Uma semana após a derrota para o Palmeiras na final da Libertadores, o Flamengo vive outro momento importante em 2021. Neste sábado, o Rubro-Negro escolherá o presidente que comandará o clube pelos próximos três anos. Um dos candidatos é o administrador Ricardo Hinrichsen, da Chapa Branca – Flamengo Sem Fronteiras, que concedeu entrevista ao portal ‘Lance’ e citou as principais propostas para o Mais Querido.
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Hinrichsen já ocupou cargo de diretor executivo e vice-presidente de marketing do Flamengo entre os anos de 2006 e 2009. A principal proposta do candidato é a profissionalização de todo departamento de futebol, além de mudanças na gestão do Maracanã, preços dos ingressos e programa de sócios. Além de Ricardo, também concorrem Walter Monteiro (Chapa Ouro), Marco Aurélio Assef (Chapa Azul) e Rodolfo Landim (Chapa Roxa).
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Confira alguns trechos da entrevista de Ricardo Hinrichsen:
Departamento de futebol
“Se eu puder definir de uma forma mais objetiva e simples, eu diria que precisa acontecer no futebol o que aconteceu no departamento de finanças do Flamengo ao longo dos últimos anos. O que aconteceu? Duas coisas. Primeiro, blindagem da área política. Não há influência política dentro do departamento de finanças, que é tocado profissionalmente por pessoas técnicas. Tomam decisões técnicas e não políticas. No futebol, infelizmente, não conseguimos dar esse passo. O futebol é uma plataforma política na história do Flamengo. O fato é que conseguimos avançar em áreas como finanças, que não têm muito apelo político”
“Nenhum aliado político quer brigar para fazer parte de Conselhinho de Finanças para decidir sobre o fluxo de caixa do clube. Isso é muito chato, não é? Ninguém quer isso. As pessoas querem participar da discussão de quem será o próximo técnico, viajar com o avião do time, assistir ao treino. Precisamos urgentemente fazer isso. Precisamos profissionalizar completamente, incondicionalmente, o futebol. E como fazer isso? O conceito é afastar a influência política do dia a dia do futebol. Conselhinho, VP voluntário… Afastar tudo isso. Isso se faz através da contratação de um diretor técnico”
Gestão do Maracanã
“Tenho uma opinião formada com base em minha experiência em relação ao Maracanã. É a seguinte: o Maracanã não é um estádio de futebol como outro qualquer. O Maracanã não é o Engenhão. O Maracanã é um símbolo nacional, é um cartão-postal e uma ferramenta política. Sempre será. Para qualquer governador do Rio de Janeiro, o Maracanã será algo a ser pensado. Ele dá e tira voto. Isso significa que, mesmo em um processo formal de concessão, que assinemos um contrato de 20, 25, 30 anos, na minha opinião, sempre haverá grande insegurança jurídica para quem receber a concessão”
“Acho extremamente arriscado para o Flamengo entrar em um negócio de 20, 25 anos, em uma parceria que você não sabe quem irá te conceder e como essas mudanças irão impactar a relação com o agente que irá te conceder. Acho também extremamente arriscado você ser sócio de outro clube. Não é nenhum preconceito específico com o Fluminense, não é isso. O que estou querendo dizer é que, assim como o Flamengo, são clubes associativos e políticas. Do mesmo jeito que não sei quem será o governador em 10 anos, e como ele pensará sobre essa concessão, eu não sei como pensará o presidente do Fluminense. Isso é extremamente perigoso”
Preço dos ingressos
“Não adianta subir preço de ingresso para ganhar na bilheteria em curto prazo, quando você está perdendo no outro lado, a médio e longo prazo. A torcida do Flamengo no estádio faz a diferença no ponto de vista esportiva, que, por sua vez, fará a diferença econômica lá na frente, com premiação. Mas tem mais que isso. Um estádio sempre cheio, com uma atmosfera, faz o clube ter melhores resultados e contratos, a médio e longo prazo, em outras áreas. Patrocínio, licenciamento”
“Precisamos de uma política de preço de ingressos que veja o todo. Não adianta ver só a árvore, mas a floresta toda. Essa é uma crítica que fazemos não só à política dos ingressos, mas também ao comercial do Flamengo como um todo. Foco no curtíssimo prazo e em arrancar dinheiro do torcedor, sangrar o torcedor, da maneiras mais rápida possível. O foco deveria ser construir a relação de longo prazo, que assim você ganhará muito mais. Do ponto de vista de marketing de negócios, a estratégia que existe hoje não faz nenhum sentido. Digo isso como profissional da área. O Flamengo está perdendo dinheiro a médio e longo prazo. Esse é o grande ponto”
Programa de sócio-torcedor
“O programa de sócio-torcedor é muitíssimo ruim. Acho que é uma unanimidade. É ruim em dois aspectos. E essa crítica é aos programas de sócio-torcedor, não apenas ao do Flamengo. Se propõe a ser o programa de benefício do ingresso. É basicamente isso, não dá nenhum outro benefício. Como programa de entrega de ingresso, se o analisarmos dentro dessa proposta, é muito ruim pois o sistema de prioridade que foi construído é um sistema que prioriza o curtíssimo prazo”
“Além da questão do benefício no ingresso, temos outro problema grave que o programa foi pensado para atender apenas quem pode ir ao estádio. Estamos falando de 3%, 4%, 5% da base de torcedores. A grande maioria não tem condição de ir ao estádio. Precisamos criar benefícios de localmente, onde o torcedor está. Levar conteúdo do clube, ter eventos. Precisamos levar o clube a quem não tem condições de vir ao clube. Esse cara vai começar a ver vantagens em ser sócio-torcedor em Manaus ou Fortaleza. Hoje, essas pessoas que contribuem, elas fazem isso como uma ajuda ao clube. E poderíamos ter um número de sócios-torcedores muito maior”