Análise Tática Flamengo x Athletico: Decisão, pressão e retornos importantes

Equipes se enfrentam nesta quarta-feira, às 21h30, no Maracanã, pela volta da semifinal da Copa do Brasil

(Foto: Reprodução/Alexandre Vidal/Flamengo)

Flamengo e Athletico se enfrentam nesta quarta-feira (27/10), às 21h30, no Maracanã, pela partida de volta da semifinal da Copa do Brasil. Como o jogo de ida foi empate e não há critério de gol marcado fora de casa, este confronto será 100% decisivo. Caso vença por qualquer placar, o rubro-negro carioca passa. Se perder, está eliminado e, terminando empatado, vai para os pênaltis. O momento do Mais Querido não é dos melhores, com três jogos sem vencer e uma queda grande de desempenho. A pressão será enorme, mas Renato Gaúcho também conta com alguns retornos importantes para a decisão.

O Mais Querido vai a campo novamente com desfalques de peso. David Luiz não está inscrito no torneio, enquanto Arrascaeta e Pedro estão lesionados e, por isso, não atuam. Mas, o treinador tem a volta de uma dupla de peso: Bruno Henrique e Gabigol. Os dois não atuam juntos desde a vitória por 3 a 0, justamente em cima do Athletico, pelo Brasileirão, no dia 3 de outubro. Na ocasião, BH fez gol, com assistência do camisa 9. A ausência da dupla fez muita falta neste período. Isso que, vale destacar, Michael teve boas atuações na ponta, assim como Pedro no ataque. Entretanto, com os dois juntos, há uma característica diferente no Flamengo, que deixa a equipe mais letal.

Gabigol é um centroavante que sai muito da área. O camisa 9 se movimenta, normalmente caindo pela esquerda, o que abre a marcação e, consequentemente, cria-se buracos na defesa adversária. Bruno Henrique sabe ler muito bem esse espaço e, quando ele é criado, o ponta avança, infiltrando na área, para receber justamente os passes ou cruzamentos do próprio camisa 9, ou de algum outro jogador. Não foram poucos os gols de cabeça de BH nessa temporada, feitos exatamente dessa forma. Michael, por sua vez, não tem essa característica. O jogador abre bastante pelo lado de campo e agrega bem com velocidade e drible, mas não tem a infiltração ou o jogo aéreo.

Neste duelo decisivo contra o Athletico, o Flamengo, então, terá o retorno de Bruno Henrique na vaga de Michael, e Gabigol no lugar de Pedro/Victor Gabriel, que são centroavantes mais fixos, de área, que buscam sempre o pivô. A tendência da equipe, então, é melhorar, mas ainda há uma questão importante: o meio de campo. Sem Arrascaeta, a equipe vem encontrando dificuldades de criação. Renato Gaúcho optou sempre por botar 3 volantes, mas mantendo a formação no 4-2-3-1, adiantando Andreas Pereira para a vaga do uruguaio. De 2º volante, Thiago Maia foi o titular em quase todas as partidas, menos contra o Fluminense, que foi o Diego. Nada disso deu certo.

Andreas Pereira vinha sendo um dos destaques e o motor do Flamengo, mas atuando como 2º volante. Nessa função, ele pode pegar a bola do meio e construir de frente, conduzindo a bola, dando qualidade e dinâmica para o time, além de aparecer como “elemento surpresa” na frente. Entretanto, quando atua de meia-armador, o belga-brasileiro fica muito adiantado, próximo da área, dominando de costas para a marcação, o que tira as principais características dele. Com Andreas mal, a equipe, naturalmente, também cai bastante de nível.

Já na função de 2º volante, Thiago Maia não conseguiu render. O jogador é 1º volante de origem, com mais pegada na defesa. Além disso, ele tem como característica os passes de primeira, não conduzindo tanto a bola e sendo mais lento que Andreas Pereira. Assim, por mais que a equipe ganha solidez defensiva, perde bastante na dinâmica ofensiva. Já Diego vinha de lesão e foi titular pela primeira vez em dois meses contra o Fluminense, não tendo um bom rendimento – o que também estava acontecendo pré-lesão. Com 36 anos, o camisa 10 tem mais qualidades ofensivas que Maia, mas, muito pela questão física, costuma jogar melhor quando entra na segunda etapa, dando energia ao time e prendendo a bola.

Então, há um dilema. Quem botar na função? A tendência é que Renato Gaúcho bote Diego novamente como segundo volante, com Arão de primeiro. Entretanto, Andreas Pereira permaneceria na função que não rende. Então, se o objetivo é manter os três jogadores, o ideal seria mudar a formação. Sair do 4-2-3-1 e ir para o 4-3-3. Dessa forma, Andreas poderia alternar com Diego entre quem recua para buscar a bola na defesa e fazer a ligação para o ataque e quem fica mais adiantado, próximo da área. Assim, a equipe manteria a dinâmica no meio, confundindo a marcação adversária e tirando o melhor de ambos.

Já para manter o 4-2-3-1, a melhor opção seria fazer uma mudança no time titular. Diego (ou Thiago Maia) sairia da equipe e Vitinho entraria. Assim, Andreas Pereira poderia recuar para a função de 2º volante, onde rende melhor e é o motor do time. O camisa 11, por sua vez, jogaria centralizado, como meia-armador, algo que ele já fez algumas vezes na temporada. Vitinho tem qualidade no passe e na finalização da entrada da área. Além disso, a equipe ganha mais velocidade e leveza, já que tiraria um volante mais “pesado” para a entrada de um jogador que é um ponta de origem.

Uma opção ainda mais improvável seria a de centralizar Everton Ribeiro, que costuma jogar aberto pela direita. Assim, o camisa 7 faria a função de meia-armador, abrindo uma vaga na ponta, que poderia ser preenchida por Kenedy, Vitinho ou Michael. Dessa forma, o Flamengo passaria a ter bem mais velocidade pelos lados, já que teria Bruno Henrique na esquerda e um outro ponta na direita. Além disso, Kenedy (canhoto) e Vitinho (ambidestro) também possuem a característica de ER7 de cortar para dentro quando atuam na direita, abrindo espaço para o lateral avançar, já que tanto Isla como Matheuzinho são bem ofensivos e exploram o corredor. Michael, por sua vez, não costuma fazer isso.

Opções não faltam para Renato Gaúcho. Para a escolha, é importante também analisar o Athletico. A equipe atua em um 3-4-3, com três zagueiros bons na bola aérea, e dois volantes na frente deles. Na linha do meio, jogam abertos os laterais Marcinho, pela direita, e Abner Vinicius, esquerda. Ambos são bem ofensivos e perigosos, principalmente o esquerdo, que tem a tendência de fazer infiltrações, inclusive para ganhar na bola aérea. No trio ofensivo, os dois pontas, Nikão e Terans, são os principais jogadores do time, que finalizam muito bem. Já o centroavante, Renato Kayzer, é matador e não pode dar espaço para ele, como ficou claro no jogo de ida. A bola aérea do furacão também é bem forte.

O Mais Querido, então, precisa ficar ligado com o adversário, que tem bastante qualidade. Ainda assim, o Flamengo pode ter uma grande atuação. Renato Gaúcho conta com o retorno de uma dupla importantíssima que deve elevar o nível da equipe. Para a vaga de Arrascaeta, por sua vez, o treinador tem muitas opções técnicas e táticas para melhorar o rendimento do time. Time também precisa entrar em campo atento, com intensidade, trocando passes rápidos e se movimentando na frente. Caso faça isso, tem tudo para sair com a vitória e a classificação para a grande decisão da Copa do Brasil.