Análise Tática Flamengo 2 x 0 Barcelona-EQU: Resultado justo

Mais Querido teve um segundo tempo decepcionante, mas foi superior ao longo do jogo e mereceu a vantagem

(Foto: Reprodução/Marcelo Cortes/Flamengo)

O Flamengo venceu o Barcelona de Guayaquil por 2 a 0, nesta quarta-feira (22/09), no Maracanã, pela partida de ida da semifinal da Libertadores. Apesar do bom resultado, ficou a impressão que dava para ter feito mais e garantindo a classificação, até porque atuou o segundo tempo quase todo com um a mais. Entretanto, a equipe encontrou dificuldades e caiu de rendimento justamente na segunda etapa. Há questões táticas interessantes no confronto e o resultado final acabou sendo justo para o que foi a partida.

O Mais Querido entrou em campo novamente no 4-2-3-1, sem surpresas. Nas ausências de Filipe Luís e Arrascaeta, Renê e Vitinho ganharam a vaga, além de Isla ter permanecido no time titular. Os dois laterais foram bem, principalmente na defesa. O chileno apareceu mais no ataque, explorando sempre o corredor e ficando muitas vezes quase como um ala. Já o meia uruguaio fez bastante falta. Vitinho até foi contribuiu para a vitória, mas o camisa 11 não apareceu tanto na primeira etapa, buscando pouco o jogo para armar a equipe, algo que Arrasca faz muito bem.

Mas, isso acabou não sendo um grande problema, pois o Flamengo teve um outro maestro em campo: Andreas Pereira. O belga/brasileiro jogou de 2° volante e teve a melhor partida pelo Mais Querido até aqui. O jogador se movimentou pelos dois lados, deu toques rápidos e precisos, inversões e lançamentos, sempre com muita categoria. A atuação quase foi coroada com um golaço de fora da área, mas que, por azar do atleta, acabou explodindo no travessão.

Ainda assim, quem começou melhor foi o Barcelona. O time equatoriano também entrou em campo em um 4-2-3-1 e pressionava a saída de bola do Mais Querido, dificultando bastante o jogo. Mesmo atuando fora de casa, os primeiros 10 minutos foram de pressão do adversário. Inclusive, o time que só não marcou em lance de escanteio aos 2, porque Diego Alves fez duas grandes defesas, salvando o Mais Querido.

Então, depois desses minutos iniciais, o Flamengo conseguiu botar a bola no chão e controlar o jogo. Arão recuava entre Rodrigo Caio e David Luiz para fazer a saída de bola. Os dois zagueiros tiveram uma atuação muito sólida, tanto na defesa, como com a posse. O volante, por sua vez, marcou muito bem, mas nem sempre estava tomando as melhores decisões nos passes.

A principal escapatória na saída de bola era o lado direito. Quando a equipe rodava pela esquerda, Isla acabava ficando livre na outra ala e Everton Ribeiro sempre se aproximava. Além deles, Gabigol, que se movimentou muito, como de costume, e abria para receber o passe. O time chegou a causar perigo em uma finalização de fora da área de ER7, que desviou e parou em grande defesa do goleiro. E foi rodando que o Flamengo abriu o placar. Depois de girar a bola, Andreas passou para Everton, que abriu em Isla. O lateral recuou para Gabigol, aberto e fora da área, que fez cruzamento na medida para Bruno Henrique, na segunda trave, cabecear e marcar.

A equipe rubro-negra continuou criando chances depois do gol. Em uma delas, Andreas fez grande jogada individual, a bola foi cruzada e sobrou para Renê, que deu bela enfiada para Gabigol pela esquerda. O atacante infiltrou na área, foi ao fundo e cruzou na medida para Bruno Henrique, dessa vez pela direita, que cabeceou sozinho, no travessão. Pouco depois, foi a vez do Andreas Pereira acertar o travessão. Então, veio o segundo gol. Em contra-ataque rápido, Gabigol conduziu a bola e deu bonita enfiada para Vitinho pela direita. O camisa 11, que estava apagado, ganhou na velocidade e passou de primeira bonito para BH, sem goleiro, que empurrou para o fundo das redes.

No último lance do primeiro tempo, Nixon Molina ainda foi expulso, depois de tomar o segundo amarelo. A impressão era que vinha uma goleada na segunda etapa. Mas, novamente, o Barcelona começou para cima e quase marcou logo no primeiro minuto. Carcelén aproveitou sobra dentro da área de escanteio e bateu de primeira, no cantinho, rasteiro, parando em outra grande defesa de Diego Alves. Na sobra, David Luiz conseguiu bloquear duas vezes o chute adversário.

Então, o Flamengo reagiu e começou a criar. Aos 3, Gabigol passou para a infiltração de Isla, que cruzou na medida para Vitinho, na segunda trave. O atacante cabeceou com estilo, no chão, mas o zagueiro tirou na linha. No rebote, Andreas Pereira mandou de esquerda por cima. Pouco depois, o belga-brasileiro abriu pela direita e cruzou para Bruno Henrique, que dominou na pequena área e bateu fraco, em cima do zagueiro, desperdiçando grande oportunidade.

Parecia que seria o começo de uma pressão do Flamengo, que naturalmente chegaria nos gols, até por ter um a mais. Mas, não foi o que aconteceu. Mesmo com Vitinho aparecendo mais na segunda etapa, Renato Gaúcho tirou o atacante e colocou Thiago Maia aos 12. A substituição mudou a cara do time, pois, assim, Andreas Pereira, que era o melhor em campo atuando de 2º volante, passou a atuar mais adiantado. Além disso, Maia não entrou tão bem. Depois da jogada do Bruno Henrique, aos 17, o time parou de criar. Mesmo tendo 11 contra 10, o Mais Querido recuou e o Barcelona quem tinha mais a bola no campo de ataque.

O contra-ataque passou a ser a única arma do Renato Gaúcho, mas nem isso o time acertava. O técnico tentou botar Matheuzinho e Michael nas vagas de Isla e Bruno Henrique, aos 34, além de Pedro em Andreas Pereira, aos 39, indo para o 4-4-2. Entretanto, não adiantou e o Flamengo continuou sem ter a posse e também não caprichando nos contra-ataques. Já aos 43, Léo Pereira, que tinha entrado aos 12 no lugar de David Luiz, deu uma cotovelada em León, na hora da cobrança de um escanteio para o rubro-negro, e acabou expulso.

O jogo acabou sem mais chances para os dois lados. O placar em si não foi o que a torcida esperava no intervalo, ou após os 17 minutos iniciais do segundo tempo. Flamengo poderia (e deveria) ter jogado melhor na segunda etapa, aproveitando a vantagem do número de jogadores, mas acabou se fechando. As escolhas de Renato Gaúcho, dessa vez, não foram as melhores. Ainda assim, o resultado de 2 a 0 acabou sendo justo. Isso porque, o Mais Querido foi superior ao adversário e mereceu sair com a boa vantagem para o jogo de volta.