O Flamengo enfrentou o Racing, na Argentina, pela 3ª rodada da fase de grupos da Libertadores. O Mais Querido atuou com um jogador a mais por 48 minutos e saiu na frente. Mas, com escolhas bem questionáveis do Sampaoli no time titular e nas substituições, o rubro-negro desperdiçou a chance da vitória, empatando em 1 a 1.
Para a partida, Sampaoli não teve à disposição os laterais Varela, Matheuzinho e Filipe Luís, os zagueiros David Luiz e Rodrigo Caio e o meia Gerson. Dessa forma, o técnico optou por escalar o Mais Querido com algumas modificações em relação à equipe que enfrentou o Botafogo. Entraram Pulgar e Everton Ribeiro, saíram David Luiz e Cebolinha.
Mas, não foi apenas a escalação que mudou. Antes do jogo, esperava-se que Pulgar entraria na vaga de David Luiz como zagueiro central. Mas, o que se viu foi o chileno atuando como 2º volante. Assim, o Flamengo começou em uma espécie de 4-2-2-2, que depois virou um 4-1-2-1-2.
Com Santos no gol, Sampaoli colocou na primeira linha Wesley e Ayrton Lucas nas laterais, Fabrício Bruno e Léo Pereira na zaga. No meio, Thiago Maia e Pulgar ficaram como dupla de volantes, enquanto Everton Ribeiro e Vidal jogaram mais adiantados, com o camisa 7 à direita e o chileno à esquerda.
Já na dupla de ataque, como de costume, Pedro ficou mais fixo e Gabi se movimentando pelo campo. Entretanto, Sampaoli cometeu o mesmo erro do jogo contra o Botafogo. Se contra o alvinegro o Mais Querido ficou sem criação, por estar com 3 zagueiros e 2 volantes, no jogo com o Racing aconteceu novamente, devido aos 2 zagueiros e 3 volantes.
A única diferença é que, dessa vez, tinha Everton Ribeiro de titular. Mas, era o único armador da equipe, já que os três volantes em campo não eram criadores. Dessa forma, o Mais Querido, mesmo com mais posse, não criava e o jogo estava morno, sem grandes chances para os dois lados.
Aos 26, entretanto, o jogo mudou de cara. O Racing teve um jogador expulso e, assim, ficou um domínio ainda maior do Flamengo, com o adversário encolhido. Sampaoli optou por não fazer substituição, mas mudou a formação, indo pro 4-1-2-1-2. Assim, ao invés de dois volantes lado a lado, a equipe passou a atuar com o “diamante” no meio.
Dessa forma, Thiago Maia ficou como o primeiro volante na frente da dupla de zaga. Já os chilenos ficaram mais adiantados, com Pulgar avançando pela direita e Vidal na esquerda, ambos se aproximando mais da área. Everton Ribeiro, por sua vez, centralizou, ficando mais próximo da dupla de ataque.
O time continuou sem tanta criação, mas melhorou um pouco. Pulgar foi a única boa notícia, tendo uma atuação bem sólida. Quando ficou solto, pisou muito na área ofensiva e participou dos dois lances de perigo do Flamengo. No primeiro, infiltrou, recebeu cruzamento na medida de Vidal e escorou para Gabigol, que perdeu na pequena área.
Já o segundo foi o gol. Em bela jogada ensaiada por Sampaoli – acerto do técnico -, Pulgar bateu falta rasteira para trás e Gabigol apareceu livre para finalizar. O atacante ainda chutou de canela, porém acertou em cheio, fazendo um bonito gol. Assim, Flamengo foi para o intervalo vencendo por 1 a 0.
Segundo tempo
Sampaoli não tinha feito substituições na primeira etapa, mas existia uma expectativa de que faria na segunda. Afinal, o Flamengo tinha um jogador a mais, o adversário estava todo acuado e o rubro-negro nitidamente estava com problemas de criação dentro de campo. Entretanto, o treinador não mudou.
Assim como contra o Botafogo, Sampaoli pecou por falta de ousadia ofensiva – ou medo. Se contra o alvinegro ele manteve os três zagueiros e dois volantes defensores, mesmo perdendo e com um jogador a mais até os 35 do segundo tempo, na partida contra o Racing o técnico deixou os três volantes marcadores até os 20 da segunda etapa.
Então, mesmo com o adversário não ameaçando, todo recuado, o Flamengo continuou com um time sem criatividade. A equipe não conseguiu criar nada. Aos 20, Sampaoli finalmente substituiu. Mas, novamente, mudanças questionáveis e sem tanta ousadia. Isso porque, botou Arrascaeta e Bruno Henrique, nas vagas de Vidal e Pedro.
Ou seja, Sampaoli colocou dois jogadores sem ritmo em um jogo de Libertadores. E, assim como a partida contra o Botafogo, o confronto não tinha a cara do Bruno Henrique, que ficou dez meses afastado por grave lesão, já que o adversário estava todo fechado, sem dar espaço para o ponta jogar. Cebolinha, por exemplo, faria mais sentido.
Além disso, para botar os dois jogadores ofensivos, optou por tirar o artilheiro do time na temporada, mantendo dois volantes defensivos – mesmo com o adversário sem ameaçar. Poderia, por exemplo, ter deixado a equipe em um 4-3-3, com Pulgar, Everton Ribeiro e Arrascaeta no meio, Gabi, BH (Cebolinha) e Pedro no ataque.
Outra decisão polêmica de Sampaoli foi deixar o jovem Wesley em campo. O lateral-direito nem fazia uma partida ruim. Porém, estava amarelado e era nítido que corria sério risco de ser expulso – ainda mais que o Racing teve um. Mesmo sem um lateral de ofício no banco, poderia botar Cebolinha, Marinho ou Matheus Gonçalves na ala.
Então, seis minutos depois das substituições, Wesley acabou fazendo uma falta, recebeu o segundo amarelo e foi expulso. Para piorar, na cobrança, Nícolas Oroz bateu bem, Santos falhou em nem tentar pular e o Racing empatou. Em um minuto, o jogo mudou totalmente de cara.
Partida ficou empatada, com os dois times tendo o mesmo número de jogadores em campo. Sampaoli, então, deixou o time em um 3-5-1. Recuou Pulgar para atuar entre os zagueiros, com Bruno Henrique indo para a ala-direita, Ayrton Lucas na esquerda, Thiago maia, Everton Ribeiro e Arrascaeta no meio e Gabigol no ataque.
O time, entretanto, continuou sem criar. Bruno Henrique, sem ritmo, não conseguiu “entrar’ na partida – não por culpa dele, claro. Já aos 37, Sampaoli tirou Everton Ribeiro para botar Cebolinha, indo para o 3-4-2. O ponta entrou na ala-direita, enquanto BH formou dupla de ataque com Gabigol.
A equipe tentou uma pressão final e Thiago Maia acertou o travessão nos últimos minutos após batida de escanteio. Mas, não conseguiu marcar e o jogo terminou em 1 a 1. Flamengo, então, desperdiçou uma ótima chance de sair com uma importante vitória fora de casa.
Pela segunda partida seguida, o treinador rubro-negro cometeu erros claros nas escolhas dos jogadores do time titular e nas substituições. Falhou na leitura do jogo, faltou ousadia nas mudanças e, novamente, optou por atletas com mais nome, e que não estão entregando, do que as joias da base, deixando Matheus França, Victor Hugo e Gonçalves no banco.
São apenas duas semanas e meia de trabalho, sendo a quinta partida do Flamengo com Sampaoli no comando, com duas vitórias, duas derrotas e um empate. O time até vem evoluindo em alguns aspectos dentro de campo, mas ainda precisa melhorar muito. E o treinador tem que, o quanto antes, valorizar a base.