Análise Tática Flamengo 1 x 0 Corinthians: Atuação espetacular dos reservas

Mais Querido teve grande partida e emendou a terceira vitória consecutiva

(Foto: Reprodução/Alexandre Vidal/Flamengo)

O Flamengo venceu o Corinthians nesta quarta-feira (17/11), no Maracanã, pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro. O Mais Querido atuou com o time praticamente inteiro reserva, só que não foi um problema. Embalado pelos quase 50 mil torcedores, que cantaram do começo ao fim, o time teve uma ótima atuação e conseguiu a vitória por 1 a 0, com gol de Bruno Henrique no último minuto. A partida teve aspectos técnicos e táticos bem interessantes para o rubro-negro, que espantou de vez o mau momento e chegou no terceiro resultado positivo consecutivo.

Com apenas David Luiz de titular, o Flamengo entrou em campo em uma espécie de 4-3-3, com: Hugo Souza; Matheuzinho, David Luiz, Léo Pereira e Ramon; Thiago Maia, João Gomes e Diego; Kenedy, Vitinho e Victor Gabriel. Dessa forma, a equipe ficou com jogadores de velocidade pelas duas pontas, sendo Kenedy na direita e Vitinho na esquerda, além de um homem de referência na área. No meio, Diego atuou mais adiantado, de fato como um camisa 10, enquanto João Gomes se movimentava e Thiago Maia fazia a sustentação defensiva.

Vale destacar que Thiago Maia é 1° volante de origem, embora tenha atuado muitas vezes de 2°, onde não rende tanto. Já contra o Corinthians, atuando como primeiro homem do meio, Maia teve uma atuação espetacular. Ele era o responsável por recuar entre os zagueiros para fazer a saída de bola, o que fez muito bem, acertando 65 passes, com 90,3% de aproveitamento, além de 6 bolas longas em 7 tentadas. Mas, foi na defesa que se destacou ainda mais. O jogador tomou conta do meio, não deixando o adversário jogar. Fez um total de 4 desarmes, 4 interceptações, 1 corte e ganhou 5 de 7 nos duelos do chão.

O Corinthians, assim, não conseguiu jogar. Um outro motivo é que o Flamengo foi muito bem na marcação pós-perda de bola. Com as linhas altas, o time sufocou o adversário, que praticamente não conseguiu sair jogando e criar situações de perigo. Os laterais e zagueiros também estavam muito atentos, venceram a maioria dos duelos e fizeram ótimas coberturas. Matheuzinho, por exemplo, levou a melhor no embate contra Roger Guedes, enquanto Ramon e, posteriormente, Filipe Luís não deixaram Gabriel Pereira e Gustavo Silva fazer jogadas pelo setor.

Já com a bola, o Flamengo rodava bastante. No primeiro tempo, entretanto, o time não conseguiu criar tantas oportunidades. O principal motivo é que quase todas as jogadas buscavam o lado de campo, raramente tabelando pelo meio. Quando tentava, Vitor Gabriel, que teve má atuação, não fazia bem o pivô e o time desperdiçava. Kenedy e Vitinho eram os que mais tentavam furar a marcação, mas não estavam em um dia inspirado e também não conseguiram fechar bem as jogadas.

No intervalo, Renato fez três mudanças. Botou Gustavo Henrique na vaga de David Luiz, Filipe Luís no Ramon e Bruno Henrique no Victor Gabriel. A formação continuou a mesma, só que com BH jogando centralizado, como um verdadeiro centroavante. Surtiu efeito e o Flamengo melhorou na partida. O camisa 27 se movimentou bastante e ganhou quase todas as disputas aéreas. Mas, ainda faltava algo, já que os pontas não estavam bem. Então, aos 15, Michael entrou na vaga de Vitinho.

O efeito foi imediato. No minuto seguinte, Micha recebeu, cortou para dentro e deu grande passe para infiltração de Bruno Henrique, que chutou em cima de Cássio. Mas, quem achava que seria Michael o ponta que entraria e mudaria o time, se enganou. O camisa 19 elevou o nível e era uma arma, mas não conseguiu fazer muitas jogadas, pois estava bem marcado por Fagner. Entretanto, aos 24, Renato Gaúcho fez outra mudança, que foi determinante: Tirou Kenedy e botou Rodinei.

Kenedy até estava lutando, mas não conseguiu caprichar nas jogadas. Melhorou um pouco no segundo tempo e deu um chute perigoso, só que tinha um problema. Como ele é um canhoto que atua na direita, o ponta raramente ia ao fundo, fazendo quase todas as jogadas cortando para dentro, mas sem concluí-las direito. Já com Rodinei, que é um lateral de origem, o time passou a ganhar mais profundidade, já que o jogador tem a tendência de avançar pelo corredor e fazer o cruzamento.

A equipe rubro-negra estava muito bem na partida. O time encurralava o Corinthians, sem deixar o adversário ameaçar, e rodava a área ofensiva com perigo, fazendo também jogadas por dentro. João Gomes e Diego eram quem mais apareciam pelo meio, mas Thiago Maia e até Filipe Luís também tabelavam pelo setor. O Mais Querido chegou com perigo algumas vezes, seja arriscando de fora, em cruzamentos ou na bola parada. Diego assustou em falta, João Gomes balançou a trave após escanteio e BH recebeu na cara de Cássio, após belo passe de cabeça de Rodinei.

Então, quando parecia que o jogo não iria sair do zero, veio a euforia total. No último minuto, Rodinei passou para Diego no meio e avançou em velocidade pelo corredor. O camisa 10 devolveu de primeira, acionando o ponta no fundo. Rodi, entretanto, estava bem marcado, com dois em cima dele. Então, ele fez uma jogada sensacional. Com um toque, deu uma caneta espetacular em Gabriel, limpando a marcação e ficando com espaço para cruzar na medida para Bruno Henrique na segunda trave. O atacante cabeceou e mandou para o fundo das redes, dando a vitória ao Mais Querido.

O jogo, então, foi ótimo para o Flamengo. Mesmo atuando com o time reserva, a equipe se impôs, teve intensidade, marcou pressão, não deixou o Corinthians criar, controlou o confronto e conseguiu a terceira vitória consecutiva. A série de resultados positivos é ótima para espantar de vez a má fase e mudar completamente o ambiente, faltando 9 dias para a grande decisão da Libertadores. Além disso, foi muito bom para ver alguns reservas se destacarem e mostrarem que são ótimas opções, como Thiago Maia, João Gomes e o próprio Rodinei, que entrou bem de novo como ala.