O prefeito do Rio Eduardo Paes tem sido um dos principais incentivadores do estádio do Flamengo. Apesar de ser vascaíno, Paes tem dado todo o suporte para que o sonho do Mengão seja realizado. Em entrevista exclusiva ao ‘O Globo’, o prefeito falou sobre o tema.
”O que eu acho, eu acho que um clube com as dimensões do Flamengo precisa de um estádio para chamar de seu. E o Maracanã tem uma dimensão pública, no sentido amplo da expressão, da palavra, que vai fazer com que o Maracanã sempre seja de todos os clubes, especialmente dos quatro grandes clubes do Rio. Por exemplo, o que aconteceu com aquele jogo do Vasco, em que o juiz deu uma liminar, graças a Deus, permitindo o Vasco jogar lá. Aquilo é muito fruto da dimensão pública do Maracanã. Então o presidente Landim está absolutamente correto em querer trabalhar para que o clube tenha um estádio para chamar de seu. Me parece isso, que o Maracanã vai ter sempre o Flamengo como protagonista pelo tamanho da sua torcida, pela sua importância, mas o Maracanã vai ser sempre da seleção brasileira, do Vasco, do Botafogo, do Fluminense, ele vai ter sempre essa dimensão pública”, disse Paes, antes de emendar sobre a melhor localização:
”Eu sempre vejo Deodoro como uma solução do ponto de vista burocrático e institucional mais simples. É uma área muito grande que pertence ao Exército Brasileiro com um baixo valor econômico, com baixo potencial construtivo, o que facilitaria muito, por exemplo, uma doação do presidente Bolsonaro. Por parte da prefeitura não tem o menor problema em ver o estádio ser construído no Gasômetro. Em relação ao Parque Olímpico, ali me parece que o imbróglio é muito maior sobre o ponto de vista do interesse econômico, do valor, então eu desaconselhei o presidente Landim a prosseguir por ali. No caso do Gasômetro, ao contrário do que o presidente Bolsonaro imagina, precisa sim da autorização da prefeitura. O potencial construtivo que tem aquela área é da prefeitura. Provavelmente a Caixa vai precisar muito da prefeitura para resolver a situação. Repito, mesmo não torcendo pelo Bolsonaro, mesmo não sendo torcedor dele, é pro bem do Rio de Janeiro, pro bem do Flamengo, nós vamos ajudar naquilo que for preciso. Agora é importante que ações sejam tomadas, não adianta ficar só no discurso. A Caixa precisa tomar logo essa decisão, encaminhar e quero aqui de público dizer, o que a presidente da Caixa entender necessário para ajudar o Flamengo, a prefeitura vai fazer e ela sabe que precisa muito da prefeitura para isso”, complementou Paes.
Confira outros trechos da entrevista de Paes:
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Como a prefeitura pode ajudar
”Aquele terreno vale muito, quem comprou foi a prefeitura. É uma operação muito sofisticada no Porto Maravilha. Nós aportamos esse terreno a um fundo imobiliário que é administrado pela Caixa. Ali você tem um potencial construtivo que é o que paga a operação do túnel, a derrubada da perimetral. Então esse potencial construtivo, vai ser uma conta que o Flamengo nunca vai conseguir pagar, vai inviabilizar o estádio. Vai custar muito mais do que a construção do estádio. Então provavelmente o que a Caixa vai nos solicitar é que a gente pegue esse potencial construtivo e transfira para outra área do Rio. E eu quero dizer aqui que eu topo transferir”
Transferiria para qual lugar?
”Aí eu não sei qual o pleito da Caixa. Mas eu transfiro. Vou assinar essa transferência ao lado do presidente Bolsonaro para ajudar o Mengão, autorizando a ele a ceder a área. Agora, tem que ceder a área, não pode querer vender pro Mengão porque seria um crime isso. E tem que ser feito antes da eleição. Tem que ser rápido isso. Promessa de quem está no governo para depois da eleição não serve. Tem que ser feito agora até dia dois de outubro”
Infraestrutura do local
”Você tem metrô perto, tem trem perto, você tem o VLT chegando, vai ter um super terminal ali na frente. É óbvio, que como todo estádio não comporta muito carro. Mas essas coisas você consegue evitar”
Ter muitos estádios na cidade
”A gente entende que quanto mais concentrada for a cidade melhor vai ser a cidade. Tanto que nós estimulamos. Tem todo um programa de revitalização da Zona Portuária, tem empreendimentos residenciais sendo lançados ali, vai ter o programa Reviver Centro. Quanto mais você evita deslocamento pela cidade, melhor. Deodoro tem uma vantagem que é ter trem, BRT e a Transolímpica. Mas ali também é uma área boa”
Perder a oportunidade de desenvolver em outras áreas
”Aí vamos entrar em uma discussão urbanística. Nosso direcionamento todo é de consolidar o Centro do Rio de Janeiro que é a área com mais estrutura, mais transporte e que as pessoas deixaram de investir, residir. Todo nosso governo tem esse foco muito importante para recuperação da zona central da cidade. E São Cristóvão é uma dessas regiões, tem um potencial enorme. Eu tenho certeza que ali com uma solução inteligente, o deputado Pedro Paulo está ajudando nisso com o Landim, você tem como modelar um super empreendimento de um shopping center junto com o estádio, dá pra fazer alguma coisa direito”
O que o Flamengo teria que dar em troca
”Por parte da prefeitura nós estamos plenamente de acordo, não há nenhum tipo de exigência. A única coisa importante aqui é que a Caixa não cobre pela área, porque ela é uma área valorizada. Eu acabei de pagar em um pequeno trecho do terreno R$ 50 milhões para a Caixa. Então eu imagino que com o potencial construtivo que tem ali vai custar muito. O mais importante é que eu possa transferir o potencial construtivo. Isso é que o presidente não sabe, não entendeu, mas a gente topa transferir”
Sobre algum projeto apresentado
”Estudo da prefeitura sobre o que pode acontecer ali já tem vários. Ali é uma área que a gente sempre projetou na operação do Porto Maravilha, ali você pode fazer quase 50 andares de prédio, grande shopping center, já era uma área prevista para ter esse tipo de movimento. Por isso que estou dizendo que não é um problema o Flamengo construir um estádio ali. A gente já tinha a visão e a previsão de que ali seria uma área muito adensada e com muito uso”, finalizou Paes.