Fala, Arquibancada: ‘Eu tinha um rival e se chamava Fluminense’

'Lembro na infância aquela provocação da liderança de títulos estaduais, que durou décadas, até ultrapassarmos de forma arrebatadora e encerrarmos mais essa discussão'

Eu tinha um rival e se chamava Fluminense. Época boa sabe, Maraca lotado, faixas de um lado e de outro, sinalizadores aqui, pó de arroz lá, coisa linda de ser ver. Lembro na infância aquela provocação da liderança de títulos estaduais, que durou décadas, até ultrapassarmos de forma arrebatadora e encerrarmos mais essa discussão.

Aliás, está ficando chato, não ter mais com quem competir no Rio. Eles se intitulam rivais, mas acabou. A gente vence e vence. A rivalidade regional virou lembrança, virou saudade. Um faz festa pra quinta colocação, o outro golfinho há 11 anos não sobe pra fazer uma graça contra a gente e o atual bi-vice ganha nosso sub-20 na primeira fase do Estadual. Comemora como um título e depois apanha na Final.

Tenho saudade dos dias de jogos finais de turno ou de campeonato aonde existia expectativa. Como não lembrar daquela final de Taça Guanabara em 2004, eles com Ramon, Roger Flores, Edmundo e Romário. A gente com Felipe Maestro, Jean e Roger Guerreiro. Copamos.

Hoje em dia, a rivalidade com o Fluminense é nas redes sociais. Eles nos provocam com frases feitas, acusações, ilações mas a hipocrisia começou naquela garrafa de champanhe do presidente Alvaro Barcelos na virada de mesa de 1996, continuou quando eles deram rasteiras no tapetão contra São Raimundo em 1999 e Portuguesa em 2013, mas a grande dívida com a sociedade é aquela Série B que nunca pagaram.

Como disse o flamenguista Eduardo Moreno, “Um dia ainda vão entender que torcida têm os outros, nós somos uma nação. Adoram falar que a gente é de regatas, mas o que já remamos nessa vida, vocês não conseguiram sendo football club. Que bom que não são como a gente. Quem espera nem sempre alcança”.

Aprendi a gritar Timinho na arquibancada desde comecei a frequentar o Maraca e a cada ano que passa, vocês são menores. E, já ficou claro, que quando a torcida do Fluminense brada “voltem para o Remo” não se trata de provocação ou injúria. É um grito de socorro.

  • Por Vinícius Cardim, torcedor apaixonado pelo Flamengo e frequentar da arquibancada desde 1987. A opinião é exclusiva do torcedor. Interessados em produção de textos podem enviar para avaliação pelo e-mail redacao@diariodofla.com.br