Análise Tática Fluminense x Flamengo: É preciso repensar o meio de campo

Sem Arrascaeta, Mais Querido está com dificuldades de criação

(Foto: Reprodução/Alexandre Vidal/Flamengo)

Flamengo e Fluminense se enfrentam neste sábado (23/10), às 19h, no Maracanã, pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro. O Mais Querido não vem do melhor momento, com dois empates consecutivos. A equipe rubro-negra vai a campo com desfalques importantes, sendo 5 jogadores considerados titulares. O principal problema é a ausência de Arrascaeta. Com a ausência do uruguaio, o time caiu bastante de rendimento, principalmente na criação. Por isso, é fundamental que Renato Gaúcho repense o meio de campo para o clássico.

No Fla-Flu, o Mais Querido vai atuar sem David Luiz, Filipe Luís, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol. Na zaga, a tendência é que Léo Pereira atue novamente ao lado de Rodrigo Caio. Renê provavelmente será o lateral-esquerdo, com Michael pela ala e Pedro de centroavante. A grande questão fica o meio. Sem o uruguaio nos últimos 5 jogos, Renato Gaúcho optou por colocar Thiago Maia no time titular de 2º volante, avançando, assim, Andreas Pereira. O problema é que nesse esquema, tanto Maia, como Andreas não rendem tão bem e, por isso, o Flamengo vem caindo de nível recentemente.

Andreas Pereira é um segundo volante, que gosta de buscar a bola no meio e construir o jogo de frente, fazendo a transição da defesa para o ataque, se movimentando bastante. Entretanto, quando atua de meia-armador no 4-2-3-1, o belga-brasileiro acaba ficando muito avançado, “preso” próximo da área, tendo que dominar de costas. Assim, ele não consegue ter o mesmo rendimento que nas outras partidas, nas quais vinha sendo o “motor” do time, dando muita dinâmica. Com Andreas mal, a equipe naturalmente diminui bastante de rendimento.

Para piorar, Thiago Maia não está indo bem como 2º volante. Isso porque, ele é um primeiro volante de origem, que marca bem e tem um primeiro passe de qualidade, muitas vezes de primeira. Entretanto, no 4-2-3-1 de Renato Gaúcho, o segundo homem do meio de campo tem uma função importante de carregar a bola da defesa para o ataque, dando dinâmica à partida. Maia, por sua vez, não tem essa característica. Com ele, o time até ganha força defensiva, mas perde ofensivamente, pois o jogador não tem tanta velocidade e nem o estilo de prender e conduzir a bola. Assim, o Mais Querido acaba “perdendo” o meio de campo, já que dois jogadores fundamentais estão em funções em que não rendem tanto.

Há uma maneira de Renato melhorar o funcionamento do time, sem precisar alterar os jogadores. Para isso, a equipe precisaria sair do 4-2-3-1 e ir para o 4-3-3, como fez na vitória em cima do Juventude. Dessa forma, Andreas Pereira poderia atuar de 3º volante, tendo liberdade para se movimentar, buscar bola no meio, construir de frente e fazer a transição, tirando a responsabilidade de Thiago Maia, que alternaria com ele. O belga-brasileiro poderia cair pelos dois lados, enquanto o camisa 8 cobriria, indo para o setor oposto e podendo triangular com o lateral e o ponta. Assim, o time continuaria com dinâmica e mobilidade.

Entretanto, caso opte por manter o 4-2-3-1, o ideal, então, seria trocar as peças. Opções não faltam. Uma delas seria a de colocar Vitinho de meia-armador, recuando Andreas Pereira para 2º volante, que é a que sai melhor. O camisa 11 já fez isso algumas vezes na temporada e rendeu bem. Outra ideia seria a de colocar Everton Ribeiro centralizado, como um “10”, e botar Kenedy aberto na direita. Dessa forma, o Flamengo passaria a ter velocidade pelas duas pontas, já que Michael atua aberto na esquerda. Além disso, com o atacante do Chelsea, Isla continuaria tendo os espaços para avançar que tem com ER7, já que Kenedy também é canhoto e tem como tendência cortar para o meio, abrindo o corredor para o lateral.

Há ainda outra possibilidade: colocar Diego. O camisa 10 poderia atuar nos dois esquemas e é uma opção bem interessante. No 4-2-3-1, pode jogar de meia-armador, recuando Andreas Pereira para ser o 2º volante, ou o contrário, já que o veterano vinha atuando nessa função antes de lesionar. O capitão rubro-negro funcionaria muito bem também no 4-3-3, alternando com Andreas entre quem recua para buscar a bola e quem avança. Diego dá bem mais dinâmica do que Thiago Maia no meio, se movimentando, buscando a bola e segurando a posse para fazer a transição. Flamengo ganharia bem em movimentação.

A grande questão para colocar Diego é ver as questões físicas do jogador. Isso porque, o meia, de 36 anos, vinha sendo o titular do time na temporada, até se lesionar contra o Santos, no dia 28 de agosto. Desde então, só disputou dois jogos, num total de 77 minutos – ou seja, nem uma partida completa. O camisa 10, inclusive, entrou no último confronto, contra o Athletico, e foi muito bem. Caso esteja em condições de começar o clássico como titular, o veterano vira uma ótima opção, para dar qualidade e dinâmica no meio rubro-negro.

O Fluminense, por sua vez, deve atuar em um 4-3-3 ou um 4-2-3-1. A equipe deve atuar bem fechada, para tentar não dar espaços ao Flamengo, e buscar o contra-ataque veloz, explorando os pontas Caio Paulista e Luiz Henrique, os quais o Mais Querido tem que ficar de olho. Sem Fred, o centroavante deve ser ou o experiente Bobadilla, ou o jovem John Kennedy. A equipe deve fortalecer o meio, com os volantes André e Yago Felipe. O terceiro homem pode ser o armador mais criativo Jhon Arias ou outro volante, com Nonato. Vai depender da estratégia de Marcão.

O Mais Querido, então, tem que ficar de olho no contra-ataque do Fluminense e não terá vida simples na criação, pois o tricolor deve se fechar bem. O Flamengo, entretanto, tem tudo para ter ótima atuação. Para isso, Renato Gaúcho precisa repensar o meio de campo. Alternativas não faltam para o rubro-negro. Além da mudança, o time precisa também entrar focado, com atenção na defesa, intensidade e movimentação. Explorar os lados de campo com Michael e a ultrapassagem de Isla, além do pivô de Pedro, pode ser outra boa arma. Caso faça isso, tem tudo para sair vitorioso.