O Flamengo venceu o Bahia nesta quinta-feira (20/06), no Maracanã, pela 10ª rodada do Campeonato Brasileiro. Com o resultado, o Mais Querido reassumiu a liderança da competição. O gol foi marcado já nos acréscimos. Após o jogo, o técnico Tite ressaltou a atuação do time.
“Com o número de interrupções, quase todos os jogos tem gerado quase cem minutos. E a preparação é para todos esses momentos, que são decisivos. O que me deixa feliz, enquanto técnico, é que é muito fácil vencer um jogo quando se tem uma equipe rodada, jogando há seis, sete meses juntos, que é o mínimo. Na Europa dizem dois, três anos, mas vamos adaptar. Porque em seis, sete meses, ela rodando, ela tem alternativas”, disse Tite.
O treinador também enalteceu o desempenho do coletivo: “Há um outro orgulho muito grande, que é externado aos torcedores e atletas, de que há uma série de adversidades, no início e durante o jogo. E o desempenho faz com que ele tenha uma vitória em um jogo extremamente difícil e com a utilização de uma série de jogadores importantes, porque a equipe vence. Esse é o orgulho maior”.
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Sobre superar adversidades
“Talvez a metáfora de lutar, seja de jogar. O Flamengo jogou muito o segundo tempo. Mas, jogou muito. No primeiro tempo teve dificuldades, bastante. Mas, jogou muito. E o espírito vem, por vezes, erradia do torcedor para dentro do campo, das ações do atleta para fora e esse unir de forças faz ter esses momentos”, disse Tite.
“A dedicação de alguns atletas experientes fazendo funções que nunca tinham feito tão rotineiramente, ou atletas sacrificando para voltar antes do que a gente esperava. Os atletas se proporem a antecipar o processo, até correndo algum risco. Isso vem da alma do atleta, daquilo que a gente trabalhou, nesse momento muito difícil. No último jogo estávamos sem dez atletas, cinco por lesão, cinco convocados e mais o Bruno Henrique que saiu durante o jogo com problema estomacal. Neste, agora, estávamos sem sete, o que nos dificulta. Mas, a gente tem os meninos que entraram e estão muito bem”, disse Cléber Xavier, auxiliar técnico.
“Vou dar nome. O BH, em condições normais, não teria condições de iniciar o jogo contra o Athletico. Vou ser bem direto para o torcedor. Jogou porque puxou da alma, mas não tinha mais condições no intervalo. O torcedor tem que saber. Allan foi antecipado, porque não era para vir pra esse jogo. Ele deu a parcela de contribuição e o Departamento Médico faliu ‘Vamos’. Léo Ortiz em uma função que não é a específica dele, em que tem que transitar muito. Fez dois jogos inteiros. Léo Pereira fazendo a função de lateral. Bahia (Cleiton) em uma situação contra um time que faz modificações e bota jogadores de velocidade em cima. O torcedor precisa saber”.
Sobre a forma de jogar com os desfalques
“Duas formas: Uma que ela é de velocidade. Se der espaço, não vai nos controlar, porque é muita velocidade e qualidade dos lados. Vai ter mais posse de bola, mas não vai conseguir nos controlar. Nós vamos criar oportunidades, como aconteceu hoje. E número de oportunidades mais vivas, mais claras. Quando você tem um articulador do lado, aí tem mais jogo. Uma ou outra. As duas formas a equipe se encontrou”.
Substituição do Lorran
“Dois homens de frente, agudos. Que fazem uma flutuação, porque o primeiro meio-campista deles faz uma iniciação e, por vezes, entrada no meio dos dois zagueiros para fazer essa articulação. É uma equipe completa e muito boa equipe. Posse de bola, as vezes não tem transição, mas equipe não pode ter tudo. E quando tem o Gabi que pode ser jogado dessa forma, dois jogadores agudos, agressivos, de combinação curta, de último terço do gramado, você fica com essa opção”.
Comemoração depois do gol
“Em termos de desempenho, o segundo tempo foi igual no Campeonato Carioca ou mais. Verdadeiramente, nesses dois jogos, o jogo do desempenho, eram quatro pontos. Poderia ser a vitória contra o Athletico, empate hoje. Mas, com a ressalva, as grandes oportunidades, as claras, foram em grande maioria nossa”, disse Tite.
“A questão da união é o tempo, o tempo que vai se somando. Já são nove meses juntos, uma filosofia de trabalho. A gente criar um bom ambiente de trabalho, jogadores entendendo o processo, aproveitamento de todos. A gente trabalha todos, não é só nas palavras, é no dia a dia e os jogadores entendem isso. E tem lideranças muito fortes no grupo e que tem essa forma de trazer essa união. Os resultados vão acontecendo e vai fomentando, trazendo essa relação. Aconteceu no jogo contra o Athletico, que a gente fez uma grande atuação. Tomamos um gol no finalzinho e conseguimos reagir. Aconteceu no último jogo e traz para esse também”, afirmou Cléber Xavier.
Estratégia da partida
“A estratégia não foi essa (começar recuado e apostar na velocidade). A gente tem as nossas marcações nas três alturas, pressão alta, pressão média e pressão baixa. Na qualidade do Flamengo, a boa troca de passe no setor de dentro, que o Flamengo usa bem com cinco meio-campistas. Eles conseguiram trabalhar bem essa bola. A gente teve um pouco de dificuldade no primeiro tempo, apostou nessa velocidade de saída, o jogo se colocou assim. No segundo tempo, uma retomada diferente, com a entrada do Allan e o Gerson pelo lado para termos o controle dessa posse. Dificulta um time pronto, como o do Bahia, e a gente tendo que arrumar devido aos desfalques. Mas, o entendimento dos atletas, principalmente no segundo tempo, fez com que a gente elevasse o nosso número de finalizações e posse”, disse Cléber Xavier.
Como encarar o Fla-Flu
“O Fluminense é o atual campeão da Libertadores. A gente pode colocar dessa forma também. Depende de qual o enfoque que a gente possa colocar. O Flamengo é um campeão da Libertadores, Carioca e está liderando o Campeonato. O que é, é um grande clássico”, diz Tite.
“É um grande clássico em que a gente, infelizmente, joga com um dia a menos de descanso”, diz Cléber Xavier.
“Eu vou falar direto para ele. Para o Júlio Avelar, que é o cara responsável pelo calendário, para ele cuidar direitinho da sua atividade, da organização e tempo de organização das equipes. Tem atletas, tem pessoas, tem seres humanos que em menos de 72 horas vão estourar, vão estourar lesão, um joelho, um tornozelo. Prejudica todo um clube, prejudica uma campanha, prejudica o atleta individualmente. Cuidado com tua atividade. Faça as coisas corretas”, declarou Tite.
Relação time-torcida
“Agradecer o torcedor do apoio e aos atletas também para que aplaudissem eles. Porque, são situações bastante difíceis de organizar. Nunca tivemos falta de vontade. Quem não tem vontade é mau-caráter. Por vezes é uma equipe que está melhor, por vezes é superior, por vezes tecnicamente não está bem, por vezes está pressionada, não está coordenada. Existem outros adjetivos. Falta de vontade é de quem não quer trabalhar. Isso não. E a relação do torcedor, de carinho, de apoiar, claro, nós temos que compreender. Não é porque agora nós vencemos que vamos dizer que está tudo bom. Não. Tem situações que precisam ser melhoradas. É claro. Primeiro tempo tem que ajustar mais, porque deu muita posse. Um ajuste, uma marcação melhor podia ter sido feito no primeiro tempo. Não é porque venceu que está tudo certo. Senão fica ‘venceu, tem garra e honra o Manto’. Aí perdeu… Se tívessemos perdido contra o Athletico? A equipe jogou muito lá. Tem o jogo do desempenho e da efetividade”.