Em parceria firmada através da ISMA (International Sports Museums Association), da qual Flamengo e Benfica são membros, foi realizada uma visita técnica pelo Patrimônio Histórico do Mais Querido, intermediada pela diretora de Patrimônio Cultural do clube português, Inês Mata, responsável também pela construção e administração do Museu Benfica – Cosme Damião. Inaugurado em 2013, o museu é referência internacional em tecnologias de restauração, conservação, mediação e arquivologia.
O Museu Flamengo, cuja inauguração está prevista para os próximos meses, é fruto de um trabalho gradativo que já dura anos, como conta Rodrigo Saboia, gerente de Patrimônio Histórico do clube:
“Em 2013, quando cheguei no Patrimônio Histórico, a ideia inicial era restaurar os principais troféus do Flamengo, que estavam bem degradados e sem local adequado para acondicionamento. Outro desafio foi estruturar o departamento para atender a necessidades básicas, como organização, preservação e disseminação da rica história da nossa instituição. A partir desse instante, surgiu a oportunidade de assumir a exposição Fla Experience, na Gávea, que mais adiante mudamos o nome para Fla Memória. Isso possibilitou não só a recriação da Vice-Presidência de Patrimônio Histórico, bem como a obtenção de recursos e orçamento próprio, o que culminou no desenvolvimento do setor com um corpo técnico de jovens profissionais praticamente formados em casa ao longo dos anos. São museólogos, historiadores, arquivistas, pedagogo, guia de turismo e serviço social, divididos em quatro áreas: História, Museologia, Gestão Documental e Educativo do Museu Flamengo. Com essa combinação, aliada à parceria com a MUDE (expert em construção de museus desportivos), foi possível desenvolver o projeto do Museu Flamengo, que é um antigo sonho alimentado desde 1976, como contam conselheiros antigos”, disse Saboia.
A visita permitiu o intercâmbio de culturas e informações cruciais para essa nova etapa que o Flamengo se insere. Sobre a importância de se preservar a memória de um clube esportivo e com tradição poliesportiva, como são Flamengo e Benfica, Ines comentou.
“A história e a relevância social do desporto, dos clubes, dos atletas e dos adeptos é parte de um patrimônio comum que deve ajudar-nos a encontrar pontos de união e a definir valores éticos para o futuro”, afirmou.
Também foram visitados os Museus do Real Madrid e do Porto. As visitações ocorreram com o intuito de alinhar as visões do projeto do Museu Flamengo às experiências de casos de sucesso no ramo de preservação e divulgação da memória de associações esportivas. Foi possível que o Patrimônio Histórico ampliasse sua competência quanto aos desafios de divulgação científica, educação e mediação cultural e quanto às etapas e aos processos da rotina de curadoria museológica em instituições que envolvem tantas esferas da cultura, da geografia e até da constituição cidadã dos espaços que ocupam. Sobre isso, João Victor Conde Kelly, pesquisador e consultor do Patrimônio Histórico explicou.
“A condução assertiva do Patrimônio Histórico do Flamengo, com a integração de setores como a História, a Museologia, a Gestão Documental e o Educativo do Museu Flamengo, permite que o Museu seja não só um monumento necessário para a manutenção e exaltação da tradição, mas um instrumento de vanguarda na inserção do clube, de seus associados e de seus torcedores na prática de cidadania participativa da cidade, do estado e do país em que se encontram”, disse.
A inauguração do Museu Flamengo representa um tratamento ainda mais especial à memória do clube, dos atletas, de suas conquistas e, principalmente, de sua torcida. Além da construção e valorização de lugares de memória, o Museu passará a integrar com protagonismo o roteiro turístico oficial da Cidade do Rio de Janeiro, atraindo turistas de todo o mundo. A respeito disso, Rodrigo Saboia complementou.
“Em conjunto com a parceira MUDE e apoio de todo Conselho Diretor do Flamengo, estamos construindo um equipamento cultural moderno, impactante, que será motivo de orgulho para a Nação Rubro-Negra”, concluiu.