No futebol moderno jogadores passam por clubes de futebol de maneira muito mais rápida que no passado. Os jogadores que mais vestiram a camisa do Flamengo na história foram Júnior, Zico e Adílio. Ambos jogaram muitas temporadas no Mais Querido. Por isso quando um jogador da atualidade alcança a marca de 300 jogos com a camisa rubro-negro é preciso dar grande destaque.
A representativa marca será alcançada na partida desta quarta contra a LDU por Willian Arão, que no Fla já atuou como primeiro e segundo volante e agora atua como zagueiro. Nenhum jogador do atual elenco entrou em campo mais vezes com a camisa rubro-negra que ele. Para ingressar no top 10 de atuações com o manto sagrado, Arão vai precisar disputar mais 198 jogos até alcançar Jadir, que atuou em 498 partidas entre 1952 e 1962.
Arão foi contratado pelo Flamengo, junto ao Botafogo, após a temporada 2015. Desde sua chegada conquistou uma Taça Rio, três Taças Guanabara, três Cariocas, dois Brasileiros, duas Supercopas do Brasil, uma Recopa Sul-Americana e uma Libertadores. Já são 13 títulos pelo clube. Arão foi agraciado como melhor volante do Brasileirão 2016 pelos troféus Bola de Prata e Mesa Redonda. No mesmo ano foi escolhido para a seleção do Campeonato Carioca. Em 2019 voltou a ser selecionado nas premiações Bola de Prata e Mesa Redonda como melhor primeiro volante.
‘Júnior e Zico foram pressionados aqui porquê eu não vou ser?’
Willian Arão é madeira de dar em doido. Não quebra fácil. Muito criticado pela torcida em diversas oportunidades se mostrou resiliente para superar os momentos de turbulência até as coisas melhorarem. Em entrevista à Fla TV Arão lembra que os dois maiores ídolos da história do Fla já passaram por cobranças e que quem joga no clube deve estar preparado para elas.
“Em 1983 vi uma foto da torcida protestando contra aquele time do Flamengo. Se aqueles caras passaram por isso, quem é que não passou? Aqui só os fortes sobrevivem. O jogador, a família e os amigos precisam ter força. Mas é muito prazeroso. A torcida te cobra para ser o melhor sempre. É humanamente impossível estar sempre bem. Mas a gente se cobra o tempo todo até pela nossa torcida ter esse perfil”, disse Arão.
Mas Arão reconhece que nem sempre mereceu flores da torcida. Segundo o atleta, nem os melhores jogadores do mundo estão imunes de passar momentos difíceis tecnicamente dentro de campo.
“As pessoas vivem muito do agora. Apesar de estar hoje aqui, não me deixo levar pelo momento. Quando você faz um grande jogo precisa manter a cabeça centrada. É natural que qual jogador do mundo passe por momentos difíceis. Nada pode tirar a sua confiança, mesmo nos piores momentos. Sei o quanto trabalho e o que fiz para chegar até aqui. As críticas não entram na minha cabeça. É só ter resiliência que as coisas melhoram”, destaca.
Perto de completar uma marca expressiva com a camisa rubro-negra, Arão acredita que muitas críticas também são de cunho pessoal e que é preciso aprender a separar os comentários construtivos daqueles que são perseguição ao jogador.
“2019 é parecido com tudo que vivi aqui dentro. Todo treinador que chegava as pessoas imaginavam que eu sairia do time. E eu permanecia, ajudando a equipe, correspondendo. Muitas pessoas não gostavam de mim pelo lado pessoal. Uma coisa é a crítica construtiva, outra é perseguição gratuita”, desabafa.
Agora zagueiro, Arão afirma que sua vida sempre foi uma luta
Versátil e voluntarioso, Willian Arão já jogou em diversas faixas do campo com inúmeras funções táticas. Agora zagueiro, o atleta aponta como está enfrentando o desafio de atuar em uma função na qual nunca havia jogado antes.
“São movimentos e ações diferentes. Eu tento dar o meu máximo e corrigir aquilo que eventualmente tenha feito errado. Assisto sempre os vídeos após os jogos. Extraio o máximo de informação possível. Não é minha posição de origem mas estou feliz”, opinou.
Willian Arão é natural de São Paulo. Revelado pelo Corinthians, ganhou pelo clube paulista a Copa São Paulo em 2010 e fazia parte do grupo campeão da Libertadores e Mundial em 2012. Arão lembra das dificuldades que enfrentou para brilhar no Flamengo, clube mais popular do país.
“Minha vida sempre foi uma luta, batalhando e conquistando. Essa marca é um orgulho muito grande. Parece clichê mas quando eu jogava video-game ficava me imaginando nos grandes times. Hoje me sinto realizado e o homem mais feliz do mundo”, finaliza.