Jogadores do Flamengo entrevistam Gerson e falam sobre saída do meia ‘Vai deixar muita saudades’

Atletas contaram histórias do "Coringa" no Mais Querido

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Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Gerson se despede do Flamengo nesta quarta-feira (23/06), na partida contra o Fortaleza, pela 6ª rodada do Campeonato Brasileiro. Esta terça, então, foi repleta de homenagens, como o último treino do camisa 8 pelo Mais Querido. Além de transmitir a atividade, a FlaTV fez um especial para o jogador, chamado “Valeu, Coringa!”.

O programa foi apresentado por outros jogadores do Flamengo. Diego, Filipe Luís, Diego Alves, Bruno Henrique, Hugo Moura e Gabriel Batista fizeram algumas declarações e sobre o “Coringa” e depois entrevistaram o próprio Gerson, com muita descontração. O camisa 8 falou sobre a chegada no Mais Querido e a importância de Jorge Jesus na vinda.

“Mister fez um esforço muito grande para eu estar aqui, me ligando diariamente, falando que contava comigo aqui no Flamengo. Eu estava lá na Itália um pouco largado, pensando até em deixar o futebol de lado. Ele me perguntou o que tinha acontecido lá, eu falei que me disseram que não contariam comigo nessa temporada. Ele falou ‘beleza, eu conto com você aqui’. É uma coisa que me deixou muito feliz. Eu vi que o cara, mesmo sem nunca ter trabalhado comigo, estava depositando uma confiança muito grande no meu futebol’.

(Foto: Reprodução/Instagram)

Inclusive, Filipe Luís pediu para o meia relembrar uma situação curiosa que teve com Jorge Jesus. Gerson contou e destacou o carinho que tinha pelo técnico. “Nesse dia, eu fui falar com o Michael para ele tentar fazer alguma coisa para melhorar o time e ele (Jorge Jesus) achou que eu estava falando outra coisa. Aí foi me dar esporro. Acabou que dei uns gritos lá com ele também. ‘Você nunca elogia, só critica’. Depois de uma semana a gente estava sentado ali, ele quis perguntar o que eu quis dizer e depois ele falou ‘Você tem razão’. É meu paizão”.

Os jogadores também lembraram que Gerson chegou tímido no Flamengo, ficando mais calado e no canto. Diego Alves perguntou o motivo disso e o Coringa explicou “Tem que conhecer o ambiente, tem que saber chegar. Não pode chegar e ‘ahhh’. Calma, chega devagar, tem que conhecer o ambiente. Depois vai se soltando. Também não pode se soltar muito, porque fica meio estranho”.

O Coringa ficou marcado também no Flamengo pela comemoração, o “Vapo”. Ele falou como surgiu a ideia. “Na Itália, o ‘pai’ estava muito tempo sem fazer gol. A bola não entrava. Aí, conversando com meu parceiro, ele falou ‘quando fizer o gol tem que comemorar assim, tipo como se estivesse cortando o pescoço dos caras, executando’, eu falei “jae”, mas nada do gol sair. Fiquei lá uns 7 meses e o gol não saiu. Vim pra cá, contra o Botafogo, terceiro jogo, primeiro no Maraca. Cortei pra dentro, fiz o gol. Corri pra lá, corri pra cá, fiz o Vapo. O Vapo é da minha tropa. Nem vem falar que foi não sei quem que criou”.

(Foto: Reprodução/Alexandre Vidal/Flamengo)

Ao ser questionado por Diego Alves qual foi a partida mais marcante dele pelo Flamengo, Gerson nem hesitou. Lembrou na hora da vitória em cima do Independiente Del Valle, por 3 a 0, pela decisão da Recopa Sul-Americana. Na ocasião, Willian Arão foi expulso aos 23 minutos e mesmo assim o Mais Querido conseguiu a vitória e o título, com 2 gols do camisa 8.

“O que eu dei o título para vocês lá, contra o Del Valle. Esse jogo aí, com um a menos, pai, eu falei ‘calma’. Fiz gol de carrinho…”. Quando Diego Alves disse que o gol foi em uma finalização errada, Gerson corrigiu e ainda provocou Filipe Luís “Chutei errado não, eu dominei errado e improvisei, dei de carrinho. Filipe nunca tinha atingido a velocidade que atingiu na hora da comemoração”.

(Foto: Reprodução/Marcelo Cortes/Flamengo)

Provocação, inclusive, não faltou. Quando Diego estava perguntando quantas posições Gerson já jogou, o meia aproveitou para provocar o goleiro Diego Alves “Só faltou jogar de zagueiro, laterais e goleiro. Diego Alves de vez em quando não pula no gol, então… Se precisasse eu ia no gol”.

O Coringa também falou sobre o ritual que tem antes dos jogo. “Chego no vestiário, marco um 10, quando está faltando uns 20 minutinhos. Tomo um banhozinho, um desodorante, um perfume, passo um óleo na barba e aí vamos embora”.

Depois de uma fala de Diego, elogiando o meia, Gerson agradeceu e falou sobre a honra de jogar com o elenco. “Vocês querem deixar o Coringa emocionado. Eu que agradeço. Eu zoo vocês de velhos, mas, na verdade, a minha infância eu passei jogando Video Game com vocês, vendo vocês na TV. E hoje, tenho o privilégio de jogar com vocês, dividir vestiário, parceria no campo com vocês foi muito gratificante. Como eu falei, vocês estão meio velhinhos, então no dia que eu voltar ao Brasil vocês não vão estar mais em ação”.

Então, Filipe Luís já deu até uma pista sobre o futuro dele. Após a fala de Gerson, ele falou que um dia vai treinar o jogador no Mais Querido. “O Gerson vai ser treinado por a gente na volta dele aqui para o Flamengo, comissão técnica. Vai ter que correr, continuar correndo. Não vai vir aqui jogar com nome. A gente não sabe ainda quem vai ser treinador, quem vai ser o auxiliar, estamos aguardando no detalhe ainda, mas estamos estudando para isso”.

Filipe Luís emendou, afirmando que Gerson é um dos melhores volantes do mundo. “Você é um cara que para mim não tem limite no futebol. Você vai chegar onde você quiser chegar. Hoje, você é um cara que é ambicioso, que quer melhorar, que aprende todos os dias nos treinos, que treina ao máximo, só tem a melhorar e crescer. Você é um dos melhores volantes que eu já vi jogar, um dos melhores do mundo. O teu limite é o céu”.

(Foto: Reprodução/FlaTV)

No final, Gerson se emocionou de vez. Chorando, o coringa fez a declaração final: “Já estou ficando aqui emocionado, porque quando… eu fico lembrando as coisas que já passei na minha vida. Poder estar escutando palavras de pessoas que são muito importante, como o Diego, Filipe, todos que estão aqui, referências dentro de casa e fora de casa, referências mundiais. Escutar essas palavras para mim, são coisas que vou levar para o resto da vida. Só agradecer mesmo. Espero continuar em contato com vocês”.

Os jogadores não pouparam elogios ao meia e falaram alguns casos. Todos, inclusive, ressaltaram que o Gerson vai fazer muita falta ao Flamengo.

Confira as declarações

Bruno Henrique

“Conheci ele quando fui jogar pelo Flamengo. Já tinha jogado contra ele quando ele era do Fluminense e sempre vi o caráter dele, uma pessoa super do bem. Um jogador que tem um potencial enorme e, vindo para o Flamengo, a gente conseguiu se conhecer melhor e é um cara que vai deixar muitas saudades aqui para todos nós.

É um cara bem fechadão, mas o Diego, o Filipe falam com ele e já mudam o humor dele. É um cara que tem um coração muito grande e todos nós aqui, mais os meninos, conseguem mostrar o que ele consegue nos proporcionar e vai deixar muita saudades”.

Filipe Luís

“O meu caso foi um pouco diferente. Nós jogamos o Atlético de Madrid contra a Roma, ele tinha vindo de um jogo excepcional contra o Chelsea e o Simeone deu uma semaninha de vídeo só do Gerson e ficou preocupadíssimo com o Gerson durante a semana de treinos e aí eu entrei em campo preparado para o pior. Eu vi o potencial que ele tinha naquele jogo e logo que eu estava falando com o Braz lá em Madrid, para negociar o meu contrato e minha vinda para cá, ele falou que tinha contratado o Gerson e eu fiquei muito feliz, por ser o jogador que eu já tinha visto no campo. Ele é o ‘Coringa’, porque ele joga em qualquer posição e sempre joga bem, é difícil ele fazer um jogo ruim, vai fazer muita falta, mas, certeza, como o Diego falou, saí no seu auge aqui, no seu melhor momento, vai deixar saudades e a gente só pode desejar o melhor para ele.

Eu vim do sul, cada um aqui veio de um lugar, e ele é um carioca mesmo, enraizado. Então, para gente foi um choque, nós somos tão diferente e acabou sendo tão próximos dentro do grupo. Acho que quem vai sentir muita falta dele é o Bruno Henrique, principalmente dentro do campo também, porque onde ele tem a bola, ele leva o primeiro e já olha para o Bruno e o Bruno sabe que ele vai dar a bola no espaço”.

Diego

“Eu lembro que ele chegou aqui mais fechado, cara de bravo e tudo. Mas, logo no primeiro contato que nós tivemos em campo, a gente se entendeu muito. Um cara que sempre se dedicou muito para o grupo, da maneira dele. Mas se dedicou, respeitou, divertido, brincalhão, desconfiado, dá aquela olhada dele aqui, desconfiado. Um cara, realmente, nota 10. Nós desejamos para ele o melhor, que continue sendo esse jogadorzaço, não tem limite, acho que ele pode alcançar o que ele almejar, ele tem muito potencial. E que ele seja muito feliz, vamos estar aqui na torcida e na zoeira.

E esse fato dele jogar em posições diferentes também é algo que ele domina muito bem. Não tem vícios. Vai para a ala, se comporta como ala, meio campo mesma coisa, meio ofensivo então, é um cara diferente nesse aspecto. E como pessoa também. No ônibus senta do meu lado, vive dando dura na molecada, Ramonzinho sofre ali com ele. Mas, é um mau-humor engraçado e acho que é por isso que ele despertou no grupo essa vontade de brincar. Filipe Luís e Diego Alves, acho que são os principais responsáveis por tirar dele esse lado mais engraçado”.

Diego Alves

“Eu não conhecia o Gerson, fui conhecer aqui e, da mesma maneira que ele foi crescendo dentro do campo, jogando, chegou tímido, lembro muito bem que ele sentava no lugarzinho dele, conversava mais com a molecada da base, do ladinho do vestiário dele ali, mas depois foi se soltando e agora é essa pessoa que todo mundo conhece, alegre, extrovertido e a gente tem muita história para contar dele.

Aquela desconfiança dele. Você fala com ele, ele já fala ‘e… qual é? Tá estranhando?’. Então o Gerson é essa pessoa, tem dia que você fala ‘iai, Gerson, bom dia” e ele ‘bom dia o que, rapá?’. Então, é um mau-humor, mas um mau-humor engraçado”.

Gabriel Batista

“Gerson foi um dos caras que me recebeu melhor aqui. Eu era um moleque, com 16 anos, fui treinar com eles e o Gerson me deu maior atenção, maior apoio do mundo, então, quando ele chegou, sentei, pude conversar com ele e vi que aquele moleque que chegou há 3, 4 anos atrás não tinha mudado nada, a simplicidade dele continua a mesma”.

Hugo Moura

“É um cara humilde, tenho certeza que não só eu, como todos vão sentir muitas saudades dele. Saia para almoçar com ele, ele é aquele cara ‘resenha’, chega falando alto. Mas, é um cara que tem um carinho por todos nós aqui. Pode ter certeza que vamos sentir muita falta dele”.