Atleta do Flamengo, Rafaela Silva vê antidoping mais rígido em sul-americanos

Judoca ficou dois anos afastadas dos tatames por conta de punição por doping

Atleta do Flamengo, Rafaela Silva vê antidoping mais rígido em sul-americanos
Foto: Maarcelo Cortes / Flamengo

Rafaela Silva ficou dois anos afastada dos tatames cumprindo punição por doping. Agora, a judoca está liberada para competir e sabe que não será fácil para recuperar espaço no esporte. A atleta participou do podcast “Ubuntu Esporte Clube”, abriu o jogo sobre o período em que ficou afastadas das competições e revelou que fazia testes antidoping no período em que estava impedida de competir.

“Durante o processo que eu estava em casa e não podia competir, não podia fazer nada, fui testada pelo menos umas cinco vezes. Antes dos Jogos Olímpicos, mesmo sem poder competir, sem poder treinar, e eu estava fazendo doping seis horas da manhã.”

A judoca do Flamengo lembrou uma situação estranha que viveu em uma competição na Geórgia. Rafaela conta que no torneio a campeã da etapa, Nova Gjakova, do Kosovo, deveria ter feito o teste antidoping, mas deixou o local sem fazer, dessa forma, a brasileira mesmo sem ter sido sorteada, teve que fazer o teste.

“Sempre percebia isso. No judô geralmente o primeiro lugar faz o antidoping, sorteiam entre o segundo e os terceiros, e do quinto ao sétimo. Independentemente da posição em que eu estava no pódio eu sempre era chamada. Nessa competição eu perdi a final para essa atleta, já estavam indo embora, me liberaram. Ela não trocou de roupa, pegou a bola e saiu correndo. Eles só riscaram o nome dela na ficha e me chamaram para fazer o antidoping, sendo que não era para eu fazer.”

A brasileira relembrou como foi difícil ficar dois anos parada. A judoca fez de tudo para conseguir reduzir a pena para poder disputar a Olimpíada de Tóquio 2020, mas não obteve sucesso. Quando o Comitê Olímpico do Brasil (COB) lançou a Missão Europa e Eleudis Valentim, esposa de Rafaela foi convocada, a atleta revela que foi um dos momentos mais difíceis por ter que ficar sozinha durante três meses.

“Foi duro. Chegava a viagem, chegava a competição e tinha convocação e meu nome não estava. E doía bastante. Doía porque eu sou muito competitiva. Eu a minha vida inteira foi pelo judô. Durante três meses ainda eu fiquei em casa sozinha porque o pessoal foi treinar em Portugal e a minha esposa foi também. Eu ficava em casa e não tinha o que fazer, só esperar o tempo passar. Não sabia que dois anos era tão longos.”

Rafaela foi liberada para voltar a treinar em agosto do ano passado. Em novembro, voltou a competir já como atleta do Flamengo. Neste ano, a judoca já esteve em duas competições, sendo medalhista de ouro no Grand Prix de Portugal e quinto lugar Grand Slam de Tel Aviv. Atualmente, ela ocupa a 29ª posição no ranking da categoria até 57kg.

“Nos dois anos que eu fiquei (afastada), perdi toda a minha pontuação. Então voltei a competir caindo nas piores chaves, porque não era cabeça de chave, não tinha ponto nenhum; Agora já estou no top 30 do ranking mundial da minha categoria. Para entrar nos Jogos Olímpicos tem que estar dentro do top 20, então o objetivo é continuar pontuando entrar dentro da classificação olímpica e buscar mais.”