Afirmação de promessas e possibilidade de Gabriel Batista como titular na final: a contribuição da base no Carioca

Afirmação de promessas e possibilidade de Gabriel Batista como titular na final: a contribuição da base no Carioca
Gabriel Batista no time titular para final contra o Fluminense. Foto: Alexandre Vidal

Representar a equipe principal é uma grande responsabilidade para a garotada da categoria sub-20. Se o time em questão for o atual bicampeão brasileiro, o sarrafo sobe um bocado e atinge níveis imensuráveis em se tratando de Flamengo. Esta foi a história das crias do Ninho do Urubu, que entraram em campo no início do Campeonato Carioca, devolveram o bastão aos profissionais na liderança da Taça Guanabara e tiveram participação decisiva na campanha que levou o Rubro-Negro à final da competição. O Fla-Flu deste sábado, às 21h05, no Maracanã, definirá o campeão.

Os talentos da fábrica chancelada pela frase “Craque o Flamengo faz em casa” não param de surgir. João Gomes, Matheuzinho e Ramon, além de Rodrigo Muniz e Pepê já são figuras costumeiras no time de Rogério Ceni. Foi no gol, no entanto, que o futebol aprontou das suas. Gabriel Batista, que já tem 22 anos, ganhou oportunidade entre os meninos sub-20, jogou as três primeiras partidas do Carioca e não perdeu por esperar.

Com a lesão de Diego Alves, no intervalo da vitória por 3 a 2 sobre a LDU (Equador), terça-feira, dia 4, na altitude de Quito, Hugo Souza entrou em seu lugar. No sábado seguinte, Ceni escalou apenas Gabigol como titular de início, no segundo jogo da semifinal do Carioca, contra o Volta Redonda. Segundo informações dos bastidores, todos, ou pelo menos a maioria, pensavam que o técnico teria escalado Gabriel Batista para poupar Hugo Souza.

Não foi o que aconteceu. A atuação segura na goleada por 4 a 1 sobre o Voltaço garantiu a vaga de Gabriel, que atuou nos três confrontos seguintes do Mais Querido: La Calera (Chile), Fluminense e LDU e está cotado para ser titular na final do Carioca deste sábado.

Técnico do sub-20, Maurício Souza dirigiu a equipe nas seis primeiras rodadas da Taça Guanabara. Ele escalou Gabriel Batista nos três primeiros jogos por ter trabalhado com o goleiro na base e não esconde o orgulho pelo momento do pupilo:

“Os exemplos são extremamente positivos. A gente sabe que jogar no Flamengo não é fácil, mas estar no Flamengo é muito prazeroso. Gabriel é um goleiro de muita qualidade, um profissional de muito caráter e que traz a mensagem que você tem de trabalhar, estar sempre pronto, esperar o seu momento e quando a oportunidade chegar mostrar que tem qualidade para integrar talvez a melhor equipe do Brasil. É o exemplo que a gente busca mostrar o tempo todo aos atletas que estão com a gente na base. É preciso ter paciência, perseverar, buscar o espaço sempre com lealdade, trabalhando, respeitando o espaço dos outros, mas mostrando que tem condições e que quer almejar coisas boas.”

O golaço de Max, no último lance da partida – com direito a muita emoção e lágrimas –, sacramentou a vitória por 1 a 0 sobre o Nova Iguaçu, na primeira rodada da Taça Guanabara. Passado o frio na barriga da estreia, veio o segundo adversário e, desta vez, o placar evoluiu: 2 a 0, em cima do Macaé, novamente no Maraca. Para fechar a conta, goleada de 4 a 1 sobre o Resende, no mesmo local. Na sequência da competição, as peças do elenco principal foram assumindo a titularidade. Mesmo evitando falar nos resultados e procurando enfatizar o desempenho do time, Maurício não escondeu que houve melhora gradativa.

“A equipe foi ganhando tranquilidade. A gente sabe que não é fácil um time sub-20, muito novo, disputar o Campeonato Carioca profissional. A gente viu neste mesmo campeonato equipes tentando fazer a mesma coisa e não tendo sucesso. A ansiedade acaba atrapalhando um pouco o rendimento e com o passar dos jogos isso vai acalmando, diminuindo. Então, creio que a equipe foi mostrando uma evolução”, destacou Maurício, acrescentando que a meta era atuar espelhando o time principal:

“Acho que a gente fez um grande jogo contra o Resende, mas todas as nossas apresentações foram extremamente satisfatórias. Não estou analisando resultado e sim rendimento. Todos os nossos jogos foram dentro do padrão Flamengo de qualidade, como a gente imaginou que tinha de ser, propondo o jogo, com a bola, pressionando o adversário. E a chegada dos atletas que são da equipe profissional facilitou ainda mais porque são jogadores que realmente trazem tranquilidade a quem está subindo. Esta mescla foi de extrema importância para esta garotada.”

O técnico comemorou a experiência que os meninos puderam vivenciar e não tem dúvidas de que seus atletas cresceram bastante com a experiência.

“Gera um amadurecimento, apesar de o momento ter sido curto. Torna real o sonho deles, que é estar jogando e defendendo a equipe profissional do Flamengo. Poder iniciar um Campeonato Carioca e na sequência ter a integração com jogadores que eles estão o tempo todo vendo na televisão e todo dia no CT, passa a ser uma coisa viável para eles”, garantiu.

Presente na estreia contra o Nova Iguaçu, Yuri de Oliveira sentiu na pele as diferenças de atuar pelo time profissional. Nascido em Vitória-ES, o meia de 20 anos experimentou a mesma sensação dos ídolos acostumados a vestir o manto sagrado e a felicidade beirou a plenitude.

“A experiência de estar no profissional foi a melhor possível. Eu aprendi bastante, creio que todo mundo aqui da base, como os mais novos, também. A sensação de jogar no Maracanã, de ser recebido pela torcida. Por mais que seja momento de pandemia, eles sempre estavam fazendo esforço para receber a gente no hotel, com todo carinho, dando apoio. Foi um momento muito especial, que vai me ajudar a ter mais maturidade”, comemorou Yuri.