Análise Tática Flamengo 2 x 1 Inter: Movimentação faz a diferença

Mais Querido teve ótima atuação e conseguiu a quarta vitória consecutiva

(Foto: Reprodução/Alexandre Vidal/Flamengo)

O Flamengo venceu o Internacional por 2 a 1, neste sábado (20/11), no Beira-Rio, pela 34ª rodada do Campeonato Brasileiro. O Mais Querido teve uma baita atuação. Mesmo jogando fora de casa, o rubro-negro foi para cima do adversário, abriu 2 a 0 rapidamente e teve várias chances de fazer até mesmo uma goleada. O time também deixou espaços na defesa que precisam ser ajustados. Ainda assim, foi uma ótima vitória, que mantém a boa fase do rubro-negro, o que é fundamental, já que faltam apenas seis dias para a grande decisão da Libertadores. O jogo mostrou também aspectos técnicos e táticos bem interessantes.

Depois de muito tempo, o Mais Querido entrou praticamente com força máxima em campo. Dos jogadores considerados titulares, apenas Bruno Henrique não foi relacionado e Arrascaeta começou no banco. Assim, Renato Gaúcho montou a equipe em uma espécie de 4-2-2-2, mas dando muita liberdade para os jogadores se movimentarem e mudarem o esquema, o que confundia bastante a marcação do Internacional. O time inicial foi: Diego Alves; Isla, Rodrigo Caio, David Luiz e Filipe Luís; Arão e Andreas; Everton Ribeiro e Michael; Vitinho e Gabigol.

Na zaga, Willian Arão muitas vezes recuava entre os defensores para auxiliar na saída de bola. Mas, como Rodrigo Caio e, principalmente, David Luiz têm bastante qualidade no passe, o camisa 5 muitas vezes ou ficava na frente deles para receber o passe. Isla e Filipe Luís tinham liberdade para avançar. Mas, foram os jogadores de frente que mais se movimentaram. Andreas Pereira fez a função de segundo volante, buscando bola no meio para fazer a transição para o ataque, conduzindo e acelerando com os passes, além de aparecer na frente como elemento surpresa. Everton Ribeiro jogou pela direita, Michael aberto na esquerda, enquanto Vitinho fez dupla de ataque com Gabigol, com o camisa 9 mais à direita e o 11 à esquerda.

A grande questão é que eles não ficaram estáticos no campo. Muitas vezes, o time alternava a formação e saia do 4-2-2-2 para 4-2-3-1, por exemplo. Dessa forma, Vitinho ficava centralizado, como um meia-armador, Michael aberto na esquerda, Everton Ribeiro na direita e Gabigol centralizado. O camisa 11 tem bastante qualidade no passe e costuma sair bem nessa função. Foi atuando dessa forma que o Flamengo abriu o placar aos 3. Em transição rápida, Andreas passou para Vitinho pelo centro, que avançou com a posse. Michael inverteu de posição e correu pela ala-direita, com ER7 caindo mais para a esquerda, enquanto Gabi foi para a quina da área na esquerda. Vitinho, então, deu o passe para o centroavante, que dominou e bateu no canto, balançando as redes.

O segundo gol, marcado aos 10, foi uma obra de arte coletiva. Diego Alves saiu jogando com David Luiz. O zagueiro até tinha Andreas Pereira mais perto. Mas, como tem muita qualidade no passe, deu um passe rasteiro mais longo para Michael, no meio de campo, na esquerda. O ponta dominou, cortou um marcador e avançou com velocidade. Vitinho abriu ainda mais, quase na linha lateral, e recebeu o passe, enquanto Micha continuou correndo para o fundo, atraindo a marcação. O camisa 11, então, cortou para dentro e deu um passe na direção da meia-lua. Gabigol fingiu que ia na bola e deixou para Everton Ribeiro. ER7, então, deu um passe pelo alto sensacional para a infiltração de Andreas Pereira. O belga-brasileiro, que estava próximo da área defensiva no começo da jogada, bateu de primeira e fez o golaço.

No lance do pênalti não marcado para o Flamengo, mostra mais uma vez a movimentação do time. Voltando ao 4-2-2-2, Gabigol pegou pela quina da área na direita e passou para Isla e recuou, abrindo um espaço na marcação adversária. Everton Ribeiro entrou no buraco deixado, recebeu passe do chileno, avançou e foi derrubado por Moisés, mas o árbitro não marcou. Apesar de jogar na direita, ER muitas vezes ao longo da partida construiu o jogo por dentro, como um meia-armador. Em um ótimo contra-ataque, no 3 contra 2, ele conduziu pelo meio, Vitinho abriu na esquerda e Gabigol na direita. O camisa 7  atraiu a marcação e passou para o 11, que serviu o centroavante livre na área. Gabi dominou de frente para o goleiro e bateu para fora.

Michael invertia muitas vezes o lado de campo, para confundir a defesa adversária. Foi pela direita que ele recebeu ótimo passe de Vitinho dentro da área, com liberdade, mas errou o passe para Gabigol. Já na esquerda, avançou com velocidade em alguns contra-ataques, só que não estava no melhor dia na hora de finalizar as jogadas. Já Vitinho estava inspirado. O camisa 11 fez uma outra jogada espetacular. Recebeu pelo meio e conduziu em velocidade, com ER7 ao lado. O atacante driblou o primeiro marcador e Isla avançou pelo corredor, puxando a marcação de Moisés. Vitinho, por sua vez, fingiu o chute de fora e limpou mais um defensor. Everton Ribeiro infiltrou por dentro e o jogador deu bela enfiada para Gabigol, de frente para o goleiro. O camisa 9 tinha a opção do passe para ER, mas foi fominha, chutou e parou em lomba.

Como está claro, o Flamengo se movimentou muito no primeiro tempo e teve inúmeras chances de fazer até uma goleada. Então, veio os primeiros momentos de preocupação. No escanteio do lance perdido por Gabigol, o Mais Querido foi com o time todo para frente, deixando apenas Filipe Luís no meio de campo e Isla e Michael fora da área, mas bem adiantados. Então, após o Inter cortar a bola, o chileno acabou errando o bote e o colorado partiu para o contra-ataque com Taison e Palacios, ficando no 2 contra 1. Os dois jogadores tabelaram e marcaram o gol. Após isso, o adversário passou a criar diversas chances, achando vários espaços na defesa rubro-negra. Mesmo com a vitória, o time carioca deu menos chutes e cedeu algumas oportunidades claras, que pararam em Diego Alves ou em David Luiz e Arão, que tiraram em cima da linha.

O Inter, inclusive, voltou melhor para o segundo tempo, mas o rubro-negro passou a controlar o confronto a partir dos 13 minutos. Sempre explorando a movimentação ofensiva, com Vitinho e Everton Ribeiro muitas vezes caindo por dentro e Gabigol finalizando pelos dois lados. Renato Gaúcho fez a primeira troca aos 24, botando Kenedy na vaga do camisa 11 e alterando a formação para uma espécie de 4-3-3. Assim, o atacante entrou pelo lado esquerdo, Michael abriu na direita, com Gabigol de centroavante e Everton Ribeiro de meia-armador. No minuto seguinte, Gabi deu bom passe para Kenedy infiltrar na área, justamente pela esquerda. Ele até tinha a opção do passe para Micha na segunda trave, mas deu ótima finalização, que parou em grande defesa de Lomba.

Já aos 33, uma mudança tripla, com as saídas de Isla, ER e Michael, para entradas de Matheuzinho, Rodinei e Arrascaeta. O time, por sua vez, permaneceu no 4-3-3. O jovem ficou na lateral, Rodinei de ponta-direita e o uruguaio como o meia-armador. A equipe até chegou a balançar as redes assim. Rodi conduziu a bola pela direita e passou para a infiltração de Matheuzinho na área, que cruzou rasteiro para Gabigol. O camisa 9 finalizou e Lomba defendeu. Na sobra, Arrasca, centralizado, tentou o chute, mas conseguiu apenas resvalar e a bola sobrou para Kenedy, na esquerda, que bateu e marcou. O lance, entretanto, foi anulado por um impedimento do centroavante no começo da jogada.

A vitória, então, foi merecida. O Flamengo teve uma grande atuação e se movimentou muito na frente. Time rubro-negro poderia ter feito uma verdadeira goleada, se tivesse caprichado um pouco mais na finalização ou tomada de decisão. Ao mesmo tempo, equipe precisa ficar mais atenta na defesa. Não pode deixar os mesmos espaços contra o Palmeiras e nem ficar tão exposto em uma cobrança de escanteio ofensiva, pois senão vai sofrer muitos contra-ataques perigosos. Ainda assim, a equipe mostrou vários aspectos positivos e mantém o bom momento, para ir embalado para a grande decisão.