O Flamengo venceu o Cuiabá por 2 a 0, nesta quinta-feira (01/07), na Arena Pantanal, pela 8ª rodada do Campeonato Brasileiro. Mas, quem viu a partida, ficou com a impressão de que viu dois jogos diferentes no mesmo confronto. Isso porque, o Mais Querido dominou completamente o primeiro tempo, só que sofreu pressão na segunda etapa. Há uma explicação tática para isso.
No primeiro tempo, o rubro-negro atuou em uma espécie de 3-2-3-2 com a bola. Rodrigo Caio, Arão e Filipe Luís fizeram a primeira linha, com Diego e João Gomes de volantes. Na frente deles, Matheuzinho ficou de ala-direita, Vitinho centralizado e Michael aberto na esquerda. Bruno Henrique e Pedro fizeram a dupla de ataque.
O mais interessante, entretanto, foi o momento sem bola do Flamengo. Matheuzinho recuava para a linha defensiva, mas João Gomes adiantava. Assim, o Mais Querido ficava em uma espécie de 4-1-3-2, com Diego sendo o primeiro volante, Vitinho abrindo um pouco para a direita, mas atacando quem tinha a bola, João Gomes avançando pelo centro – muitas vezes quase até os atacantes -, Michael na esquerda e a dupla Bruno Henrique/Pedro pressionando na frente.
Assim, o Flamengo não deixava o Cuiabá sair jogando e foi dessa forma que fez o gol. João Gomes pressionou na frente e o adversário tentou ir tocando pelo meio. Vitinho, então, caiu por dentro para marcar e conseguiu a roubada de bola, já acionando Bruno Henrique. O atacante aproveitou que João Gomes estava adiantado e já deu um passe rápido para o volante dentro da área. Ele dominou, passou para Pedro, que abriu o placar.
O time, então, estava muito bem. Cuiabá só deu duas finalizações em toda a primeira etapa, sem criar nenhuma grande chance, enquanto o Flamengo chutou seis vezes e teve 69% de posse. A equipe conseguiu controlar o jogo e ainda teve oportunidades para ampliar, mas não conseguiu converter.
Entretanto, na segunda etapa o Cuiabá fez algumas mudanças. O time mudou todo o lado direito. Tirou o lateral Lucas Ramon e o ponta Jhonathan Cafú, para as entradas de Camilo e Danilo Gomes. A equipe, então, ficou mais ofensiva, explorando esse setor, e, inclusive, desperdiçou uma excelente oportunidade no primeiro minuto, justamente com Danilo.
O Cuiabá também mudou totalmente a postura e estratégia. O time começou a pressionar a saída de bola do Flamengo, não deixando o rubro-negro conseguir sair tocando. Os jogadores se adiantaram e começaram a preencher mais o meio. A estratégia era boa, mas dava espaço ao rubro-negro.
Um exemplo claro dos dois lados da estratégia aconteceu aos 6 minutos. Gabriel Batista tentou um passe forte para Diego no meio de campo, mas, pressionado, o volante não conseguiu dominar. Pepê aproveitou e tentou fazer do meio de campo, só que não pegou bem na bola. No tiro de meta, o Cuiabá, animado, foi para cima pressionar a saída. Então, o goleiro deu um belo lançamento para Pedro, no meio de campo, que fez lindo pivô e serviu Vitinho na direita. Ele avançou e chutou da entrada da área, obrigando Walter a fazer grande defesa.
Mas, depois disso o Flamengo não estava encontrando muitas soluções. Diego, então, se machucou e Rogério tirou ele e João Gomes, para botar Hugo Moura e Thiago Maia. O intuito de trocar a dupla toda deve ter sido para dar um gás no meio, que estava sendo tomado pelo Cuiabá. Mas, Luiz Fernando Lubel respondeu tirando o centroavante Elton e colocando o ponta Felipe Marques, centralizando, então, Clayson.
Depois dessas mudanças, o resultado foi justamente um efeito inverso do que Rogério esperava. O Cuiabá começou a dominar totalmente o meio de campo. Para piorar, o rubro-negro não estava conseguindo encontrar outras alternativas para sair jogando. Teve apenas uma boa chance, após ótima jogada de Bruno Henrique, em que Pedro chutou de fora, ao invés de passar para Vitinho, livre na área.
Rogério Ceni, então, a partir dos 25, colocou o time em um 4-3-3. Matheuzinho ficou na linha defensiva e o meio era formado por Hugo Moura de primeiro volante, Thiago Maia e Vitinho na frente dele, centralizados, com liberdade para atacar. Michael abriu no lado direito, Bruno Henrique na esquerda e Pedro ficou sozinho na frente, de referência. A equipe continuou sem conseguir manter a posse. O lado positivo era que o Cuiabá também não conseguia criar chances perigosas.
O treinador manteve o esquema e botou Max no lugar de Vitinho, fazendo a função do 3º volante pela direita, e Rodrigo Muniz na vaga de Pedro, para ter um centroavante mais físico, brigador. Deu certo. Primeiro, aos 41, Matheuzinho avançou por dentro, tabelou com Max e chutou de dentro da área, com perigo. Três minutos depois, Michael, pela direita, fez cruzamento na cabeça de Muniz, que deu com força, mas nas mãos do goleiro.
Então, aos 47, o gol. O Cuiabá tentou ir para cima, mas sem conseguir achar espaços. Matheuzinho, então, afastou uma bola, que ficou em cima do Rodrigo Muniz, no meio de campo. O centroavante conseguiu dominar, aproveitou que o adversário estava exposto, com só um zagueiro, e avançou. Thiago Maia, que estava na posição de um volante com mais liberdade pela esquerda, correu livre na área, recebeu passe perfeito do jovem atacante e botou números finais ao jogo.
Então, foram praticamente duas partidas distintas em um mesmo jogo. É sempre importante destacar que o Flamengo está atuando sem 4 titulares, devido à Copa América e, contra o Cuiabá, ainda não contou com Diego Alves no gol. Mesmo assim, saiu com uma vitória importante, com algumas questões positivas para levar e outras para melhorar, como a intensidade na segunda etapa.