Manifesto contra a suspensão de Bandeira de Mello reúne assinatura de ex-presidentes do Flamengo

Márcio Braga, Hélio Ferraz e Kleber Leite estão apoiando o ex-presidente

Eduardo Bandeira de Mello consegue recurso para suspensão de votação que retirou direito político no clube
(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo)

Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, declarou em uma entrevista que se fosse o presidente do clube na época do incêndio no Ninho do Urubu, talvez a tragédia não teria acontecido. Essa declaração não pegou bem e pode ocasionar a suspensão do ex-presidente e na perda de seus direitos políticos. Essa suspensão será votada nesta segunda-feira, em sessão do Conselho de Administração.

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Isso tudo gerou um manifesto de apoio ao Bandeira de Mello que já reuniu 300 assinaturas, entre elas, estão as dos ex-presidentes Márcio Braga, Hélio Ferraz e Kleber Leite, além dos dos pré-candidatos de oposição Marcos Assef e Walter Monteiro, segundo informações da jornalista Gabriela Moreira e publicadas no “GE”.

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O mandato de Eduardo Bandeira de Mello terminou dois meses antes da tragédia e, segundo o ex-presidente, havia uma planejamento para os jovens deixassem o alojamento nos contêineres para os de alvenaria que já estavam disponíveis. A atual diretoria diz que a transferência não foi feita porque ainda faltava chegar camas e colchões.

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Leia o manifesto abaixo:

O FLAMENGO PEDE PAZ

“O ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Melo encontra-se sob ameaça de injusto processo, que pode resultar em sua SUSPENSÃO do quadro social do Clube, do qual faz parte desde 1978. Diante da gravidade desse fato, nós – associados, torcedores, amigos e admiradores de seu trabalho pelo Flamengo – tornamos público o seguinte manifesto:

– O Clube de Regatas do Flamengo é motivo de orgulho para seus associados e seus milhões de torcedores, gente de todas as cores, de todas as classes e de todos os lugares. Um Clube que há 125 anos sintetiza o Brasil, com uma trajetória marcada por grandes conquistas. Hoje, o Flamengo vive um dos melhores momentos de sua história: saudável economicamente, retomou o caminho das grandes conquistas.

– Durante seis anos (2013 a 2018), coube a Eduardo Bandeira de Mello estar à frente da gestão. Nesse período, o Flamengo passou por importantes mudanças, incluindo uma profunda reestruturação administrativa e financeira, que colocou o Clube em outro patamar. A Administração, marcada pela lisura, passou a ser apontada como padrão a ser seguido pelos demais clubes brasileiros. Agora,para a surpresa de todos, encontra-se em curso um processo que pode culminar com a exclusão de Eduardo Bandeira de Mello do quadro social do Flamengo. A partir da iniciativa de um pequeno grupo de associados, os Membros do Conselho de Administração foram instados a deliberar sobre um pedido de suspensão dos seus direitos políticos. Qual teria sido a grave infração cometida por Eduardo Bandeira? A manifestação de opinião em entrevista para um veículo da imprensa.

– Ao longo de sua história, o Flamengo e seus associados criaram mecanismos de governança que permitiram a convivência de pessoas de diferentes origens e estratos sociais. As eleições no Clube sempre foram festas da Democracia, momentos em que as diferentes visões eram submetidas ao voto. Fechadas as urnas, apurado o resultado, os acalorados debates tornavam-se coisas do passado, e o futuro do Clube virava a prioridade de todos. A conquista do poder nunca foi vista como instrumento para perseguições ou vinganças contra adversários. Pois essa tradição de convivência democrática pode ser quebrada com a suspensão de um ex-presidente do Clube, cujos serviços prestados são reconhecidos por todos. Seu “crime” teria sido a livre manifestação de sua opinião para um órgão de imprensa. Temos, então, uma Instituição como o Flamengo prestes a conspurcar dois pilares do Estado Democrático de Direito: a livre expressão do pensamento e a livre atuação da imprensa. Um precedente que pode, no futuro, fazer com que dirigentes do Clube passem a evitar contatos com jornalistas, uma vez que estariam sob risco de punição. Isso resultaria em perda de transparência das gestões e de diálogo com os milhões de torcedores, espalhados pelo País.

– Uma punição ao ex-presidente Eduardo Bandeira, além de injusta, seria equivalente a um arbitrário exílio, um desterro que roubaria parte da sua identidade, já que o Flamengo é uma das maiores paixões da sua vida. Seria uma mancha na história do Flamengo. A partir do momento em que um ex-presidente pode ser banido sem ter cometido nenhuma ilegalidade, TODOS os associados estarão sujeitos a penalidades em função de manifestação de opinião, o que caracteriza censura. Quem ousar questionar, peticionar, protestar, reclamar poderá vir a ser vítima de um processo. E aí, acaba a democracia, e começa a tirania.

Por isso, em nome da Democracia interna do Clube de Regatas do Flamengo, defendemos a absolvição de Eduardo Bandeira de Mello no processo que pode culminar com seu banimento. O Flamengo não merece ter essa mancha em sua história”.

O Flamengo precisa de PAZ.