Especial Tri Carioca 99-2000-2001: Apolinho conta a chegada de São Judas Tadeu ao Maracanã

Comentarista garante que teve uma premonição momentos antes do gol de Petkovic

Washington Rodrigues, o Apolinho, é comentarista na Rádio Tupi. Foto: Reprodução

Os jornalistas responsáveis por contar as histórias épicas do futebol serão o tema do Especial Tri Carioca 99-2000-2001. Washington Rodrigues, o Apolinho, Elso Venâncio e Sergio Du Bocage, em entrevista ao Diário do Fla, garantem que jamais se esqueceram daqueles momentos eternizados pelo gol de Petkovic, em cobrança de falta, aos 43 minutos do segundo tempo. O lance sacramentou a vitória por 3 a 1 e o terceiro título seguido do Flamengo sobre o Vasco, que amanhã vão completar 20 anos.

Convidamos você para uma viagem pelo túnel do tempo… A bola estava parada para o chute de Pet, nos minutos finais do clássico, quando Apolinho teve uma experiência do além: “Naquele momento eu tive uma premonição”, como assim?, conta isso direito, Velho Apolo!

“Luiz Penido transmitiu o jogo pela Rádio Tupi e eu estava comentando. Na hora da falta, o Pet vinha perdendo os lances que bateu anteriormente. Dessa vez, o Penido me perguntou: ‘E o lance agora, uma falta frontal e tal?’ Eu disse para ele: ‘Olha, nesse momento acaba de chegar no Maracanã, São Judas Tadeu'”, conta o experiente jornalista, que tem mais de 50 anos de carreira e já trabalhou no Flamengo como treinador e diretor de futebol.

Apesar da paixão pelo clube, Apolinho é respeitado por todas as torcidas, que reconhecem o profissionalismo do comentarista nas transmissões das partidas. Os inúmeros trabalhos in loco, em estádios pelo mundo todo, não foram capazes evitar o turbilhão de emoções na hora que a bola entrou no ângulo esquerdo do goleiro Helton.

“Esse gol do Pet marcou muito na minha vida profissional, porque foi um jogo incrível. Era uma decisão Vasco x Flamengo, Flamengo precisava vencer, precisava de um gol. Todo mundo sabe que eu torço para o Flamengo. Estava ali profissionalmente, trabalhando. Durante esse período, evidentemente, quando estou na cabine falo para todos, não só para a torcida do Flamengo” afirma, para em seguida comentar a “chegada” de São Judas Tadeu:

“Felizmente para nós da imensa Nação Rubro-Negra, o Pet botou lá onde a coruja dorme e o Flamengo foi campeão. Momento de muita emoção para mim. Eu corri um risco enorme, imagina você se a bola não entra, como as pessoas iam cair na minha pele. Até hoje recebo gravações de torcedores do Flamengo do Brasil inteiro, querendo me homenagear por ter dado aquela dica de que realmente o Flamengo sairia vencedor, com aquele lance, com aquele gol, daquele Pet”.

O lendário repórter Elso Venâncio estava trabalhando pela principal concorrente da Tupi, a Rádio Globo. Responsável pela cobertura diária do Flamengo por 11 anos, ele tem uma ligação muito forte com o clube e, assim como o Apolinho, citou o santo das causas impossíveis.

“Lembrei que o Fla devia muito (dinheiro) ao Pet e ele chegou a tomar uns chopes na véspera e ser afastado pela diretoria. Zagallo foi quem bancou a escalação. Só São Judas Tadeu explica!!!”, afirma​ Elso, sem poupar adjetivos ao falar do Clássico dos Milhões que deu o quarto tricampeonato ao Flamengo:

“Foi a grande decisão do Campeonato Carioca desse século! Jogo pra ser lembrado até daqui há uns 500 anos”.

Sobre o fato de praticamente não ter entrado em campo na final, Petkovic falou sobre o assunto em programas como o “Fala Muito”, do canal Sportv: “Eu quase não joguei esse jogo. Tomei todas, não queria jogar. Estava com o salário atrasado. Pagaram todo mundo, menos eu. Enchi a cara com cervejinha. Juntou meu pai e meu amigo e me levaram pra concentração”.

Desde 1984 na TV Brasil, quando ainda se chamava TV Educativa, Sergio Du Bocage nunca escondeu sua paixão pelo Flamengo. Ele foi o mestre de cerimônias da festa dos 62 anos do Maracanã, em 2012, quando Petkovic doou suas chuteiras, usadas em seu jogo de despedida, contra o Corinthians. Curiosamente, a partida foi disputada no Engenhão, já que o Maraca estava em obras por conta da Copa do Mundo.

O jornalista acompanhou o gol do tri da tribuna de imprensa e lembra perfeitamente das dificuldades que os funcionários da Acerj (Associação de Cronistas do Rio de Janeiro) tiveram para conter a euforia dos jornalistas rubro-negros, que não conseguiram conter a paixão e comemoraram como se fossem torcedores “comuns”. Ah, o futebol…