Flamengo perdeu para o Athletico-PR por 3 a 0, em pleno Maracanã, nesta quarta-feira (27/10), pela semifinal da Copa Brasil. Além da derrota, que custou a eliminação do torneio, o Mais Querido teve outra atuação ruim, o que liga um alerta. Novamente, Renato Gaúcho fez escolhas erradas e o coletivo não mostrou repertório de jogadas para furar a retranca adversária. Este foi o quarto jogo consecutivo sem vitória do rubro-negro, que precisa urgentemente retomar o bom desempenho, já que a grande final da Libertadores será realizada em um mês, no dia 27 de novembro.
Sem Arrascaeta e David Luiz, mas contando com a volta de Bruno Henrique e Gabigol, o Flamengo entrou em campo novamente em um 4-2-3-1, que depois variou para o 4-4-2. Na ausência do uruguaio, Renato Gaúcho optou novamente por colocar três volantes, adiantando Andreas Pereira. Dessa vez, Thiago Maia começou no banco e Diego – que não tinha ido bem contra o Fluminense – permaneceu com a vaga de segundo homem do meio de campo. A grande diferença para as outras partidas foi o posicionamento do belga-brasileiro. Ele atuou de novo na frente, mas jogou boa parte do primeiro tempo aberto na esquerda, com BH mais centralizado, próximo de Gabigol.
A estratégia não deu certo. Já estava claro nas últimas partidas e dessa vez não foi diferente: Andreas Pereira rende muito melhor como segundo volante, pois assim busca a bola na defesa, constrói o jogo de frente e dá dinâmica ao time. Ele vinha atuando nessa função e se destacando, sendo o “motor” da equipe. Já adiantado, o jogador não consegue atuar do mesmo nível, pois está mais próximo da área, dominando de costas para o gol. Então, novamente, Andreas não foi bem no primeiro tempo, errando passes e cruzamentos. Quando o belga-brasileiro está mal, naturalmente o Flamengo também cai bastante de rendimento.
Já Diego também não conseguiu render de titular. Assim como contra o Fluminense, o veterano, de 36 anos, não deu a dinâmica necessária para o time. Ou seja, para substituir Arrascaeta, Renato optou de novo por mudar duas posições do time titular, piorando ambas. Pouco participativo, o camisa 10 ainda foi decisivo negativamente. Aos 5 minutos, o jogador recebeu no meio de campo, de costas para o ataque. Ao invés de passar de primeira, tentou dominar e girar, porém perdeu a bola, que gerou contra-ataque para o Athletico. Nele, o adversário deu enfiada de bola nas costas da defesa, Filipe Luís tentou dar o bote, mas acabou acertando o pé de Kayzer. O juiz mandou seguir, só que, após checar o VAR, acabou dando o pênalti. Nikão bateu e abriu o placar.
Depois do gol no começo do jogo, somente o Flamengo passou a ficar com a bola, com o Athletico fechado. A partida, entretanto, não conseguia fluir. O furacão fazia todo tipo de cera e o árbitro picotava toda hora, não dando continuidade. Além disso, o Mais Querido praticamente não criou, mostrando pouquíssimo repertório ofensivo. As jogadas eram quase sempre pelos lados de campo, buscando o cruzamento na área, sem uma triangulação pelo meio, ou finalização de longa distância. Everton Ribeiro também aparecia pouco, Gabigol não recebeu nenhuma bola em condições de finalizar e Bruno Henrique não estava em uma boa noite, buscando mais cair na área pedindo pênalti do que jogar.
A única boa chance que o Flamengo criou na primeira etapa até os acréscimos foi aos 18, graças a um erro na saída de bola adversária. Everton Ribeiro recuperou no ataque e passou para Bruno Henrique de frente para o goleiro, que adiantou e chutou em cima do goleiro. A partida parecia que iria para o intervalo com 1 a 0 no placar, mas, aos 51, Isla se enrolou com a bola na entrada da área ofensiva. O Athletico foi para o contra-ataque com Terans e Léo Pereira errou em não fazer a falta para matar o lance. O jogador abriu para o Nikão, que deu em Kayzer na esquerda. A jogada já tinha perdido um pouco da velocidade e o atacante devolveu em Nikão na direita, dentro da área, bem marcado por Filipe Luís. O atleta bateu com a direita, que é a perna ruim, nas mãos de Diego Alves, que aceitou.
No último minuto do primeiro tempo, o Flamengo finalmente fez uma boa jogada trabalhada e criou uma chance clara de descontar. Everton Ribeiro recebeu na direita e deu lindo passe para a infiltração de Isla na área. O chileno cruzou rasteiro para trás, na medida para Andreas Pereira, completamente livre, que bateu de primeira, por cima do gol, desperdiçando uma chance incrível. No intervalo, Renato mudou o time. Tirou Diego e colocou Michael. Assim, a equipe ficou oficialmente no 4-4-2 (ou um 4-2-2-2). Andreas recuou para segundo volante, onde rende melhor, ao lado de Arão. Na frente deles, Everton Ribeiro atuou aberto na direita, com Michael na ponta-esquerda. Já Bruno Henrique e Gabigol formaram a dupla de ataque.
A mudança fez efeito. Andreas Pereira passou a atuar melhor na função de origem e Michael entrou muito bem na partida. Logo no primeiro minuto, o ponta recebeu na esquerda e deu boa bola para Bruno Henrique dentro da área, que driblou a marcação e chutou em cima de Santos. Aos 5, Andreas bateu da intermediária, mirando o ângulo, e parou no goleiro. Já aos 7, Michael quase fez um gol antológico, passando por 5 marcadores e finalizando, mas Santos defendeu e a bola ainda bateu na trave. Léo Pereira também quase marcou de cabeça aos 11, após batida de escanteio do belga-brasileiro, e, aos 17, outra grande chance criada com Isla. Gabigol deu belo passe para a infiltração do chileno, que cruzou rasteiro para trás, de volta para o camisa 9, na entrada da área, que bateu de primeira, por cima do gol.
Depois do Flamengo não marcar nessa imensa pressão nos 20 minutos iniciais do segundo tempo, Renato Gaúcho fez a primeira substituição. Aos 21, tirou Filipe Luís e botou Ramon, tendo em campo um lateral-esquerdo que vai ao fundo e dá mais profundidade. O técnico posicionou o jovem avançado, como um verdadeiro ponta, para explorar o buraco que a defesa adversária estava dando no setor. O problema é que era justamente nesse espaço que Michael estava fluindo muito bem e, depois da mudança, o ponta deu uma apagada na partida e o time parou de criar. Já aos 30, uma substituição tripla. O treinador tirou Isla, Arão e Everton Ribeiro, para colocar Matheuzinho, Vitinho e Kenedy. A equipe passou a ficar cheia de jogadores de velocidade e drible.
Com as mudanças, o Flamengo ficou meio confuso. O time foi para uma espécie de 2-1-5-2, com Andreas de primeiro e único volante, Matheuzinho, Kenedy, Vitinho, Michael e Ramon na outra linha e a dupla Bruno Henrique e Gabigol centralizada. Kenedy as vezes entrava na área também e os jogadores alternavam quem fazia jogada pelo lado. A estratégia não deu certo. Sem a equipe conseguir se organizar, criou apenas uma boa chance, com passe de Ramon para Bruno Henrique dentro da área, que bateu mas foi travado e ficou com Santos. Então, aos 43, o gol que matou o jogo. Com todos avançados, Zé Ivaldo roubou a bola e lançou Pedro Rocha no contra-ataque. Marcado por Matheuzinho, o centroavante passou para a infiltração do próprio zagueiro, nas costas de Rodrigo Caio, que bateu e ampliou.
Com a eliminação já certa, o Flamengo até tentou fazer o de honra, com chutes de longe de Andreas e Kenedy, além de alguns chuveirinhos na área, mas não conseguiu. Time foi eliminado tendo uma atuação bem fraca, em que mostrou pouquíssimo repertório ofensivo, mesmo tendo 77% de posse de bola. Foram apenas 18 minutos bons, muito por uma tentativa de pressão no começo da segundo etapa e a entrada inspirada de Michael, que confundiu a marcação adversária.
Renato Gaúcho agora tem 1 mês para arrumar a equipe para a decisão. Já no próximo sábado (30/10), o time tem um outro jogo importante, contra o Galo, pelo Brasileirão, em que alguns ajustes tem que ser feitos. Andreas Pereira precisa retornar à função de segundo volante, onde rende melhor, botando alguém ofensivo (Michael ou Vitinho) na vaga de Arrascaeta, tirando Diego/Thiago Maia. Além disso, é preciso treinar mais alternativas para furar as retrancas adversárias, pois o time está cada vez mais previsível, o que está nítido nos últimos resultados e desempenhos.