O Flamengo retorna neste domingo às 11h a Caxias do Sul, na serra gaúcha, onde enfrenta o Juventude pela 7ª rodada do Campeonato Brasileiro, depois de oito anos. O histórico do rubro-negro na fria cidade é bastante desfavorável. Em 15 jogos, foram apenas três vitórias. Mas uma derrota em especial entrou para a história por ter sido o último jogo de Romário com a camisa do Flamengo.
No dia 10 de novembro de 1999, pelo Campeonato Brasileiro, o rubro-negro encararia o já rebaixado Juventude em sua casa. O jogo valia para o Fla a classificação para as quartas de final do campeonato. Para conseguir o seu objetivo o Mengão precisava da vitória e de uma combinação de resultados. A equipe, comandada pelo técnico Carlinhos, perdeu por 3 a 1 e deu adeus ao torneio. Uma derrota comum, não fosse pelos fatos que o Diário do Fla conta nesta reportagem.
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O campeonato: Flamengo chega a liderar junto com Corinthians mas morre na praia
Em 1999 o Flamengo vencera o Vasco na decisão do Estadual e começava bem o ano. Com um novo presidente desde o fim de 1998, Edmundo Santos Silva, o clube tinha boas peças em seu time, casos de Romário, Athirson, Beto, Leandro Ávila, Clemer e Fábio Baiano. O treinador era Carlinhos, o maior vencedor de Brasileiros pelo clube. Havia grande expectativa para o Brasileiro, afinal o Fla já estava há sete anos sem conquistar um, o maior jejum de sua história, que só queria quebrado dez anos depois, em 2009.
As boas expectativas criadas foram correspondidas nos primeiros jogos do torneio. Nas 12 primeiras rodadas (eram 21 na época) o Fla venceu 7 jogos e duelava com outros clubes pelas primeiras colocações. Algumas partidas foram memoráveis, como a vitória sobre o Corinthians por 2 a 1 em pleno Pacaembu, com direito a show de Romário e um impiedoso 5 a 2 sobre o Vitória no Maracanã.
Após as 12 primeiras rodadas o rubro-negro tinha os mesmos 25 pontos que o Corinthians na ponta da tabela e sete de vantagem para o 9º colocado Atlético-MG. Entretanto, a partir do jogo com o próprio Galo o Flamengo despencou. No Mineirão o Fla levou de 3 a 0 e até a última rodada, contra o Juventude em Caxias do Sul, o time só conseguiu vencer um jogo nos últimos nove, somando pífios quatro pontos em 27.
O melancólico último jogo de Romário pelo Flamengo
O bom início ainda mantinha vivas as possibilidades de classificação do Flamengo às quartas de final. Na última rodada da primeira fase o Fla precisava derrotar o Juventude, já rebaixado, em Caxias do Sul e torcer para que Palmeiras e Atlético-MG não derrotassem, respectivamente Internacional e Grêmio. Entretanto nem a própria parte o Flamengo fez, sendo derrotado por 3 a 1.
Jogando sob o já famoso frio de Caxias do Sul, o Flamengo conseguiu abrir o placar com Romário aos sete minutos da etapa inicial. Após o gol a equipe do técnico Carlinhos se acomodou na partida. Aos 13 e 14 minutos o Juventude teve a chance de empatar o duelo. Com Mário Tilico no segundo tempo, o alvi-verde conseguiu a virada. Tilico empatou aos seis do segundo tempo. Aos 39 Célio Silva virou a partida e aos 44 de novo Mário Tilico fechou o caixão. Para piorar, os adversários que o Fla secava venceram suas partidas. Com isso a equipe carioca terminou em uma melancólica 12ª colocação.
Após a eliminação a reação do presidente Edmundo Santos Silva foi de indignação e revolta, mas suas declarações pesadas davam o tom de que algo grave havia acontecido nos bastidores do clube. O dirigente afirmou à época que não toleraria falta de profissionalismo mais na temporada seguinte e que jogadores iriam deixar o Flamengo. Romário, o principal jogador do clube, foi o bode expiatório.
Noitada após derrota foi ato final de Romário pelo Fla
Após a derrota o Flamengo enfrentaria o Internacional por uma seletiva que daria ao vencedor uma vaga na Libertadores. Porém o jogo ficou em segundo plano, ao vir à tona que Romário, Leandro Machado e Fábio Baiano participaram de uma festa com mulheres na noite da eliminação da equipe no Brasileiro. Como jogaria contra o Inter quatro dias depois, o Fla permaneceu concentrado na serra gaúcha. Os três jogadores fugiram do hotel para se divertir e fotos vieram à tona explodindo a crise na Gávea. Sem Romário, o Fla foi eliminado pelo Inter.
Romário passou toda a temporada de 1999 às voltas com problemas musculares e em litígio com o então homem forte do futebol rubro-negro, o ex-goleiro Gilmar Rinaldi. O dirigente foi o principal artífice da saída do craque do Flamengo. Influente com o presidente Edmundo dos Santos Silva, Gilmar o convenceu a rescindir o contrato de Romário, que na temporada seguinte voltaria ao Vasco.
A passagem de Romário pelo Flamengo foi marcada por um caminhão de gols marcados pelo atacante. Em 240 jogos com a camisa rubro-negra, Romário marcou 204 gols, o que o coloca como o quarto maior artilheiro da história e com uma elevada média de 0,85 gols por partida. O baixinho conquistou a Copa Mercosul de 1999, da qual não jogou as finais, mas participou de toda a campanha. Além disso, ele ergueu com a camisa do Fla dois cariocas (1996 e 1999) e as Taças Guanabara (1995, 1996 e 1999) e Rio (1996), além de torneios não-oficiais.