Seleção Feminina rompe barreiras e busca sonhado ouro Olímpico em Tóquio

Seleção estreia nesta quarta-feira, às 5h, contra a China

(Foto: Reprodução/Richard Callis/SPP/CBF)

A Seleção Brasileira de futebol feminino estreia nas Olimpíadas de Tóquio nesta quarta-feira (21/07), às 5h, contra a China. A partida marca o começo da trajetória rumo ao inédito ouro olímpico e as expectativas em cima da equipe estão muito altas. Um dos motivos pela esperança da torcida é o crescimento da modalidade no país, que se acentuou em 2019.

O futebol feminino no Brasil demorou para começar, devido ao machismo forte no país. Não é exagero. Até 1979, existia uma lei que proibia as mulheres de praticarem o esporte. Mesmo após ser permitida a prática, apenas em 1983 a modalidade foi regulamentada, sendo, então, permitida as competições e o ensino nas escolas. Ainda assim, demorou para a CBF e as federações darem visibilidade.

A primeira participação em Copa do Mundo foi em 1991, ou seja, há 30 anos. Em termos de comparação, a equipe masculina já era tricampeã Mundial na época e participava do torneio há 61 anos. A preparação foi bem amadora, assim como na primeira Olimpíadas disputada pela Seleção feminina, em 1996.

A equipe passou a ter mais visibilidade nas Olimpíadas de 2004, na Grécia, já com Marta e Cristiane, quando conseguiu a medalha de prata e deu início a uma geração vitoriosa, que rompeu muitas barreiras. Em 2007, foi o ano que começou uma guinada na modalidade no país. Com o Pan-Americano sendo disputado no Rio, a torcida lotou o Maracanã na final e viu a seleção ser campeã, com uma goleada em cima dos Estados Unidos. No mesmo ano, a equipe ainda foi vice-campeã Mundial e Marta foi eleita Melhor do Mundo pela segunda vez.

Nas Olimpíadas de 2008, o Brasil se manteve como uma das potências, sendo prata novamente e Marta venceu o título de Melhor do Mundo de novo. No ano seguinte, teve a primeira edição da Libertadores Feminina da história, conquistada pelo Santos, que tinha a Rainha e Cristiane no time. Em 2015, mais um ouro no Pan-Americano, caindo nas oitavas. Em 2018, Marta ganhou a Bola de Ouro pela 6ª vez.

Essa geração foi fundamental para a visibilidade para o futebol feminino no país e, em 2019, uma medida da Conmebol alavancou de vez a modalidade no Brasil. Isso porque, a entidade criou uma norma que, para poderem disputar os torneios dela (Libertadores e Sul-Americana), os clubes devem ter equipes masculina e feminina. Assim, os times brasileiros foram “obrigados” a criar a modalidade.

Tal medida, somada à Copa do Mundo Feminina de 2019, que teve transmissão da TV Globo, resultou em um crescimento e maior investimento para o futebol feminino. Os clubes contrataram atletas de mais nome e o Campeonato Brasileiro passou a ter mais peso. No mesmo ano, a Band passou um jogo por rodada da A1 e A2 e, em 2020, foi a primeira vez em que todos os jogos da primeira divisão foram transmitidos, seja em TV aberta (Band), internet (CBF via MyCujoo), ou TV fechada (semifinais e finais pela ESPN). Desde 2019, a CBF também passa o Brasileiro sub-18.

O impacto bateu na Seleção Brasileira também. Para começar, após a péssima campanha na Copa do Mundo de 2019, o técnico Vadão (que faleceu em maio do ano passado) foi demitido. No lugar dele, foi contratada a sueca Pia Sundhage, sendo a primeira treinadora estrangeira da história da equipe. A técnica é de altíssimo nível, tendo 2 ouros e 1 prata nos últimos 3 Jogos Olímpicos,

A equipe, então, mudou totalmente de nível e o desempenho empolga a torcida. Nos 17 jogos oficiais no comando da Seleção Brasileira, Pia tem 11 vitórias. Além disso, ela começou uma renovação no elenco. Marta e Formiga ainda estão na seleção, mas Cristiane, por exemplo, não foi convocada pela treinadora.

A renovação do grupo se deu principalmente pela medida da Conmebol, pois muitas jogadoras começaram a aparecer e crescer no futebol brasileiro. A convocação comprova isso. Das 22 atletas chamadas, 11 atuam no Brasil. Em comparação, no Mundial de 2019 apenas 5 eram de clubes brasileiros. Já nas Olimpíadas do Rio, de 2016, a lista não tinha nomes que atuavam no país.

Ainda há muito para evoluir. Os salários não são altos e, por mais que tenha aumentado, os jogos não tem tanto espaço na TV aberta ou fechada. Não há também programas que debatem sobre o futebol feminino. Ainda assim, há uma clara evolução. Um ouro da Seleção nas Olimpíadas seria a melhor forma de coroar uma geração que revolucionou a modalidade, além de simbolizar essa passagem de bastão para um novo horizonte do  futebol feminino no país.

Como está o Flamengo no futebol feminino?

O Mais Querido teve uma equipe de 1995 a 2001, mas, sem o Campeonato Carioca no ano seguinte, o clube se desfez da modalidade. Retornou em 2011 e, em 2015, começou uma parceria com a Marinha do Brasil. No mesmo ano, conquistou o Estadual, sendo o primeiro título do time. Em 2016, além do bicampeonato estadual, venceu o Campeonato Brasileiro, sendo a primeira equipe fora de São Paulo a conseguir tal feito.

Em 2017, começou o novo formato, no qual o Flamengo sempre atuou na Série A1. Na primeira edição, parou nas quartas de final. Nos dois anos seguintes, as jogadoras rubro-negras chegaram na semifinal da competição, mas em ambas foram eliminadas para o Corinthians. Já em 2020 e na atual edição, o Mais Querido ficou a uma posição de se classificar para as quartas de final.

No Brasileirão sub-18, por sua vez, o Flamengo está classificado para a segunda fase. Esta é a terceira edição do torneio e a equipe rubro-negra se classificou em todas, mas nunca conseguiu avançar para a semifinal. As garotas, então, tem a chance de fazer história pelo time na competição. Ainda não saiu o calendário dos próximos jogos do torneio.

Vale destacar que o Flamengo está sempre de olho na captação de novas jogadoras, mas, no momento, não há uma data definida para a próxima peneira da equipe.