Análise Tática Flamengo 1 x 0 Tolima: Vitória importante, mas atuação abaixo e escolhas questionáveis

Mais Querido venceu fora de casa, pela ida das oitavas de final da Libertadores

(Foto: Reprodução/Twitter/LibertadoresBR)

O Flamengo conseguiu uma importante vitória de 1 a 0 em cima do Tolima, fora de casa, na quarta-feira (29/06), pela partida de ida das oitavas de final da Libertadores. Apesar disso, o rubro-negro não teve uma boa atuação. Dorival fez escolhas bem questionáveis no time titular e a equipe teve dificuldades de criação, sendo pressionada em muitos momentos.

Para a partida, o Flamengo teve dez desfalques: Diego Alves, Matheus Cunha, Kauã, Rodrigo Caio, Fabrício Bruno, Daniel Cabral, Matheus França, Willian Arão, João Gomes e Bruno Henrique. Mesmo sem JG e Arão, Dorival Júnior optou por manter o esquema tático no 4-3-3, com três volantes.

No gol, Santos começou, enquanto David Luiz ficou na zaga pela direita e Léo Pereira foi o escolhido para começar na esquerda. Os laterais foram Rodinei e o veterano Filipe Luís. Já no meio de campo, Dorival optou por iniciar com Diego de primeiro volante, tendo na frente dele Andreas centralizado pela direita e Thiago Maia à esquerda. Everton Ribeiro ficou na aberto na direita, com Arrasca na esquerda e Gabigol centralizado.

Defensivamente, a equipe marcava em um 4-4-2. Everton Ribeiro fechava pela ala-direita, enquanto Thiago Maia na esquerda, tendo por dentro Andreas à direita e Diego à esquerda. O time, entretanto, sofria muito, principalmente pelo lado esquerdo. Isso porque, o quarteto com Filipe Luís-Léo Pereira-Diego-Thiago Maia não tinha velocidade e tomava muitas jogadas pelas costas.

Já com a posse, o Flamengo tinha dificuldades imensas de sair jogando. Diego não conseguia dar a dinâmica como primeiro volante e a equipe se enrolava várias vezes. Em um lance, por exemplo, Santos tentou o passe pelo meio e foi interceptado, com o adversário chutando na cara do gol e Léo Pereira tirando em cima da linha. Após essa jogada, inclusive, o zagueiro cresceu bastante na partida.

Quando conseguia escapar da pressão do Tolima, que marcava forte em cima, o Flamengo era perigoso, principalmente pelo lado direito, com Rodinei – melhor jogador do primeiro tempo. O lateral tinha bastante liberdade para avançar e foi bem incisivo, indo à linha de fundo e criando as principais jogadas do time. Na defesa, que é o ponto fraco, o jogador também estava atento e foi bem.

O gol do jogo, inclusive, passa pelos pés de Rodinei. O lateral mais uma vez avançou pela direita, aproveitando o corredor que Everton Ribeiro deixa, já que o camisa 7 tendo a centralizar nas jogadas. Ele cruzou na área, a bola sobrou com Thiago Maia, que tentou o passe, mas foi cortado. Entretanto, Andreas dominou e acertou um lindo chute de fora, no ângulo, fazendo o golaço.

Apesar de na frente no placar, o Flamengo continuava com muitas dificuldades. O time tentou uma mudança nos posicionamentos, com Thiago Maia passando para primeiro volante e Diego ficando na frente à esquerda e, consequentemente, fechando o corredor quando o time estava sem bola. Mas, assim, apesar de melhorar a saída de bola, a equipe passou a ficar ainda mais lenta, com o camisa 10 e Filipe Luís pelo lado.

O time continuava sofrendo com bolas pelo setor esquerdo de defesa e só não sofreu gols por falta de pontaria do time adversário e boa atuação do Santos. Já com a posse, continuava com dificuldades de criar e não tinha contra-ataque, pois Dorival optou por um time sem jogadores de velocidade, deixando Lázaro, Marinho e Vitinho no banco, além de Pedro, que poderia fazer o pivô e segurar bola na frente.

Segundo tempo

Apesar dos claros problemas defensivos e ofensivos do time, Dorival, por meio do auxiliar que estava na beira do campo, optou por manter a mesma equipe na volta do intervalo. O jogo começou bem fraco, com o Flamengo apenas se defendendo, sem ter contra-ataque, e o Tolima tentando atacar, mas parando na defesa rubro-negra – em especial Léo Pereira, que teve ótimo segundo tempo.

A primeira substituição foi aos 11 minutos. O treinador tirou Diego, já amarelado, para colocar Ayrton Lucas. O jovem lateral entrou na ala-esquerda. Dessa forma, sem bola ele fechava o corredor no 4-4-2, para dar um apoio melhor defensivo no frágil setor, enquanto, com a bola, o time atacava em uma espécie de 4-2-3-1, tendo Arrascaeta centralizado, de meia-armador, Everton Ribeiro na meia-direita e Ayrton Lucas aberto na esquerda.

Dessa forma, o jovem se tornou uma válvula de escape, já que tem muita velocidade. O jogador entrou bem e o time deu uma melhorada. Aos 20, mais duas mudanças. Saíram Filipe Luís, que não teve boa atuação, e Everton Ribeiro, apagado do segundo tempo, para entrar Lázaro e Marinho. Assim, Ayrton Lucas passou a jogar de lateral, com o jovem da base atuando aberto na esquerda e Marinho na ponta direita.

Com as mudanças, o Flamengo passou a, finalmente, ter velocidade pelos dois lados no contra-ataque, já que passava o tempo quase todo se defendendo. Já na defesa, Ayrton Lucas foi perfeito na marcação do veloz Álvaro Meléndez, que entrou no segundo tempo e era constantemente acionado, mas parava sempre na recuperação do lateral rubro-negro.

No ataque, o time passou a ter algumas chances. Em uma, Lázaro recebeu lançamento, arrumou de cabeça para Gabigol na entrada da área, que optou por não chutar e acabou errando o passe. Em outra, Marinho avançou pela direita, cortou para dentro e chutou para fora. Depois, uma bem perigosa. Em contra-ataque, Lázaro acionou Marinho, que estava no 2 contra 1, mas, na hora de dar o passe, foi cortado pelo zagueiro.

Aos 37, as últimas duas substituições. Matheuzinho e Pedro entraram, nas vagas de Rodinei, que não atacou tanto no segundo tempo, e Gabigol, apagado da partida. Objetivo era dar mais vigor físico no lado e ter uma referência para prender bola na frente, enquanto o Flamengo tentava explorar a exposição da defesa do adversário, que tentava pressionar o Mais Querido.

Lázaro teve uma boa chance aos 44, recebendo na esquerda, cortando para dentro na entrada da área e chutando colocado, mas a bola desviou e foi para fora. Já aos 48, a principal oportunidade. Em rápido contra-ataque, Arrascaeta, que estava muito mal no jogo, serviu bem Pedro na área. O centroavante poderia chutar ou servir de volta o uruguaio e o jovem Lázaro. Ele optou pelo chute e foi travado, indo para fora.

A partida, então, terminou com 1 a 0 para o Flamengo. O resultado fora de casa foi bom, mas a atuação não. Opções do Dorival Júnior mostraram que foram as erradas e, não por acaso, o time melhorou justamente após as mudanças. Diego e Filipe Luís tiveram atuações bem abaixo, deixando a defesa exposta e não auxiliando na frente. Treinador precisa rever as ideias para a partida de volta, no Maracanã.