O Flamengo perdeu para o Fluminense neste sábado (23/10), no Maracanã, pela 28a rodada do Campeonato Brasileiro. O Mais Querido teve uma atuação desastrosa, principalmente na defesa, onde falhou várias vezes. Mesmo tendo bem mais posse de bola, a derrota por 3 a 1 foi justa e liga um “alerta” no rubro-negro, que não venceu os últimos três jogos e está com um rendimento cada vez pior. Renato Gaúcho fez escolhas erradas e precisa ajustar alguns aspectos do time, principalmente com os desfalques, o que ficou claro no clássico, pois a equipe teve muitas dificuldades de criação e abusou dos erros individuais.
O Mais Querido jogou bem desfalcado, é verdade. O time iniciou a partida sem oito jogadores importantes: Isla, David Luiz, Filipe Luís, Arão, Arrascaeta, Bruno Henrique, Gabigol e Pedro. Mesmo sem os dois centroavantes principais, Renato Gaúcho optou por não fazer mudanças de esquema tático e manteve a equipe no 4-2-3-1, colocando o jovem Victor Gabriel no ataque. Na zaga, Gustavo Henrique tomou a vaga de Léo Pereira, enquanto no meio Thiago Maia atuou de primeiro volante e Diego voltou a ser titular, jogando de 2°, com Andreas Pereira adiantado, de meia-armador.
Não deu certo. O Fluminense atuou fechado e nem marcava forte o Flamengo, dando espaço para o rubro-negro criar no meio. O Mais Querido, então, ficava com a posse, mas, mesmo tendo liberdade, encontrava dificuldades. Isso porque, Andreas Pereira não rende tão bem avançado, como meia-armador. O belga-brasileiro atua melhor de segundo volante, podendo recuar para buscar a bola e construir o jogo de frente, dando dinâmica ao time. Já como um “camisa 10”, o atleta fica mais avançado, de costas para a marcação e não tem um bom desempenho. Com Andreas em um dia ruim, o time naturalmente cai. Mas não é apenas isso.
Thiago Maia teve outra atuação abaixo do esperado, mesmo dessa vez atuando na função em que rende melhor, como primeiro volante. O jogador não conseguiu dar as mesmas opções e acertar os passes que Arão, o que prejudicou o meio. Além dele, Diego, que tinha entrado bem contra o Athletico, foi mal contra o Fluminense. O camisa 10 jogou de 2° volante e não deu a dinâmica necessária ao Flamengo, além de ter perdido muitas posses. Já Everton Ribeiro foi peça nula em campo. Totalmente apagado, o jogador não criou nada e nos raros momentos em que aparecia com a bola, logo perdia ela. Ou seja, o setor de criação não existiu.
Se no meio o Fluminense deu espaço para o Flamengo criar, o mesmo não pode ser dito sobre as pontas. Luiz Henrique acompanhou Matheuzinho na primeira etapa, não deixando o lateral rubro-negro avançar. O jovem, consequentemente, teve uma atuação bem abaixo do normal. Já na esquerda, Michael, que vem sendo a principal válvula de escape do time, também foi anulado pela marcação tricolor. Os volantes Yago Felipe e André auxiliavam o Samuel Xavier na proteção e o ponta também não estava inspirado, apesar de ter sido um dos poucos que buscou jogo, dribles e tentou finalizar. Já Victor Gabriel, que ficou como referência, até tentou em alguns lances fazer o pivô e apareceu no primeiro tempo, mas sumiu na segunda etapa.
Um jogador que teve uma partida desastrosa foi Renê. Mesmo com boa parte da torcida pedindo Ramon, Renato Gaúcho optou por manter o experiente jogador, o que se mostrou uma escolha bem errada. O lateral, mais uma vez, pouco auxiliou na frente, não se apresentando como boa opção, errando muitos passes e perdendo a bola 21 vezes. Já na defesa, que é a especialidade dele, o atleta falhou em alguns momentos cruciais. Logo na primeira vez que o Fluminense atacou na partida, aos 15 minutos, Marlon cruzou na segunda trave, em cima de Renê, que furou e deixou à feição para John Kennedy abrir o placar.
No segundo tempo, o Flamengo até voltou melhor. Renato Gaúcho colocou Vitinho no lugar de Diego. Assim, o técnico centralizou Everton Ribeiro, abriu o camisa 11 pela direita e recuou Andreas para 2° volante, onde rende melhor. O jogador entrou na partida com muita disposição, sendo o melhor do rubro-negro no confronto e aumentando o nível do time, que começou com tudo. No primeiro minuto, Vitinho fez linda jogada individual e cruzou rasteiro, mas Victor Gabriel não alcançou. Depois, Andreas bateu falta com perigo, parando no goleiro. Michael também tentou em chute de longe e teve uma ótima chance dentro da área, após receber belo passe de Vitinho, mas errou no drible. Já Everton Ribeiro arriscou de fora, só que bateu muito mal, e Thiago Maia teve a principal chance, após escanteio, em que recebeu na pequena área, porém, ao invés de chutar, tentou o passe para Gustavo Henrique e errou. Tudo isso em 12 minutos.
A equipe estava muito bem, amassando o Fluminense, que não conseguia sair, e o gol de empate parecia questão de tempo. Mas, aos 15, Marcão tirou Caio Paulista e botou o volante Martinelli, dando sustentação no meio e abrindo Luiz Henrique na direita. O efeito foi imediato. No mesmo minuto, Luccas Claro virou o jogo para LH, que recebeu no mano a mano com Renê. O garoto entortou o lateral e cruzou rasteiro, passando de baixo das pernas de Rodrigo Caio. O zagueiro atuou na esquerda, pois Renato botou Gustavo Henrique pela direita, o que foi outra escolha que não deu certo. No lance, Gustavo cometeu o primeiro erro claro dele na partida. Além de não cortar o cruzamento, deixou John Kennedy passar por trás e ampliar.
O gol foi uma ducha de água fria no Flamengo, que sentiu e caiu demais de rendimento. O tricolor aproveitou e cresceu na partida. Pouco depois, quase fez 3 a 0. Luiz Henrique recebeu e passou para Martinelli, que passou pelas costas de Renê. O lateral errou o bote, deixando o volante tricolor avançar sozinho pela linha de fundo e cruzar rasteiro para trás. John Kennedy fez corta-luz e Yago chutou livre, na marca do pênalti, parando em Diego Alves e na trave. Renato Gaúcho, aos 20, botou Kenedy no lugar de Thiago Maia, indo para uma especie de 4-1-4-1. Andreas Pereira fez a função de primeiro volante, Vitinho continuou aberto na direita, Michael na esquerda, com Kenedy e Everton Ribeiro centralizados.
Aos 20, finalmente chamou Ramon. Mas, no mesmo momento, Renê recebeu por dentro, passou para Kenedy na meia lua da área, que tentou o domínio, mas escapou, deixando a bola viva. Renê entrou na dividida, o adversário chutou, mas no pé do lateral, que bateu e marcou. Então, o treinador optou por manter o Renê em campo, porque ele fez o gol em um lance de sorte, como se isso apagasse o péssimo desempenho dele no confronto. Renê ficou em campo mais 15 minutos por causa do gol marcado e, no período, permaneceu errando muitas jogadas na frente, desperdiçando 5 posses rubro-negras.
Marcão, por sua vez, substituiu, colocando Danilo Barcelos, Gustavo Apis, Lucca e Abel Hernández. Renato Gaúcho só tirou o lateral-esquerdo aos 40, para colocar Ramon, e, mesmo com Everton Ribeiro nulo em campo, optou por botar Arão na vaga de Andreas Pereira, que mesmo mal, ainda era uma esperança nas bolas paradas. Nem deu para as substituições rubro-negras fazerem efeito, diferente das do tricolor. Aos 40, o goleiro Marcos Felipe chutou para frente e Lucca deu uma casquinha. A bola estava mais para Gustavo Henrique, que não conseguiu cortar, cometendo outro erro. Então, Abel Hernández ganhou do zagueiro, limpou a marcação e chutou no ângulo, matando o jogo.
O Mais Querido ainda teve uma falta perigosa poucos minutos depois, que poderia ter dado uma energia final, mas, sem Andreas, Vitinho foi na bola e jogou por cima. A derrota foi dolorida e, ao mesmo tempo, justa. Flamengo teve muitas dificuldades de criação, principalmente na primeira etapa, e sofreu pelos excessivos erros defensivos. As escolhas de Renato, mais uma vez, não foram as melhores e o treinador precisa revê-las. Ficou claro, novamente, que Andreas Pereira não deve atuar de meia-armador, enquanto a dupla Renê e Gustavo Henrique precisa perder espaço na hierarquia das substituições. Time precisa evoluir em questão técnica e tática.