O Flamengo ganhou do Defensa y Justicia por 1 a 0, na quarta-feira (14/07), pela partida de ida das oitavas de final da Libertadores. O confronto marcou também a estreia de Renato Gaúcho como técnico do Mais Querido. O desempenho do time rubro-negro, por sua vez, foi muito abaixo do normal. A equipe sofreu pressão e teve muitas dificuldades para criar. Ainda assim, além da importante vitória, o jogo teve aspectos táticos interessantes para o novo treinador analisar.
O Mais Querido entrou em campo em uma formação bem diferente do que vinha atuando. Com Rogério Ceni, a equipe jogava, com a bola, em uma espécie de 3-2-3-2, recuando o Filipe Luís para fazer a saída junto com os dois zagueiros. Já com Renato, o Flamengo atuou em um 4-2-3-1 e a saída era feita pelos 2 defensores, com os laterais mais adiantados e sem um volante recuar para a zaga – como era no time do Jorge Jesus.
Na frente, Arrascaeta atuou centralizado, Everton Ribeiro aberto na direita e Michael na esquerda, com Gabigol de referência. Vale destacar que o camisa 9 costuma render melhor quando atua ao lado de um outro atacante. Mas, Bruno Henrique estava suspenso e Renato optou pela outra formação. Os desfalques, inclusive, fizeram muita falta. Sem Rodrigo Caio, Arão e Diego, o time jogou com Gustavo Henrique e Léo Pereira na zaga, além de João Gomes e Thiago Maia de volantes.
A dupla de zaga não atuava junta há um tempo e João Gomes nunca tinha começado uma partida ao lado de Thiago Maia – que foi titular apenas pela segunda vez desde a grave lesão que sofreu em novembro do ano passado. O resultado foi um time com muitas dificuldades para sair jogando. Além de ter uma saída de bola diferente (com 2 jogadores, ao invés de 3), os atletas estavam muito mal na partida, principalmente os volantes – deixando clara a falta que Arão faz à equipe.
O Defensa y Justicia não dava tranquilidade ao Flamengo. A equipe marcava em cima, bem compacta. Com os volantes rubro-negros em uma noite ruim, o time não conseguia passar direito pelas linhas de marcação. Everton Ribeiro e Arrascaeta também não estavam bem e Gabigol não recebia a bola. O principal alvo de “escape” do time, então, foi justamente o criticado Michael. O ponta teve uma boa atuação, indo bem nos dribles, com inteligência, acertando passes e na vontade e velocidade de sempre.
Aos 22 minutos, saiu o gol, justamente nos pés dele. Gustavo Henrique deu um lançamento para Michael, que errou o domínio, mas foi para cima, cortou para direita, chutou, contou com o desvio e balançou as redes. O Flamengo ainda conseguiu criar outras jogadas no primeiro tempo, sempre passando pelo ponta. O Defensa y Justicia, por sua vez, criava mais aproveitando os erros de passe da defesa rubro-negra.
Entretanto, na segunda etapa, a situação piorou. Se no primeiro tempo o Flamengo tinha dificuldades, no segundo a equipe simplesmente não conseguia jogar. O Defensa teve 63% de posse de bola – antes foram 50% – e deu 8 finalizações, sendo 4 a gol. O time argentino conseguiu criar ótimas chances, sem depender apenas dos erros de passe da defesa rubro-negra. Com 30 minutos, já tinham perdido um gol em que o jogador recebeu livre, cara a cara, e chutou para fora, bateram uma falta que passou raspando, cabecearam sozinho na pequena área e deram um lindo chute, que parou em defesa espetacular de Diego Alves.
O Mais Querido, por sua vez, manteve o esquema por quase todo o segundo tempo e só criou em 2 jogadas, ambas com Gabigol. Na primeira, aos 24, Arrascaeta lançou o camisa 9, que avançou na velocidade, entrou na área, chutou cruzado e parou no goleiro. Na segunda, o camisa 9 pegou no meio de campo, foi cortando para dentro, passou para Thiago Maia, que abriu em Michael. O ponta serviu o centroavante dentro da área, que finalizou, mas foi travado.
Renato Gaúcho fez a primeira mudança aos 32, mas sem mudar a estrutura do time. Tirou Michael e colocou Vitinho, ou seja, dois jogadores de velocidade. A formação só mudou aos 41. O técnico botou Matheuzinho, Bruno Viana e Pedro, nas vagas de Isla, Thiago Maia e Everton Ribeiro, colocando a equipe em um 5-1-2-2. Depois, tirou Arrascaeta e colocou Piris da Motta. Vitinho ficou aberto na direita, Gabigol na esquerda e Pedro na frente, indo para um 5-4-1, para segurar o placar.
A atuação foi longe de ser uma com a cara do Flamengo dos últimos anos. Ainda assim, conseguiu o que era o mais importante: a vitória. Vai para a partida de volta com a vantagem do empate. Renato Gaúcho praticamente não teve tempo de trabalho, então não dá para culpá-lo pela atuação. Entretanto, o treinador pode absorver lições interessantes do confronto, como a questão do time ternura saída de bola melhor com 3 jogadores, além do Gabigol render mais ao lado de outro atacante.