Análise Tática Flamengo 2 x 2 Grêmio: Gosto amargo, mas o foco é na final

Rubro-negro abriu 2 a 0, ficou com um jogador a mais, porém sofreu o empate pelo jogo atrasao da 2ª rodada do Campeonato Brasileiro

(Foto: Reprodução/Alexandre Vidal/Flamengo)

O Flamengo empatou com o Grêmio em 2 a 2, nesta terça-feira (24/11), no Rio Grande do Sul, pela partida atrasada da 2ª rodada do Campeonato Brasileiro. Focado na grande decisão da Libertadores, o Mais Querido entrou em campo com o time inteiramente reserva. Ainda assim, o resultado foi com um gosto amargo. Isso porque, o rubro-negro abriu 2 a 0 no segundo tempo, com dois gols de Vitinho, e ficou com um jogador a mais, mas mesmo assim sofreu o empate, que por pouco não foi até pior. Há explicações técnicas e táticas para o que aconteceu.

Sem nenhum atleta do time considerado titular e nem alguns reservas importantes, como Matheuzinho e Michael, além do próprio Pedro e Arrascaeta, que começaram no banco, Renato Gaúcho escalou o Flamengo em uma espécie de 4-3-3/4-2-3-1, com: Hugo Souza; Rodinei, Gustavo Henrique, Léo Pereira e Renê; Thiago Maia, João Gomes e Diego; Kenedy, Vitinho e Victor Gabriel. Na trinca do meio campo, Maia atuou na função de origem, como 1º volante, o jovem ficou de 2º e o camisa 10 revezou de 3º volante e meia-armador. Já Kenedy ficou aberto pela direita, Vitinho na esquerda e Victor Gabriel como centroavante.

O primeiro tempo, entretanto, não foi bom. Diego até conduziu umas duas bolas para o ataque, mas não foi bem no geral, prendendo a posse e errando passes. Os pontas, por sua vez, não estavam inspirados, sem conseguir construir jogadas, enquanto o jovem centroavante era praticamente nulo. João Gomes também não estava aparecendo tanto para fazer a transição da defesa para o ataque. Na esquerda, Renê praticamente não tocou na bola, enquanto Rodinei foi quem mais tentou avançar e até criou uma boa jogada individual, só que chutou por cima. O time reserva não jogou com a mesma intensidade da partida contra o Corinthians e não teve nenhuma grande chance no período.

Já o Grêmio foi mais perigoso. Ferreirinha infernizou o setor direito da defesa do Flamengo, com velocidade e drible, mas estava faltando capricho na finalização. A maioria das vezes que o tricolor chutava, era fraco, nas mãos de Hugo. Entretanto, o time conseguiu criar duas ótimas oportunidades. Na primeira, aos 15, após lançamento da direita para Ferreirinha, dentro da área, na esquerda, o ponta dominou e cruzou na segunda trave. Léo Pereira errou o tempo de bola e Jhonata cabeceou no canto, sem chances para o goleiro, só que Gustavo Henrique, na raça, tirou em cima da linha. Já aos 42, Diego Souza chutou da entrada da área, Hugo fez grande defesa e Ferreirinha teve a chance no rebote, só que errou o domínio.

A segunda etapa começou novamente com o Grêmio assustando. Logo no primeiro minuto, Diego Souza finalizou da entrada da área, tirando tinta da trave. Depois, a partida ficou morna por mais de dez minutos, sem nenhum dos times atacar com intensidade. Então, Renato Gaúcho fez uma mudança aos 12, colocando Arrascaeta no lugar de Diego, indo para o 4-2-3-1. O efeito foi imediato. Assim que entrou, o uruguaio recebeu a bola e, no primeiro toque, dominou e fez virada de jogo milimétrica para Rodinei na ponta direita, que arrumou com liberdade, avançou e cruzou. Vitor Gabriel tentou a bicicleta, mas apenas resvalou na bola, que ficou nos pés de Vitinho, sozinho pela esquerda da área, que bateu de canhota e abriu o placar.

Dois minutos depois, Vitinho partiu para a arrancada e sofreu falta dura de Jhonata. O jogador recebeu o segundo amarelo e foi expulso do jogo. O Grêmio demonstrou que continuaria indo para cima, mesmo com um a menos, e criou boa chance com Ferreirinha, aos 18, que finalizou por cima. O Flamengo, por sua vez, aproveitava para fazer ataques com velocidade. Aos 22, Kenedy deu ótimo chute da entrada da área, parando em grande defesa de Gabriel. Já aos 24, João Gomes passou para Vitinho pela esquerda, que cortou para a canhota e bateu com força, mandando por cima.

Então, aos 28, o Flamengo ampliou. Arrascaeta tentou passe para Kenedy, mas mandou com muita força. A bola parecia que estava mais para o último zagueiro do Grêmio, só que o ponta rubro-negro avançou em velocidade, chegou antes, ganhou na força, correu e serviu Vitinho, livre na área, para chutar de canhota e ampliar. Com 2 a 0 no placar e um jogador a mais, a vitória parecia certa. Mas, aconteceu a pior coisa para o Flamengo. O Grêmio conseguiu descontar no minuto seguinte, não dando tempo para o tricolor sentir o segundo gol sofrido e abaixar as guardas.

Na saída de bola do Grêmio, Rodinei estava na esquerda, no setor ofensivo, bebendo água e falando com Renato Gaúcho e os reservas. O tricolor, espertamente, explorou o setor direito do Flamengo, que estava sem o lateral e o time não fez a cobertura apropriada. Rodi até voltou correndo e fez uma disputa de bola, só que não estava no lugar certo e a bola foi para Ferreirinha, dentro da área, pela esquerda de ataque. O ponta avançou para a linha de fundo e cruzou rasteiro para Borja, que passou pelas costas de Renê e descontou. Após o gol, o adversário cresceu na partida e jogou com intensidade, em busca do empate.

O rubro-negro, por sua vez, não estava com a mesma vontade. Provavelmente, muitos atletas não queriam se desgastar ou arriscar sofrer uma lesão entrando em alguma dividida, já que a final da Libertadores é no próximo sábado. Porém, além disso, o Flamengo sequer ficava com a bola. Então, a impressão que passava do campo era que o Grêmio quem tinha um a mais. Para piorar, Renato Gaúcho, que já tinha botado Pedro no lugar de Vitor Gabriel, fez uma mudança dupla, sendo uma delas bem questionável. Colocou Ramon no lugar de Renê, só que também tirou Vitinho, atacante que era o melhor em campo e principal arma no ataque, para botar o volante de marcação Piris da Motta.

Assim, mesmo com um jogador a mais no jogo, o Flamengo passou a atuar com 3 volantes, sendo dois deles, Piris e Thiago Maia, com características mais defensivas. João Gomes passou a ter mais liberdade para atacar, mas o time não tinha tanta velocidade. Isso porque, Pedro e Arrascaeta, que já não são velozes, estão retornando de lesão e ainda pegando o ritmo. Então, o único jogador rápido era Kenedy. Com isso, o Mais Querido se recuou e ainda perdeu completamente o contra-ataque, praticamente não tendo alternativas para sair.

O Grêmio, consequentemente, pressionou o Flamengo. Aos 33, o time conseguiu o empate, com Ferreirinha, em chute de dentro da área. Mesmo após o 2 a 2, o Mais Querido continuou sem aquela intensidade para buscar a vitória. Pelo contrário, foi o tricolor quem chegou mais vezes e teve ótimas chances de virar, só que pecaram nas finalizações de Borja e Ferreirinha. A única boa oportunidade do rubro-negro foi justamente no último minuto. Pedro recebeu pela esquerda e deu bom passe para Arrascaeta próximo da área, que entrou e chutou colocado, no canto, rasteiro, parando em grande defesa de Gabriel.

O empate, então, teve um sabor amargo. O time teve todas as condições de sair com a vitória, abriu 2 a 0, estava com um jogador a mais, mas vacilou na defesa e Renato Gaúcho fez uma substituição bem questionável. Ainda assim, o foco é a final. Ficou visível que os próprios jogadores, mesmo sendo reservas, não queriam se desgastar tanto ou entrar em divididas fortes, pois sabem que têm chances de entrarem e não querem perder essa oportunidade. Alguns atletas, inclusive, como Vitinho, mostraram mais uma vez que podem ser armas importantes no duelo de sábado, além de ter sido ótimo para os titulares se pouparem e Arrascaeta e Pedro pegarem ritmo, para o Flamengo poder ir com força máxima na decisão.