Os recentes episódios acontecidos nas transmissões dos jogos do Campeonato Carioca não são novidade. No torneio de 2021 aconteceram as mesmas falhas, tais como torcedores não conseguindo acessar a plataforma, transmissão congelada ou interrompida, dentre outras.
Um ano depois, era de se supor que os problemas tivessem sido identificados e corrigidos, mas isso não aconteceu. Assinamos os pacotes esperando por uma transmissão com qualidade para torcermos pelos nossos times de coração e mais uma vez nos vimos frustrados.
Um parêntese: desde o ano passado tenho dito que sou totalmente a favor de que os estaduais sirvam de experimento para mais uma plataforma de transmissão além das existentes, até porque o atual contrato do Campeonato Brasileiro se encerrará em 2024. É fundamental, portanto, ter esta plataforma testada pelos torcedores e fãs, pois, certamente, será uma das opções (talvez a maior) na época do novo contrato e já amplamente utilizada em todos os mercados desenvolvidos.
Como não sou especialista neste assunto, procurei ler sobre ele e conversar com alguns entendidos. A conclusão a que cheguei aponta para vários responsáveis, desde a empresa contratada, a Sportsview, a Fferj, os clubes e as plataformas de disponibilização da imagem para os assinantes, no caso do Flamengo, a Brado Media.
A Sportview, a mesma do ano passado, por dois motivos: não se estruturou e não se preparou adequadamente para apresentar uma operação segura no sentido de transmitir o sinal com baixíssima probabilidade de interrupção, além de proporcionar um produto de baixa qualidade, com poucas câmeras, caracteres de placar e tempo que sumiam à toda hora, etc.
A Fferj e os clubes certamente não procuraram conhecer em detalhes como seriam produzidos os jogos e transmitido o sinal, se com qualidade e com baixíssimo risco de interrupção.
No caso do Flamengo, a plataforma contratada, Brado Media, também a mesma empresa do ano passado, não suportou a quantidade de acessos simultâneos e, por isso, o assinante não conseguiu assistir à partida.
Ou seja, não adianta empurrar a culpa de um para o outro porque são todos responsáveis e, pelo que eu apurei, são problemas relativamente fáceis de resolver. Só que custa um pouco mais de dinheiro! Mas é um dinheiro que vale a pena gastar, pois, como sempre digo, neste caso trata-se de um investimento e não de uma despesa.
Entretanto, uma vez feito de maneira equivocada, sem o cuidado requerido, vai representar um “tiro no pé “, pois afeta a imagem do clube e atrapalha o desenvolvimento desta forma de transmissão que, possivelmente, será a que mais recursos trará para os clubes.
Ainda há tempo para corrigir definitivamente estes problemas, mas tem que abrir os bolsos e investir pesado em parceiros testados em grandes operações e, antes de assinar os contratos, entender como os serviços serão prestados.
Temos tido vários exemplos de empresas que prestam estes serviços para grandes audiências sem apresentar nenhum tipo problema, tais como o YouTube e a Twitch. Em julho de 2020, aconteceu um Fla x Flu transmitido pelo YouTube com cerca de 3,6 milhões de pessoas assistindo simultaneamente. O mesmo ocorreu em julho de 2020, em Flamengo x Boavista, exibido no canal da Fla TV no YouTube para 2,1 milhões de espectadores. Na semana passada, o streamer Casimiro bateu o recorde de espectadores em transmissões no seu canal na Twitch com aproximadamente 545 mil pessoas assistindo ao mesmo tempo.
Tudo bem que são plataformas que cobrarão um bom dinheiro para transmitir e terão o controle dos dados, este último muito importante para os clubes, mas que se utilize delas pelo menos até que o clube consiga garantir a entrega do produto com qualidade.
Ou seja, não tem nenhum mistério. Basta querer e ter as pessoas que sabem fazer.
Como diz um amigo meu, “se é pra fazer, tem que fazer direito“. até a próxima!