulsão e pular no meio de Gustavo Henrique – que não alcançou a bola – e Gerson – que não pulou -, para marcar o gol.

Ainda no primeiro tempo, o Flamengo quase fez o segundo gol, em jogada de Gabigol pela direita, que encontrou Vitinho. O camisa 11 tentou o chute, a bola desviou e ficou com Pedro, que rolou para o “lateral-esquerdo” Léo Pereira bater e quase marcar, parando em bela defesa do goleiro. Na segunda etapa, Ceni voltou com duas mudanças: tirou o próprio Léo Pereira para botar Ramon, um lateral de origem, e colocou Bruno Henrique na vaga de Gabigol. A formação continuou a mesma, mas com Vitinho pela direita (onde estava o camisa 9) e BH aberto na esquerda.

O rubro-negro continuou com a posse e tentando atacar, mas sem muita criatividade. Aos 14, LDU saiu para o ataque pela primeira vez e não perdoou. Muñoz cruzou na área e Amarilla ajeitou de peito para Johjan Julio, que, no domínio, tirou Bruno Viana da jogada e marcou. Após o gol, Ceni tirou Gerson e Vitinho, para entrada de Diego e Arrascaeta. A formação era a mesma, mas agora com um jogador menos veloz, mas bem mais criativo pelo lado de campo. Ainda assim, com um a menos, o Flamengo não estava conseguindo criar. Até que, aos 42, Bruno Henrique tentou jogada pela esquerda e a bola bateu na mão do adversário, próximo da área. Na cobrança da falta, o uruguaio botou na cabeça de Gustavo Henrique, que empatou e garantiu a classificação.

Não foi uma grande atuação do Flamengo, que mostrou falhas defensivas preocupantes mais uma vez na bola aérea. O fato de poupar na Libertadores, com o time ainda sem estar classificado, é bem questionável também. Mas, ainda assim, vale destacar que a equipe foi muito prejudicada pela expulsão de Arão logo no começo. A partida seria outra com 11 contra 11 e, mesmo com 1 a menos, o Mais Querido não parou de atacar, saiu na frente, sofreu a virada, teve dificuldades, mas conseguiu ter forças para empatar no fim.