Conselheiros assinam carta contra SAF no Flamengo

Oposição é contra a ideia

Após contratar Viña, Flamengo define próximas prioridades
Foto: Alexandre Vidal

Conselheiros do Flamengo se manifestaram contra a ideia da SAF (Sociedade Anônima de Futebol) no clube. Nesta quarta (05/06), três deles lançaram uma carta com o título “O Flamengo não tem dono e nunca terá! Ao invés de SAF, mais associados”.

A informação é do jornal “O Dia”. O protesto aconteceu devido às notícias de que o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, busca investidores para uma possível SAF para auxílio à construção do estádio próprio.

A carta é assinada por Walter Monteiro, candidato derrotado à Presidência do Flamengo em 2021, Gilberto de Oliveira Barros e Carlos de Oliveira Ferrão. Os três conselheiros afimam que os argumentos de Landim, de que é possível manter o controle do clube vendendo apenas uma parte da SAF, não são verdadeiros.

Assim, Landim estaria utilizando a possível construção de um estádio para justificar a mudança. “De tempos em tempos, a Nação Rubro-Negra é ameaçada por insinuações de que seu atual presidente deseja transferir o futebol do Flamengo para uma SAF. Valendo-se de um argumento falacioso – qual seja, que nessa futura SAF o Clube de Regatas do Flamengo seria o seu acionista controlador e com isso ‘nada mudaria’ – e, ao mesmo tempo, acenando com supostas vantagens ligadas à construção de um estádio próprio, Landim retoma o assunto, na esperança de derrubar quem ainda se opõe à transferência dos seus sonhos”, diz um trecho.

Na continuidade, os conselheiros do Flamengo clamam pela manutenção da democracia no clube, como sempre aconteceu.

“Com todos os seus percalços e óbvias necessidades de melhoria, especialmente no que diz respeito à superação do amadorismo, há quase 130 anos o Clube de Regatas do Flamengo tem o seu destino nas mãos de quem a ele se associa. Há mais de 40 anos seus dirigentes são escolhidos por votação direta a cada 3 anos e qualquer sócio proprietário pode integrar seu Conselho Deliberativo, órgão a quem o estatuto delega várias decisões cruciais”, escrevem.

“Já em uma SAF as decisões passariam para a esfera de um Conselho formado por poucas pessoas (em geral 5 ou 7 membros). O poder político dos associados do Flamengo se limitaria a escolher esses apaniguados, que constituiriam uma governança totalmente apartada do clube”, explica a carta, antes de continuar:

“O Flamengo é poderoso e invejado porque é plural, democrático, acolhedor. Quem deseja uma SAF sonha com um Flamengo monolítico, concentrador, elitizado, aberto apenas a quem só sabe dizer amém ao patriarca”, avisam os conselheiros.

“Todos sonhamos com um estádio próprio e para isso podemos – ou melhor, devemos – buscar parceiros, investidores, acionistas de uma sociedade com esse objeto específico, mas de modo algum iremos renunciar à soberania de construir nosso futuro coletivamente, que é a razão do sucesso de nossa vitoriosa jornada desde 1895”, lembra a carta.

Eles também se referem à tentativa como um ‘sequestro da alma’ e enxergam a oposição como resistência.

“Em 2024 os associados do Flamengo estarão diante da escolha mais importante de sua centenária história: de um lado, há os que sorrateiramente agem para tomar o Flamengo para si e passar a decidir o nosso destino a portas fechadas; do outro, há os que resistem ao sequestro da nossa alma e que sugerem o caminho inverso: quanto mais associados, melhor”, escrevem, antes de encerrar:

“O Flamengo não é do Leblon, o Flamengo é do Brasil. O Flamengo não é de poucos, o Flamengo é de milhões”.