Análise Tática Flamengo 4 x 0 Grêmio: Goleada histórica

Mesmo com um jogador a menos desde o primeiro tempo e atuando fora de casa, Mais Querido goleou, pela ida das quartas de final da Copa do Brasil

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(Foto: Reprodução/Alexandre Vidal/Flamengo)

O Flamengo goleou o Grêmio por 4 a 0, na última quarta-feira (25/08), em um jogo histórico. Mesmo com um jogador a menos desde o primeiro tempo, o Mais Querido conseguiu se superar e fez todos os quatro gols na segunda etapa, em jogo válido pela ida das quartas de final da Copa do Brasil. O confronto também foi importante para mostrar alguns aspectos táticos da equipe, tanto positivos, como negativos.

O Mais Querido entrou em campo novamente em um 4-2-3-1. O primeiro tempo, entretanto, foi muito ruim. O rubro-negro perdeu totalmente o meio de campo, estava com dificuldades de criar e deixando muitos espaços na defesa para o adversário. O Grêmio, por sua vez, conseguiu ter boas chances, uma delas em que Alisson tabelou com Borja e recebeu dentro da área, de frente para o gol, mas, por sorte rubro-negra, acabou chutando para fora, tirando tinta da trave.

Um dos motivos do Grêmio ter ganho o meio de campo foi que Felipão optou por três volantes, povoando o setor com força. Douglas Costa e Alisson faziam os corredores, sempre com muita velocidade e amplitude, com Borja sendo um centroavante que saia da área para tabelar. Douglas, inclusive, estava muito bem pelo lado direito, prendendo Filipe Luís na marcação. A lesão dele, aos 29 minutos, fez o tricolor cair muito de nível.

Após a saída do ponta, o Flamengo passou a ter mais a bola e criar algumas oportunidades. Arrascaeta e Everton Ribeiro finalizaram de fora da área aos 34 e 35, respectivamente, enquanto Bruno Henrique fez uma grande jogada aos 37, driblando a marcação, entrando na área e chutando com força, parando no goleiro. O lance, entretanto, lesionou o ponta rubro-negro, o que freou a reação do time. Pouco depois, aos 44, Isla recebeu segundo amarelo e foi expulso.

A expulsão tinha tudo para acabar com o Flamengo, que jogaria uma segunda etapa inteira com um a menos. Mas, teve um efeito inverso e o Mais Querido melhorou muito. Há uma explicação para isso. Renato Gaúcho tirou Arrascaeta para colocar Matheuzinho e, principalmente, botou Thiago Maia na vaga de Diego. O motivo para essa alteração ter elevado o nível da equipe é que o camisa 10 caiu de rendimento com a chegada de Renato, pois o time agora joga um pouco mais exposto e depende dos combates individuais, com os jogadores “caçando” os adversários. O meia, de 36 anos, não está conseguindo ter essa pegada na marcação e acaba dando muitos espaços na defesa.

Com a entrada de Thiago Maia, Arão passou a ter ao lado um companheiro na marcação e o Flamengo parou de deixar tantos espaços. O camisa 5, inclusive, teve uma atuação irretocável em todo o jogo, marcando muito. Outro jogador que foi fundamental na defesa se chama Filipe Luís. O atleta anulou Ferreirinha e Vanderson, que é um lateral-direito bem ofensivo. Ao todo, o lateral-esquerdo rubro-negro fez 4 desarmes, 4 cortes, 2 interceptações, travou 1 chute, ganhou 9 de 15 duelos e sofreu apenas 1 drible em todo o confronto. Os dois zagueiros, Bruno Viana e Gustavo Henrique, também estiveram atentos e atuaram muito bem.

Então, a equipe ficou mais sólida na defesa com a entrada de Thiago Maia, atuando, assim, em um 4-2-2-1. Já na frente, a escolha de manter Everton Ribeiro e tirar Arrascaeta deu certo. O uruguaio, que não atuou na partida anterior com desgaste muscular, teve um primeiro tempo bem abaixo. Já o camisa 7 foi muito bem na segunda etapa, tomando conta do meio e chamando a responsabilidade. Atuando pela direita e centralizando, ele criou chances, finalizou, driblou e foi caçado pela marcação adversária. Em um lance, foi derrubado na área e o juiz não marcou pênalti. No outro, sofreu falta em que o próprio cruzou, a zaga afastou e foi para escanteio. ER7 bateu na segunda trave, Bruno Viana chutou, a bola desviou em Rafinha e entrou, abrindo o placar.

O gol recompensou o começo de segunda etapa do Flamengo, que foi para cima mesmo com um a menos. Depois de fazer abrir o placar, o Mais Querido se fechou e tentou o contra-ataque. Por um período, não estava conseguindo engrenar e o Grêmio chegou a pressionar, dando até bola no travessão. Entretanto, em seguida, anulou as jogadas do adversário e conseguiu criar as próprias em velocidade. Na principal, Gabigol abriu para Michael, que cruzou rasteiro para Everton Ribeiro, livre na área, que chutou de primeira, com força, na trave.

Renato Gaúcho, então, fez uma escolha ousada. Tirou Everton Ribeiro, que estava bem na partida, e colocou Vitinho. O objetivo era justamente botar um jogador com gás novo e que tem mais velocidade, para explorar os contra-ataques. Deu certo. No primeiro lance, o camisa 11 lançou Gabigol na velocidade pela direita, que passou para Thiago Maia na entrada da área. O volante tinha a opção de passar para Michael, livre, mas demorou e, quando tocou, acabou errando. Depois, o segundo gol. Matheuzinho roubou bola de Ferreirinha e avançou. Vitinho recebeu na meia-lua, arrumou para a esquerda e, quando todo achavam que ele iria chutar, deu um lindo passe de canhota para Michael, sozinho, dominar e bater cruzado, ampliando.

Depois do gol, marcado aos 40 do segundo tempo, Renato tirou Gabigol e botou Rodinei. Sem mais pontas no banco, a ideia era colocar um jogador de velocidade na direita, para ajudar na recomposição, centralizando Vitinho e dando liberdade para o camisa 11 se movimentar pelos dois lados do campo. Assim, o time passou a jogar em um 4-2-3-0. A escolha, novamente, de certo. Aos 46, o atacante apareceu pela esquerda, recebeu a bola, arrumou e cruzou de canhota na segunda trave, na medida para a infiltração de Rodinei. O lateral cabeceou com perfeição, sem chances para o goleiro.

Dois minutos depois, Vitinho, em outra jogada mais pela esquerda, puxou contra-ataque e acabou sofrendo falta dura de Janderson, que foi expulso. Na sequência, Michael recebeu na ponta da área, marcado por três jogadores. O ponta conseguiu passar pelos três, foi derrubado com um carrinho, sofrendo o pênalti. O camisa 11 bateu, deu números finais ao jogo e coroou a grande atuação dele.

A goleada, com um jogador a menos e fora de casa, foi histórica e heroica. Flamengo encaminha muito bem o avanço para a semifinal da Copa do Brasil. O jogo também mostra para o Renato um ponto importante, sobre Diego Ribas. O capitão ainda é muito útil ao time, mas talvez seja a hora do treinador começar a utilizá-lo como um reserva, entrando no segundo tempo e sendo titular em jogos específicos, contra equipes que não demandam tanto de intensidade defensiva.