Durante a viagem para a final da Champions League, a cúpula do Flamengo aproveitou para se reunir com representantes do Bayern de Munique e da Adidas na Alemanha, com o objetivo de entender o modelo de gestão do clube alemão e sua relação com os sócios. O ponto de maior interesse foi a criação de uma empresa para viabilizar a construção do estádio, algo que despertou a curiosidade dos dirigentes rubro-negros.
No entanto, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, e seus aliados rejeitam a ideia de vender o controle do clube, e essa posição é compartilhada por outras correntes políticas do clube. A intenção é encontrar um modelo que permita a construção de um estádio sem gerar gastos excessivos. O exemplo do Bayern de Munique é uma das possibilidades em análise, mas ainda em estágio inicial, já que o projeto do estádio no Gasômetro encontra-se temporariamente paralisado.
A estratégia adotada pelo Bayern de Munique foi abrir o capital do clube, realizando uma venda de ações minoritárias para empresas estratégicas, como Allianz, Adidas e Audi. Essas empresas detêm 24,9% das ações, enquanto o clube mantém a maioria. Esse percentual é estrategicamente importante, pois, de acordo com a legislação alemã, um controlador com mais de 75% das ações possui amplos direitos e autonomia, ficando sujeito a poucas interferências dos acionistas minoritários.
A construção da Allianz Arena, estádio do Bayern de Munique, foi financiada dessa forma e, atualmente, a dívida já foi totalmente quitada. No entanto, é importante ressaltar que as empresas possuem poder reduzido nas decisões do clube. No conselho de administração do Bayern, as três empresas têm apenas um assento cada, enquanto o presidente é eleito pelos sócios. As empresas têm benefícios estratégicos, como preferência para renovação de contrato com fornecimento de material esportivo, alavancagem de vendas de carros entre os sócios e direitos de naming rights.
Para o Flamengo, a possibilidade de adotar um modelo semelhante seria mais viável no contexto de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), focada exclusivamente na construção do estádio, sem afetar o controle e a gestão do clube. Isso permitiria a venda de uma participação minoritária para parceiros estratégicos, levantando recursos para o projeto específico do estádio, sem prejudicar as despesas operacionais do clube, que estão sob controle e em proporção adequada às receitas.
No momento, o projeto do estádio próprio do Flamengo encontra-se em segundo plano, devido a questões burocráticas e estratégicas. A prioridade atual é conquistar a concessão do Maracanã, por meio de uma parceria com o Fluminense, para a gestão do estádio. A licitação, aguardada com expectativa, está prevista para ser realizada em 2023 após um longo período de espera. Quanto ao terreno do Gasômetro, no Centro do Rio de Janeiro, que também era uma opção para o estádio próprio, as negociações foram impactadas pela troca de governo, resultando em atrasos devido à mudança de gestores da Caixa Econômica.