Faltam apenas 4 dias para a grande final da Libertadores. O Flamengo deixou para trás o mau momento e vem de 4 vitórias consecutivas, atuando com um quarteto ofensivo formado por Everton Ribeiro, Michael, Bruno Henrique e Gabigol. Entretanto, o técnico Renato Gaúcho terá que fazer uma mudança importante no setor. Isso porque, Arrascaeta está de volta de lesão e deve iniciar a decisão. Assim, fica a pergunta: Quem sai do time titular? Na análise de hoje da série de matérias especiais do DIÁRIO DO FLA, vamos abordar as opções técnicas e táticas que o treinador tem.
A tendência é que Arrascaeta volte ao time na vaga de Michael, montando novamente o quarteto que joga junto desde 2019 e era indiscutivelmente o titular antes da lesão do uruguaio. Assim, a equipe deve retornar ao 4-2-3-1, com Everton Ribeiro na direita, sempre cortando para dentro, Arrasca centralizado, flutuando bastante por todo o setor ofensivo, caindo pelos dois lados e pisando na área, enquanto Bruno Henrique joga aberto na esquerda, fazendo o facão, e Gabigol como um centroavante móvel. Com os mesmos jogadores, a formação pode alterar para o 4-4-2, com o camisa 14 indo para a meia-esquerda e BH virando um 2º atacante ao lado de Gabi, algo que estão bem acostumados.
Entretanto, no período em que Arrascaeta ficou fora, Michael se tornou talvez o maior destaque do time e vive fase espetacular. Nos últimos 24 dias, ele marcou 7 gols e deu 1 assistência, além de “infernizar” a defesa adversária, sempre com muita velocidade e dribles imprevisíveis. Com isso, há um apelo de muitas pessoas para que Renato Gaúcho coloque Micha de titular na final, tirando, consequentemente, Everton Ribeiro. A tarefa, entretanto, não é tão simples. Isso porque, o camisa 19 atua muito melhor pelo lado esquerdo. Entretanto, o setor já vai estar ocupado, seja com Bruno Henrique, no 4-2-3-1, ou Arrasca, caso o time jogue no 4-4-2. Então, para poder iniciar a decisão, Michael teria que jogar pela direita.
O problema é que Michael costuma ficar mais “previsível” quando atua pelo lado direito. Isso porque, no setor esquerdo, ao receber a bola contra a marcação do lateral adversário, o defensor acaba ficando “perdido”, pois o ponta pode buscar a linha de fundo na velocidade e tentar o passe/cruzamento, ou cortar para dentro, no pé dominante, e arriscar o chute. Já na direita, a tendência é que Micha vá quase sempre para o fundo, pois se cortar para dentro, terá que finalizar de canhota, o que é bem mais complicado de fazer com o pé “ruim”. Então, acaba buscando fazer o cruzamento, ficando mais “comum”. Além disso, o Flamengo já tem um jogador para explorar o corredor direito: o lateral, seja Isla ou Matheuzinho.
Isso porque, quando Everton Ribeiro atua, o camisa 7 joga pelo lado direito, mas, como é canhoto, tem a tendência de cortar para dentro, deixando o corredor “livre”. Tanto Isla, como Matheuzinho, são laterais de velocidade e muito ofensivos, que passam a partida toda avançando neste “buraco” que ER deixa, justamente para receberem o passe em profundidade e fazerem o cruzamento na área. Já com Michael, acabaria tendo um “conflito” neste setor, já que o ponta também teria a tendência de ir para o fundo, não deixando o mesmo espaço para os laterais. Assim, não é tão simples colocar Micha no lugar do meia.
Uma outra opção seria iniciá-lo no lugar de Bruno Henrique, já que vive momento mais iluminado, mas é algo que nem deve passar na cabeça de Renato Gaúcho por alguns motivos. Para começar, por mais que Michael esteja muito bem, BH também está em boa fase. O atacante também tem como “marca” crescer em jogos grandes, como mostrou no título da Libertadores de 2019, nos clássicos e na própria campanha atual, com os 4 gols da semifinal. Além disso, há uma questão tática importante. Michael não deixa a desejar em relação ao camisa 27 na questão de fazer o corredor esquerdo. Entretanto, há um aspecto que Bruno Henrique é bem superior: a infiltração na área.
Isso porque, Gabigol é um centroavante muito móvel. O jogador não fica “parado” na área durante a partida, longe disso. Ele costuma cair bastante pelo lado direito do campo, para tabelar com Isla/Matheuzinho e Everton Ribeiro. Quando faz isso, acaba atraindo a marcação e deixando um buraco na defesa. Bruno Henrique é especialista em ler esse espaço e infiltrar na área para receber a enfiada de bola ou cruzamento, algo que Michael não faz com tanta frequência. Além disso, BH tem uma impulsão fenomenal e é fortíssimo no jogo aéreo, ganhando a disputa contra vários zagueiros, o que pode fazer a diferença na final, algo que Micha, com 1,66m não tem.
Então, por esses motivos apresentados, a tendência é que, caso Arrascaeta esteja com condições de iniciar o confronto, Michael comece a partida no banco, o que não significa que ele não será importante. Longe disso. O jogador será uma arma fundamental para Renato Gaúcho colocar ao longo da partida. Até porque, há a possibilidade do uruguaio não poder atuar o jogo inteiro por questão física, então, naturalmente, Micha entraria no lugar dele, sem deixar o nível cair e trazendo características diferentes para a equipe, com a velocidade e drible. Além disso, entrando no segundo tempo, pegará os defensores adversários mais cansados, o que é ótimo para as características dele. Tem tudo para ser o atleta que entra e muda a cara da final.