Paulo Sousa parece estar deixando claro que o Flamengo não terá 11 titulares definidos. O treinador tem escalado a equipe de acordo com o adversário. O português quer que os jogadores façam várias funções em campo para aumentar o leque de opções e deve colocar isso em prática contra o Vasco nesta quarta-feira, às 20h, no Maracanã.
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O analista de desempenho Leonardo Miranda, do “GE.com”, explicou como Paulo Sousa tem utilizado Everton Ribeiro durante as partidas. A primeira é pela ala esquerda, quando o Flamengo tem a bola e forma um 3-4-2-1, o camisa 7 abre o campo e fica mais fixo pelo lado. Nessa função, o capitão rubro-negra tem demonstrado uma certa dificuldade de se adaptar. Contra o Bangu, atuou de meia-armador, posição em que domina muito bem, jogando mais próximo da área e fazendo dupla de armação com Arrascaeta.
É importante lembrar que quando Everton Ribeiro iniciou a carreira no Corinthians, era escalado como lateral-esquerdo. Quem o trouxe para o meio de campo foi treinador Antônio Carlos Zago, na época do São Caetano. Quem teve a ideia de transformar o jogador “falso ponta” pela direita para usar o pé trocado e levar a bola para dentro, perto do gol, foi Marcelo Oliveira, quando estava no Coritiba. Foi jogando dessa forma que o atleta se consagrou e virou ídolo de Cruzeiro e Flamengo.
O analista de desempenho explica o que Paulo Sousa pretende ao trocar Éverton de posição e o que muda em cada posição.
“Quando joga como ala no 3-2-4-1 que o Flamengo desenha com a posse, ele usa muito mais o pé dominante. Com apenas um lado para interagir com os companheiros, ele posiciona o corpo sempre em diagonal e a perna esquerda fica no lado do campo, numa posição que facilita a recepção de bola.”
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“Como o lado normalmente é marcado apenas por um adversário, sem dobra, Éverton tem mais tempo com a bola no pé quando atua de ala. Ele pode receber, olhar o jogo e passar ou devolver. A consequência tática disso é que ele cadencia e enxerga mais opções, o que torna o lado esquerdo do Flamengo muito mais acionado.”
“Já como meia armador, Éverton tem mais campo para se movimentar. Esse miolo entre o meio e o ataque exige que Éverton fique mais de costas pro gol, uma vez que a bola vem dos companheiros que estão atrás. Ele pode usar tanto o pé esquerdo como o direito. Só que a marcação normalmente é dobrada nesse setor. Como o papel de Éverton é lidar um setor ao outro, ele tem muito menos tempo com a bola e precisa jogar com poucos toques – um ou dois, no máximo,” explicou Leonardo Miranda.
Agora, o analista explica as formas que o capitão rubro-negro busca para dar os passes em cada posição. O profissional aponta que o Flamengo mantém a posse de bola por mais tempo no ataque quando o camisa 7 está de ala esquerdo.
“Quando joga como ala, Éverton recebe com o pé esquerdo e normalmente faz o passe com o mesmo pé. Como só há um lado, ele leva a perna para dentro. As opções que se apresentam estão mais afastadas da área, e Éverton pode tocar a bola no pé do companheiro. São situações em que a bola é mantida com a equipe, mas não há uma progressão em campo.”
“Ele consegue fazer o time avançar alguns metros quando um dos companheiros se desloca para receber em sua frente, nas costas do marcador. É quando Éverton usa a perna direita para tocar rápido. Com Everton ala, o Flamengo mantém a posse por mais tempo e num setor mais avançado, mas muitas vezes não acelera o jogo para a fase de finalização.”
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“Jogando de meia, as opções de passe de Éverton mudam. Ele fica mais próximo do centroavante, ou do jogador mais avançado do time. Com Matheusinho ou Isla abrindo o campo, é mais opção de passe. São opções que exigem um passe mais longo, no espaço, para o companheiro correr. Não é mais bola no pé. Como tem menos tempo, Éverton usa mais as duas pernas e por vezes domina e toca no mesmo lance, com os dois pés. Com Everton meia, o Flamengo acelera mais o jogo pelo lado direito e, dependendo de quem joga próximo, consegue fazer mais tabelas que abrem espaço,” concluiu Leonardo.
A posição em que Everton vai atuar contra o Vasco só será revelada quando a bola rolar. Porém, após a boa partida quando o Bangu, atuando no meio de campo, pode ser que o capitão rubro-negro recebe mais uma oportunidade de jogar neste setor.