Braz ‘frita’ treinadores para manter estrutura atual do futebol do Flamengo

Mesmo com diversas decisões questionáveis do Departamento de futebol, responsáveis permanecem intocáveis

Quem vem? Diretoria do Flamengo tem dois nomes para cargo de treinador em 2024
(Foto: Alexandre Vidal)

A eliminação na Libertadores ressuscita um roteiro repetido no Flamengo. Em momentos de crise no futebol, a diretoria se retira do centro das atenções, e nos bastidores ocorre um choque velado entre elenco e treinador. O responsável por conduzir isso é Marcos Braz, um dirigente amador que, apesar de responder ao presidente Rodolfo Landim, exerce um papel fundamental na principal e mais rica área do clube. Essa estrutura, embora amadora em termos de gestão, ignora a hierarquia convencional. Segundo informações do jornalista Diogo Dantas, do jornal O Globo, os jogadores não veem seus superiores como líderes ou chefes, uma vez que eles não se comportam como tal no dia a dia. O diretor Bruno Spindel atua como um negociador astuto e um torcedor fervoroso durante os jogos. Os gerentes Fabinho e Juan, ambos ex-jogadores, têm uma função de facilitar o diálogo com o elenco.

Na prática, a cobrança, o desgaste e o desconforto recaem quase exclusivamente sobre o treinador, ou ocasionalmente sobre as torcidas organizadas que aparecem estrategicamente para manifestar hostilidade, como no episódio do desembarque da equipe após a eliminação no Paraguai. Sampaoli, curiosamente, foi um dos menos atacados. O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim inclusive optou por se esquivar e aguardar os protestos antes de se retirar no desembarque. Como ninguém mais se apresenta para dar explicações, a atenção se volta para o técnico.

Desde a era de Jorge Jesus, o Flamengo tem optado por contratar um perfil de profissional para terceirizar a gestão de pessoas e crises. Nesse cenário, Braz perdeu o comando há algum tempo e alterna entre momentos de desgaste com a torcida e outros de glória devido aos títulos recentemente conquistados em campo, graças a grandes investimentos e a uma administração financeira competente do clube.

Para que esse ciclo vicioso persista, é necessário encontrar outro culpado para justificar o fracasso de um elenco milionário. E, quase sempre, o elo mais fraco é o treinador. A alta multa rescisória se torna um efeito colateral. Se o desejo for remover Sampaoli, seriam necessários R$ 15 milhões, um montante que pouco afetaria a receita bilionária. A diretriz de Landim e, por consequência, de Braz, é seguir adiante, esperando que os jogos da Copa do Brasil possam proporcionar algum alívio em uma temporada que parece estar perdida.