Fala, Arquibancada: ‘Utopia de encontrar um novo Jorge Jesus’

Era sabido que com os desfalques, o mês de Junho e início de Julho seriam difíceis.

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Foto: Alexandre Vidal

A chance apareceu. Se com o time vencendo sem convencer, sendo campeão com derrota e jogando sem entrega, estava difícil encontrar a oportunidade de demitir o treinador, após três derrotas em quatro jogos, a chance apareceu, e, como sabemos, no futebol precisamos respeitar o momento.

Era sabido que com os desfalques, o mês de Junho e início de Julho seriam difíceis. Assim como já falamos por aqui, os jogadores também tem parcela, grande, de culpa, até porque não foi o Ceni que perdeu o gol do empate aos 46 do Segundo Tempo, mas não podemos relativizar as más escolhas, as más substituições, o não reconhecimento dos equívocos nas coletivas e a consequente falta de humildade nas mesmas.

Uma hora antes do jogo, a desgraça já se anunciava, Bruno Viana, que tem a confiança similar a do menino Max, ou seja, nenhuma, foi escalado. Quando a imagem subiu para o Twitter e em seguida para os grupos, percebia-se em opinião quase unânime que o treinador nos proporcionava outro desastre. E na justificativa pós jogo Rogerio disse que colocou Bruno pelo passe entre linhas e a condução de bola. Me senti num stand-up quando o artista pausa a fala por segundos esperando os risos e as palmas, pena que os jornalistas falharam miseravelmente em cumprir a parte deles nessa brincadeira. Coincidências do futebol, enquanto ele esteve em campo o jogo foi 0x0.

O jogo não foi um massacre, pelo contrário, um jogo equilibrado, com o Galo melhor taticamente, arrumado em campo mesmo com o novo esquema do “Cabelinho de Boneca” e, desta vez o Flamengo não controlou as ações, e a recomposição foi feita de forma desordenada demais. Em alguns momentos do jogo parecíamos em festa de criança, com um bando correndo atrás do jogador com a bola.

O mercado brasileiro segue numa entressafra de treinadores de baixa qualidade, mas a utopia de encontrar outro Jorge Jesus e de jogar no nível de 2019 não nos deixa enxergar que temos time para ir longe em todas as competições mesmo sem um gênio no comando e mesmo sem brilhar em campo. Vantagem de Inter, SP, como ano passado, ou RB, Atlhetico, esse ano, são possíveis de tirar pois em algum momento eles patinam na competição. O que não podemos é deixar o Palmeiras abrir vantagem, nossos fregueses paulistas estão focados e tem elenco, assim como nós.

Chegada no Rio fugindo dos torcedores e da imprensa, saída pelo terminal de cargas, muro do Ninho do Urubu pichado, protesto nas redes sociais. Se a Diretoria não aproveitar essa chance de demitir o Rogerio, podemos estar entregando mais uma oportunidade de ir longe na Libertadores, e quando nosso time se desfizer poderemos passar anos para encaixar outro elenco em nível semelhante. Dia desses tínhamos o “gelo no sangue”, hoje em dia temos passado pano no gelo, e, não a toa, estamos derretendo.

  • Por Vinícius Cardim, torcedor apaixonado pelo Flamengo e frequentador da arquibancada desde 1987. A opinião é exclusiva do torcedor. Interessados em produção de textos podem enviar para avaliação pelo e-mail redacao@diariodofla.com.br