O Flamengo empatou em 1 a 1 com o Fluminense, neste sábado (02/04), o que resultou no vice do Campeonato Carioca, devido à derrota no jogo de ida por 2 a 0. Mas, a perda do título não foi o que chamou mais atenção e nem o mais preocupante. O que de fato assustou foi a postura e posicionamento tático do time. Mesmo precisando correr atrás do placar para conquistar o inédito tetra, o rubro-negro foi um verdadeiro nada e teve péssima atuação.
Paulo Sousa escalou o Flamengo na mesma estrutura tática de costume, em uma espécie de 3-4-2-1. Mas, em busca da virada, Paulo Sousa fez seis mudanças no time titular. Fabrício Bruno sentiu no aquecimento e, com isso, Gustavo Henrique começou na linha de três pela direita, com David Luiz de zagueiro central e Filipe Luís pela esquerda. Já na ala-direita, Rodinei substituiu Matheuzinho, enquanto Andreas Pereira ganhou a vaga de Arão, ao lado de João Gomes, e Lázaro foi o ala-esquerdo, ao invés de Marinho.
Já no setor ofensivo, Arrascaeta e Bruno Henrique se recuperaram e iniciaram a partida como titulares, colocando Everton Ribeiro no banco, enquanto Vitinho, lesionado, não foi relacionado. As escolhas individuais, em si, foram boas. Teoricamente, com Andreas no lugar de Arão, o Flamengo passaria a ter um construtor a mais, já que é um volante mais técnico, com passe longo e finalização. Já o trio de ataque é o considerado “ideal”, enquanto Rodinei e Lázaro vinham sendo os melhores alas do time da temporada.
Precisando reverter o placar de 2 a 0, o que se esperava era que essa equipe atuaria com as linhas altas, intensa, marcando pressão e se movimentando. Mas, não foi o que se viu. Pelo contrário. O Mais Querido atuou com as linhas defensivas bem baixas, tendo os jogadores no campo de defesa em boa parte do tempo, esperando o Fluminense atacar e abusando das bolas longas, principalmente de David Luiz. Na frente, um buraco no meio de campo, pouquíssima intensidade, quase nenhuma jogada trabalhada e falta de inspiração.
Com isso, o Fluminense foi superior em boa parte do jogo, principalmente no primeiro tempo. Com as linhas defensivas do Flamengo baixas, o Mais Querido não marcava pressão e o tricolor saía jogando com tranquilidade. Já no meio de campo, o Mais Querido também não pressionava e o adversário trocava passes rápidos, com Ganso tendo muita liberdade para jogar e construir.
O tricolor, inclusive, era superior ao Flamengo, quando o Mais Querido abriu o placar. O gol rubro-negro foi da única jogada que o time tentava: a bola longa. Com o Fluminense marcando mais em cima, dessa vez Hugo quem deu o lançamento na direção de Bruno Henrique, que escorou de cabeça para Arrascaeta. O uruguaio dominou, driblou Manoel, entrou na área e cruzou para Gabigol marcar.
Entretanto, quem achava que o Mais Querido iria “despontar” depois do gol, se enganou. A impressão que passou, inclusive, foi que o Flamengo estava na frente do placar geral, pois, após Gabigol balançar as redes, o rubro-negro baixou ainda mais as linhas e o tricolor passou a controlar mais a bola no campo de ataque. O time de Paulo Sousa, inclusive, defendia mal, tendo um buraco na direita, já que Arrascaeta não conseguia fazer a recomposição no setor.
O Fluminense conseguiu empatar na primeira etapa. O lance, de fato, começa com um erro da arbitragem. Gabigol sofreu falta dura de David Braz na entrada da área, que o juiz não marcou. Mas, após o lance, o tricolor foi para o ataque calmamente, trocando passes, sem o Flamengo pressionar em nenhum momento o adversário. A bola chegou no campo ofensivo pela direita com Ganso, marcado por Andreas, que passou para Arias, com Gustavo Henrique em cima.
Então, Andreas soltou Ganso e foi fazer uma dobra em Arias. Assim, o meia tricolor entrou na área com tranquilidade, recebeu a bola e conseguiu dar a assistência para Cano, com liberdade, marcar e jogar uma ducha de água fria no Flamengo. a partida foi par ao intervalo em 1 a 1.
Segundo tempo
O Mais Querido voltou para o segundo tempo com a mesma equipe e o mesmo futebol. Então, aos 8, Paulo Sousa colocou Everton Ribeiro na vaga de Andreas Pereira. O camisa 7 entrou bem. Assim como João Gomes, o jogador foi participativo e tentava conduzir a bola, mas o time, coletivamente, continuava muito mal.
Com a equipe tentando avançar, acabava deixando espaço atrás. Em uma bola longa para Cano, o jogador ficou no mano a mano com Filipe Luís, que botou a mão e fez pênalti. Na batida, aos 18, Hugo defendeu. Logo em seguida, para tentar pegar o embalo da defesa e ainda com 30 minutos de jogo restante, Paulo Sousa fez duas substituições. Botou Matheuzinho e Pedro, nos lugares de Rodinei e Lázaro.
O jovem entrou na ala-direita mesmo. Já Pedro ficou como centroavante de referência, recuando Gabigol para trás dele, pela direita, e invertendo Arrascaeta para esquerda. Já Bruno Henrique saiu do trio ofensivo e foi para a ala-esquerda. A equipe até melhorou um pouco. Quase logo depois, Pedro teve uma grande chance, na qual Everton Ribeiro fez boa jogada pela esquerda e serviu o atacante na meia-lua. Entretanto, dominou mal e acabou chutando no meio do gol.
Apesar de uma leve melhora inicial, o time voltou a cair de rendimento. Paulo Sousa ainda botou Arão na vaga de Gustavo Henrique aos 30, para ter mais um construtor em campo, só que não mudou quase nada. Sem conseguir fazer jogadas coletivas, o Flamengo abusava de lançamentos e bolas aéreas, tendo cruzado 25 vezes no confronto. Entretanto, o aproveitamento foi muito ruim, tendo acertado apenas três deles e o time não conseguiu mais assustar.
A partida, então, foi bem decepcionante e desanimadora. O Flamengo foi um nada no quesito tático, não teve intensidade, os jogadores não estavam inspirados no quesito técnico, a marcação foi em bloco baixo e sem pressão. Paulo Sousa terá que mudar muito a postura da equipe, caso queira conquistar títulos na temporada.