Análise Tática Flamengo 5 x 1 São Paulo: Goleada empolgante

Mais Querido quebrou o tabu contra o tricolor e emplacou a terceira goleada seguida no comando de Renato

(Foto: Reprodução/Alexandre Vidal/Flamengo)

O Flamengo goleou o São Paulo por 5 a 1 neste domingo (25/07), no Maracanã, pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro. O Mais querido saiu atrás no placar, mas, com uma grande atuação de Bruno Henrique e uma mudança importante de Renato Gaúcho, o time conseguiu a virada e o placar elástico. Foi, inclusive, a terceira goleada consecutiva da equipe rubro-negra.

O Mais Querido entrou em campo com o time praticamente inteiro titular, apenas sem Isla. A equipe atuou em um 4-2-3-1, sendo uma espécie de 3-3-3-1 com a bola. Isso porque, Arão recua entre Gustavo Henrique e Rodrigo Caio para fazer a saída. Matheuzinho e Filipe Luís ficam na mesma linha que Diego e, na frente deles, ficaram Everton Ribeiro aberto na direita, Arrascaeta centralizado e Bruno Henrique na esquerda. Gabigol ficou de referência, com liberdade para se movimentar.

O São Paulo, entretanto, começou melhor. Marcando pressão, o time conseguiu criar 4 grandes chances nos primeiros 9 minutos, a mais incrível foi uma em que Marquinhos roubou de Gustavo Henrique no meio de campo, partiu para o contra-ataque e deixou Vitor Bueno livre, quase na pequena área, mas o atacante parou em grande defesa de Diego Alves, que salvou o time. Outras duas foram de cruzamentos em escanteio, evidenciando um problema no time rubro-negro, que ficou ainda mais evidente depois.

Mas, depois do susto inicial, o Flamengo se recuperou na partida. O time teve 55% de posse no primeiro tempo e também criou boas oportunidades. Rodrigo Caio perdeu grande chance em cabeçada quase na pequena área. O time construía muito explorando a velocidade e a armação de Arrascaeta, que atuou centralizado. Em um lance, o uruguaio deu passe para Bruno Henrique, que avançou, infiltrou e finalizou, parando no goleiro. No melhor lance, Gabigol fez o facão para direita e o meia deu linda enfiada, deixando o atacante na cara do goleiro. O camisa 9, entretanto, chutou muito fraco e perdeu um gol incrível.

(Foto: Reprodução/Alexandre Vidal/Flamengo)

Gabigol, que se movimentou bastante, teve uma outra boa chance, em que infiltrou pela esquerda e recebeu grande bola de Bruno Henrique, mas Volpi fez boa defesa. O camisa 9 deu uma de “10” em um belo passe que deu para infiltração de Arrascaeta, que bateu na batida do goleiro, parando nele. O time, então, criou muito nas jogadas de velocidade e infiltração, explorando a movimentação dos jogadores. Além disso, o São Paulo caiu muito de rendimento e quase não criou mais na primeira etapa.

Entretanto, no segundo tempo, o São Paulo mais uma vez começou marcando em cima no começo. Logo no primeiro minuto, roubou bola de Rodrigo Caio e Marquinhos entrou na área de frente para o gol e chutou em cima do goleiro. Na batida do escanteio, a bola parada voltou a ser problema para o Flamengo e, dessa vez, o tricolor não desperdiçou. Gustavo Henrique ficou parado, Diego Alves não saiu e Arboleda, quase na pequena área, cabeceou para o fundo das redes.

Problema defensivo

O grande problema da bola parada do Flamengo neste jogo foi por uma estratégia de Renato Gaúcho. O treinador, desde os tempos de Grêmio, usa uma marcação individual nas bolas paradas, algo que é pouco utilizado pelos técnicos atualmente. A maioria opta pela marcação por zona, ou uma mescla das duas. O grande problema do estilo adotado pelo técnico rubro-negro é que, com o adversário ciente disso, fica fácil para criar jogadas para bloquear ou passar pelo marcador.

No caso do gol do São Paulo, três jogadores do tricolor recuaram para a entrada da área antes da cobrança, puxando a marcação. Tinha um atleta na pequena área e outro mais centralizado. Os defensores do Flamengo marcaram individualmente, então ficou um buraco no meio da área. Arboleda estava bem atrás do Miranda. Assim, Arão conseguia ficar grudado no Miranda, mas Gustavo Henrique tinha que ficar atrás do volante, sem conseguir se aproximar tanto do equatoriano. Quando o jogador foi bater o escanteio, Arboleda passou a frente e partiu em velocidade. GH não conseguiu acompanhar e o zagueiro cabeceou livre para marcar.

A reação

O Mais Querido teve que correr atrás do placar. Chegou a empatar aos 9, com Bruno Henrique, em outra jogada de velocidade. O atacante deu enfiada para infiltração de Gabigol, a zaga afastou e sobrou para Arrascaeta, que tocou de primeira para BH, no meio da área. Ele dominou com o braço e marcou. O lance foi anulado pelo VAR. O jogo ficou morno e Renato fez uma mudança importantíssima. Aos 15, tirou Everton Ribeiro, que estava mal, e colocou Michael aberto pela direita, para dar mais velocidade e intensidade ao time. Deu certo.

Aos 25, o Flamengo partiu para o ataque em velocidade, a zaga tentou afastar e sobrou para Michael, correndo pela direita. Ele alcançou e tentou o passe para Gabigol, dentro da área, mas a defesa tirou para escanteio. Arrascaeta, então, aproveitou a desatenção adversária, bateu curto, recebeu de volta e deu cruzamento rasteiro na medida. Arão não alcançou, mas Bruno Henrique, livre na pequena área, botou para o fundo das redes, empatando.

Apenas 3 minutos depois, o terceiro. A jogada começou com Filipe Luís, que construiu pela meia-esquerda, passou para Bruno Henrique, que fazia o pivô no bico da área, e infiltrou. Igor Vinicius, que estava na marcação de BH, ficou em uma rápida dúvida sobre qual dos dois marcar e, então, o atacante cortou para a direita e deu um lindo chute de fora da área, virando o jogo. Vale destacar que, com Rogério Ceni, o lateral-esquerdo ficava mais preso na defesa, pois era ele quem recuava ao lado dos zagueiros para fazer a saída de bola. Já no esquema de Renato, Arão que faz isso e Filipe Luiz tem mais liberdade para atacar.

Quatro minutos depois, em contra-ataque, Michael deu lindo lançamento para Gabigol, que infiltrou na área, de cara para o goleiro, mas Igor Vinicius recuperou e jogou para escanteio. Na cobrança, Arrascaeta jogou na cabeça de Bruno Henrique, que cabeceou com categoria e fez o terceiro dele. Então, Renato tirou Gabigol, Diego e Arrascaeta, para botar Pedro, Thiago Maia e Vitinho. O camisa 11 novamente entrou bem e a equipe manteve o padrão.

(Foto: Reprodução/Alexandre Vidal/Flamengo)

Aos 41, Bruno Henrique fez uma jogada espetacular, pegando a bola na defesa, passando por quatro marcadores e sofrendo a falta na intermediária. Vitinho bateu na segunda trave para Rodrigo Caio, que jogou para o meio e Gustavo Henrique empurrou para o fundo das redes. Já aos 47, o camisa 11 tabelou bonito com BH e deu ótima enfiada de bola para a infiltração de Michael na área. Wellington tentou cortar, mas encobriu o goleiro e marcou contra.

A vitória, então, foi maiúscula. Terceira goleada consecutiva, com o time sendo superior a um forte adversário. Além disso, Renato Gaúcho vem lendo bem os jogos e as substituições estão sendo certeiras. Nas últimas três partidas o Flamengo marcou pelo menos 3 gols na segunda etapa e a equipe melhorou após as mudanças, bem diferente dos tempos de Rogério Ceni. O técnico ainda precisa trabalhar mais a bola aérea defensiva e rever se a marcação individual é, de fato, a melhor estratégia. Ainda assim, o começo de trabalho do treinador é empolgante.