O Flamengo entra em campo neste sábado (29/10), às 17h, no Estádio Monumental, em Guayaquil, no Equador, pela final da Libertadores. Pode ser o segundo título do Mais Querido em dez dias, algo que, no começo da temporada, parecia muito distante. Depois de um começo muito ruim com Paulo Sousa, o time mudou drasticamente após a chegada de Dorival e as mudanças táticas do novo treinador.
Quando Paulo Sousa era o técnico, o time atuava em um 3-4-2-1. Na primeira linha, David Luiz costumava atuar pela direita, com Pablo centralizado e Filipe Luís na esquerda. Na segunda, um ala na direita (Rodinei, Matheuzinho ou Isla), um pela esquerda (Bruno Henrique ou Lázaro) e dois volantes, normalmente Arão e João Gomes ou Andreas. Na frente, Gabigol de centroavante, com Arrascaeta e Everton Ribeiro ou BH por trás.
Já com Dorival Júnior, o time mudou completamente. Inicialmente, o técnico colocou a equipe em um 4-2-3-1. A dupla de volantes era João Gomes e Andreas Pereira, com Everton Ribeiro fazendo a meia-direita, Arrascaeta centralizado, Bruno Henrique aberto na esquerda e Gabigol na frente. Entretanto, com a lesão de BH logo no segundo jogo do treinador, ele teve que repensar a estratégia.
Inicialmente, até tentou manter o esquema, colocando Vitinho na vaga de Bruno Henrique para enfrentar o Atlético-MG no Mineirão pelo Campeonato Brasileiro. Mas, o time não rendeu e perdeu por 2 a 0. Já o jogo seguinte foi novamente contra o Galo fora de casa, dessa vez pela ida das oitavas da Copa do Brasil. Dorival, então, optou por jogar em um 4-3-3, com Arão, João Gomes e Andreas no meio, ER7, Arrascaeta e Gabigol na frente.
Novamente, o time não jogou bem. Saiu perdendo por 2 a 0, com o Galo pressionando. Mas, na metade do segundo tempo, mudou de esquema e peças. Colocou Rodinei na vaga de Matheuzinho na direita, Thiago Maia de volante no lugar do Arão, Lázaro entrou, Andreas saiu e Pedro substituiu Everton Ribeiro. Equipe voltou a um 4-2-3-1, que variava para o 4-4-2. Deu certo. A equipe descontou com Lázaro, após cruzamento de Rodinei.
Já no jogo seguinte, contra o América-MG, Dorival Júnior testou novidades para iniciar o confronto, fazendo um esboço do que seria o time que hoje se tornou o “das Copas”. Testou o time no 4-1-2-1-2. Rodinei foi o titular na direita, tendo grande atuação, com Gustavo Henrique e Léo Pereira na zaga, enquanto Ayrton Lucas na esquerda. No meio, uma espécie de losango, mas tendo três volantes.
Thiago Maia ganhou a vaga de Arão como primeiro homem, João Gomes passou a atuar na frente dele pela esquerda, com Andreas à direita. Mais na frente, Arrascaeta ficou centralizado, como um “camisa 10”, atrás da dupla de ataque. Pela primeira vez com Dorival, Pedro e Gabigol inciaram juntos. O primeiro gol da vitória por 3 a 0, inclusive, foi com gol do camisa 9, após assistência do 21.
O jogo seguinte foi a partida de ida das oitavas de final da Libertadores, contra o Tolima, fora de casa. Mesmo com a boa atuação contra o América-MG, Dorival ainda não estava seguro com a formação e optou por retornar ao 4-3-3, com Pedro no banco. A partida, entretanto, foi a primeira do sistema defensivo que se tornou o principal iniciando junto com o técnico, tendo Santos no gol, Rodinei e Filipe Luís nas laterais e a zaga formada por David Luiz e Léo Pereira, todos com grandes atuações.
No meio, entretanto, o treinador, sem João Gomes, suspenso, colocou Diego como primeiro volante, com Thiago Maia à frente dele pela esquerda e Andreas à direita. Na frente, o trio ofensivo ficou com Everton Ribeiro mais à direita, Arrascaeta na esquerda e Gabigol de centroavante. A atuação não foi das melhores, mas o time venceu por 1 a 0, com golaço de Andreas de fora da área, no que foi o último jogo dele pelo Flamengo.
O belga parecia uma peça muito importante do time de Dorival, pois, após um começo de ano terrível, vinha em uma boa fase. A saída dele parecia que seria difícil de ser suprida, já que a janela ainda estava fechada e o elenco não tinha outro volante com as mesmas características. Entretanto, Dorival achou uma solução espetacular, fazendo o time não sentir falta nenhuma do atleta.
Na partida de volta contra o Tolima, no Maracanã, surgiu o “time das Copas”. O treinador colocou a equipe no 4-1-2-1-2. O sistema defensivo foi o mesmo da ida. Já no meio, Thiago Maia ficou de primeiro volante, fazendo a contenção. João Gomes fica na frente dele à esquerda. Para a vaga de Andreas, por dentro à direita, Dorival botou Everton Ribeiro.
Atuando por dentro, não mais como um meia aberto na direita como vinha fazendo nos últimos anos, Everton Ribeiro voltou a viver grande fase. O camisa 7 passou a participar bem mais do jogo e ser fundamental mas ações ofensivas do Flamengo. Arrascaeta, por sua vez, ficou na outra ponta do losango, como um meia-armador, centralizado, atrás dos atacantes.
Na dupla de ataque, Pedro fez um papel que o time precisava muito: o de ser um pivô referência. Assim, o centroavante passou a prender a marcação adversária, atraindo atenção dos zagueiros e segurando eles, abrindo, assim, espaço para outros jogadores se movimentarem. Além disso, o time voltou a ter um jogador de área para explorar as bolas aéreas e ser matador.
Já Gabigol precisou mudar de função e fez isso com mestria. Deixou de ser um centroavante e passou a ser quase um meia-armador. Isso porque, passou a atuar mais recuado, com a movimentação constante de sempre, e dando muitas assistências. O jogador também aproveitou a presença de mais um centroavante para explorar os buracos que a defesa adversária deixa.
O resultado foi imediato, com o 7 a 1 em cima do Tolima. Depois, o time foi mantendo o ritmo, sempre com essa formação. Thiago Maia importantíssimo na contenção e auxiliando a saída de bola, João Gomes sendo o motor, para dar energia na marcação do meio de campo, enquanto Rodinei sempre atacando pela ala-direita e Filipe Luís construindo pela esquerda.
Agora, contra o Athletico, a formação deve ser a mesma. Além disso, Dorival tem opções importantes no banco, como Vidal, para ser um volante com muita lucidez no passe e finalização de fora, e Cebolinha, que pode dar a velocidade e drible para um segundo tempo. Time precisa também manter a intensidade na marcação e movimentação no ataque. Caso faça isso, tem tudo para ter um grande jogo.