O Flamengo venceu o Bahia por 3 a 2, fora de casa, pela rodada 6 do Campeonato Brasileiro. O resultado foi importante. Mas, a atuação preocupa. Isso porque, o time teve um segundo tempo muito fraco e mostrou, ao longo de todo o jogo, grandes fragilidades defensivas.
Sampaoli não teve à disposição os laterais Varela, Matheuzinho e Filipe Luís, o meia Gerson e o atacante Pedro. O treinador também poupou de início o volante Pulgar e também Everton Ribeiro, que nem entrou. Assim, o técnico escalou o Flamengo em um 4-2-3-1. A boa notícia é que, no time titular, botou novamente as joias da base.
Assim, o Mais Querido jogou com Matheus Cunha no gol. Na primeira linha, Fabrício Bruno ficou como lateral-direito e Ayrton Lucas esquerdo, sendo o defensor improvisado, naturalmente, mais defensivo. A dupla de zaga foi formada por David Luiz e Léo Pereira.
Já no meio, Thiago Maia ficou de primeiro volante, com Victor Hugo de segundo. Matheus França atuou de meia-direita, Arrascaeta centralizado, Cebolinha aberto na esquerda e Gabigol de referência, sempre com liberdade para se movimentar pelo campo.
Ofensivamente, o primeiro tempo não foi ruim. A equipe rubro-negra aproveitava os muitos espaços que o Bahia deixava na marcação e tentava acelerar as jogadas. Victor Hugo fazia bem a função de ligação para os jogadores de frente e o time estava saindo bem jogando, com Matheus Cunha dando mais qualidade que Santos no quesito.
Entretanto, o time não conseguia aproveitar as chances, sempre pecando no toque final. Foram alguns contra-ataques que o Bahia cedeu espaço, mas o rubro-negro não soube aproveitar. Mas, se no ataque o Flamengo parecia que o gol poderia sair a qualquer momento, na defesa o mesmo podia ser dito.
Isso porque, a marcação do Flamengo foi muito ruim ao longo de toda a partida. Mesmo no primeiro tempo, que foi bem melhor que o segundo, o time deixava muito espaço no meio de campo para o Bahia criar. As linhas estavam muito afastadas uma da outra, com o rubro-negro não marcando nem pressão e nem em bloco baixo. O tricolor conduzia sem ser incomodado pelo frouxo sistema defensivo rubro-negro.
Mas, a bola parada fez efeito – algo que o time tem evoluído com Sampaoli. Arrascaeta bateu falta da intermediária, David Luiz escorou para o meio e Matheus França abriu o placar. Poucos minutos depois, o Flamengo ampliou.
Em jogada pela esquerda, sempre o setor mais forte do time, o rubro-negro aproveitou a liberdade que o Bahia deixou na marcação. Cebolinha conduziu, encontrou Arrascaeta na área, que deu drible espetacular, sofreu pênalti e Gabigol converteu.
Jogo parecia tranquilo, com os 2 a 0 no placar e a perspectiva de mais gols do Flamengo, devido à fragilidade da defesa do Bahia. Mas, aos 35, foi a vez do tricolor punir a frouxa marcação rubro-negra. Sem ser pressionado, o time baiano trocou passes na frente da área do Mais Querido, até Biel chutar livre e fazer um belo gol, mas que contou com a passividade da defesa.
Ainda assim, o rubro-negro conseguiu ampliar no primeiro tempo, de novo na bola parada. Matheus França batalhou pela posse de bola no ataque pela direita e caiu, com o juiz dando falta para o Flamengo. Na cobrança, Cebolinha levantou na medida e David Luiz marcou o primeiro dele pelo clube.
Segundo tempo
Até então, era uma partida em que o Flamengo estava mal na defesa, mas bem no ataque. Entretanto, a segunda etapa foi tenebrosa. O desastre começou quando Sampaoli foi forçado a fazer todas as cinco substituições no intervalo. Matheus Cunha, David Luiz, Thiago Maia, Matheus França e Cebolinha tiveram problemas físicos e o treinador teve que mudar meio time.
A formação continuou mais ou menos a mesma. Nos lugares dos atletas entraram Santos no gol, Wesley na lateral-direita, com Fabrício Bruno voltando para zaga. Pulgar e Vidal formaram a nova dupla de volantes, com Bruno Henrique aberto pela direita, Arrascaeta centralizado e Victor Hugo passando a ocupar mais a meia-esquerda.
O time, entretanto, teve uma queda gigantesca de rendimento. A defesa continuou extremamente frágil, enquanto o ataque não conseguia ficar com a posse ou criar, nem mesmo em contra-ataque. Um dos principais motivos disso foi a errada escolha do Sampaoli de colocar Vidal.
Isso porque, com a entrada do volante chileno, Victor Hugo, que era um dos melhores em campo, mudou de posição. Além disso, a equipe perdeu a velocidade e contundência do lado esquerdo – principal setor ofensivo -, sem Cebolinha por lá, já que VH tem características bem diferentes e Bruno Henrique começou pela direita. Para piorar, Vidal teve mais uma partida abaixo da crítica.
Com os chilenos formando a dupla de volantes, o Flamengo perdeu totalmente o meio. Além disso, Bruno Henrique ainda está sem ritmo de jogo e não conseguia aproveitar o espaço deixado pelo adversário. Arrascaeta, que voltou recentemente de lesão, foi perdendo intensidade e o time ficou praticamente nulo.
Uma opção que teria sido bem melhor que Vidal era Matheus Gonçalves. Se tivesse optado por ele, Sampaoli não mudaria tanto a característica do time. Victor Hugo continuaria de segundo volante, ao lado de Pulgar, e a equipe ficaria com velocidade pelos lados, tendo o jovem canhoto na direita e Bruno Henrique na esquerda.
Já com Vidal, Flamengo ficou perdido em campo e era pressionado pelo Bahia. Aos 6, o tricolor descontou o placar, após a defesa do Flamengo não afastar falta cobrada na área e Ademir, livre, dominar e marcar. O adversário continuava criando, até que, em uma rara saída do Mais Querido pela direita com Wesley, aos 29 lateral foi derrubado e Resende expulso.
Apenas três minutos depois, foi a vez de Kanu levar o segundo amarelo e o Bahia passou a ter dois a menos. Dessa forma, a tendência era que o Flamengo passasse a dominar o jogo e aplicasse uma goleada no adversário. Afinal, se o tricolor já deixava espaço com 11 jogadores, com 9 o Mais Querido teria muito mais.
E de fato teve. Porém, o time do Flamengo simplesmente mostrou um desinteresse gigantesco em jogar. Mesmo com dois jogadores a mais, a equipe não ficava com a bola. Nas raras vezes que trocou passes, criou duas chances claras, ambas finalizadas por Ayrton Lucas. Na primeira, o lateral perdeu gol feito e na segunda o zagueiro adversário tirou na linha.
Entretanto, nem isso motivou o Flamengo a tentar fazer mais gols e “matar” a partida. Pelo contrário. A equipe ficou próxima de sofrer o empate. Mesmo com dois jogadores a menos, o Bahia teve muita posse ofensiva e criou chances perigosas. Se o rubro-negro teve desinteresse no ataque, na defesa a postura foi ainda mais patética.
Por sorte do Flamengo, o Bahia não conseguiu converter as várias chances que criou e o rubro-negro saiu vitorioso. Foram três pontos importantes, fora de casa. Mas, o recado final foi terrível. A postura do time não pode se repetir, ainda mais em jogos contra adversários mais fortes.
Já a defesa precisa ter um salto enorme de evolução o quanto antes. Os espaços entre as linhas que o Flamengo deixou contra o Bahia foram alarmantes. A equipe tem que decidir se vai marcar pressão ou com bloco baixo e jogar de forma compacta. Só assim não vai sofrer tanto defensivamente.