A torcida do Flamengo, em geral, sabe de cabeça o time titular ideal do Rogério Ceni: Diego Alves; Isla; Rodrigo Caio e Willian Arão; Filipe Luís; Diego e Gerson; Arrascaeta e Éverton Ribeiro; Bruno Henrique e Gabigol. As diferenças acontecem mais quando há algum desfalque. Mas, será que conhece de fato como atua o rubro-negro? Vamos dissecar aqui as variações táticas da equipe.
Quando se olha a escalação, naturalmente pensa-se no 4-4-2, esquema que o Flamengo começou a usar com Jorge Jesus e foi abdicado por Domènec Torrent. Rogério Ceni, de fato, voltou a usar a formação, colocando Bruno Henrique mais próximo do Gabigol. Mas, limitar a análise a isso é muito raso – da mesma forma que o sistema do português era bem mais complexo do que apenas um esquema.
Com a bola, na realidade, o Flamengo costuma jogar em uma espécie de 3-2-3-2, com a linha defensiva formada por Arão, pela direita, o outro zagueiro (seja Rodrigo Caio, Gustavo Henrique, Bruno Vianna ou Léo Pereira) no centro e Filipe Luís recuando pela esquerda. Com Jorge Jesus, o Flamengo também fazia a saída de bola com 3 jogadores, com a diferença que Arão, então volante, recuava entre os zagueiros e os defensores abriam. Na frente do trio, Ceni opta pela dupla Diego e Gerson.
Um pouco mais avançados, Arrascaeta joga pela esquerda e Éverton Ribeiro pela direita, ambos sempre caindo pelo centro. Já o Isla atua como uma espécie de ponta pela direita, sempre avançando com velocidade para a linha de fundo, aproveitando justamente o espaço deixado quando o camisa 7 cai para dentro. Já Bruno Henrique e Gabigol ficam mais na frente, como uma dupla de ataque, ambos sempre se movimentando bastante, tentando explorar os buracos deixados pela defesa adversária, para receberem o passe.
Entretanto, a equipe não atua apenas de uma forma. É comum ver o Isla recuando, como um verdadeiro lateral (não ponta). Assim, Éverton Ribeiro abre pela direita, Arrascaeta cai para o meio e Bruno Henrique vai para a esquerda, com Gabigol como referência, ficando, então, em um 4-2-3-1. Filipe Luís tem um papel primordial na saída de bola, qualificando-a e buscando sempre um passe que quebra a primeira linha de marcação adversária. Mas, quando o time já está postado inteiramente no campo de ataque com a posse, o lateral tem liberdade para avançar mais pelo corredor, ou até por dentro.
Contra o Unión La Caleira, Rogério Ceni ainda fez uma substituição bem interessante, tirando o volante João Gomes e botando Pedro. Assim. O time ficou em uma espécie de 3-1-3-2 com a bola. O trio de defesa permaneceu o mesmo, com Diego sendo o primeiro homem do meio campo. Arrascaeta foi para a direita, Éverton Ribeiro centralizou (ambos as vezes alternavam de posição) e Bruno Henrique abriu pela esquerda. Na frente, a dupla Pedro e Gabigol, com o camisa 21 fazendo mais o pivô e o 9 se movimentando. Essa mudança fez com que se abrisse mais espaço na defesa adversária e o Flamengo criasse boas chances.
Rogério ainda fez uma alteração que, provavelmente, não será usada na partida contra o Fluminense, apenas em casos mais extremos. Tirou o zagueiro Bruno Vianna e colocou o lateral-esquerdo Ramon. Não foi uma troca aleatória, como parece. Ela aconteceu porque o adversário estava totalmente recuado e a posse era toda do Flamengo. Assim, Filipe Luís passou a atuar de zagueiro, ao lado de Arão, e Ramon fez a lateral-esquerda, com mais liberdade para atacar, fazendo uma dobradinha com Bruno Henrique pelo corredor esquerdo. Com essa mudança, o time perde em força defensiva, mas ganha muito no ataque. Contra o tricolor, não deve acontecer no primeiro jogo, até porque o adversário é bem forte na bola aérea ofensiva e o rubro-negro fica ainda mais frágil no quesito com a alteração.
A defesa, de fato, ainda é o maior problema do Flamengo de Rogério Ceni. Nos 4 jogos da Libertadores e o da Supercopa do Brasil, o time sofreu 9 gols (1,8 por jogo). Mas, há uma melhora. Nas primeiras partidas da temporada, a equipe estava pouco compacta em alguns momentos. Ou seja, tinha vezes durante os confrontos que alguns jogadores faziam a marcação pressão, outros ficavam recuados e, com isso, criava-se um buraco perigoso no meio, que os adversários aproveitaram.
A boa notícia é que o time está mais compacto nos últimos jogos, cedendo menos chances aos adversários. Não por acaso, os gols sofridos foram por erros individuais, ou de bola aérea, não mais por questões táticas. Rogério precisa, de fato, trabalhar mais os cruzamentos defensivos. A equipe sofre muito no quesito – não apenas pelos gols, mas deixando outros lances de perigo. Vale destacar que essa é uma das principais armas do Fluminense. Ou seja, é preciso melhorar urgentemente.